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Shoyo Hinata...

Não é peculiar a forma com que os dedos que me fazem sentir uma calmaria, e desperta um sentimento puro em meu peito também tem a mesma intensidade de me fazer queimar?
    
Não posso deixar de pensar nisso enquanto sinto seu abraço, o calor intenso que me dominava entre os beijos, se substitui pouco a pouco por uma ternura acalentadora de seu abraço. Posso sentir seus dedos me segurarem fortemente quase como se estiverem com medo de que eu partisse. Abro um leve sorriso e dou um beijo na pele exposta de seu pescoço.
- Se você fazer isso de novo eu vou te prender aqui hoje- rio baixo e me afasto de seu abraço, até que eu possa encarar o rosto do Kageyama, rosto esse que está vermelho... quase tão vívido quanto seus lábios.  
    
Levanto a sobrancelha com um sorriso.
- Isso deveria ser uma ameaça à se temer? - ele parece confuso quando assente, sua mão ainda pousada em minha cintura.
- Não foi?
- Nem um pouco - me mexo um pouco para frente, para que eu possa me aproximar de seu rosto, mas assim que o faço meu corpo colide com o seu inferior... engulo em seco e bruscamente pulo para o seu lado no sofá.
- Hã - o Kageyama desvia o olhar e arruma a roupa as pressas - Está com fome? - ele diz rapidamente sem nem ao menos esperar uma resposta ao se levantar e ir em direção a cozinha. Tão rapidamente quanto um vulto, mas mesmo assim em uma velocidade que eu pude notar as maçãs de seu rosto extremamente ruborizadas.
    
Rio tentando levar o choque e vergonha embora.
- Kageyama - grito por ele quando me levanto - Não estou com fome, eu comi faz pouco tempo- vou andando para a cozinha e o vejo parado encarando a pia- Ei - corro até o mesmo envolvendo seu corpo em meus braços.
- O que está fazendo? - ele vira de lado para me ver e quando seu olhar pousa no meu abro um sorriso.
- Nada. Só queria te abraçar- fecho os olhos e sinto o calor de suas costas no lado do meu rosto.
    
Alguns segundos depois a mão familiar para em meus ombros, quando o moreno se vira e me puxa para seus braços, minha cabeça ficando em seu peito. E no silêncio mortal do cômodo eu consigo ouvir seu coração cada vez mais rápido...
- Hinata... na próxima semana eu vou começar a procurar emprego a tarde... Mas se você aceitar, podemos sair na segunda? - olho para cima e ele me encara com a expressão neutra que estou habituado.
- Sair?
- Hm.
- Tipo... um encontro? - ele desvia o olhar e passa a encarar a porta da cozinha.
- Algo assim... - abro um largo sorriso. Ele é tão adorável.
- Kageyama - quando ele está se virando eu fico na ponta dos pés e rodeio um braço em seu nuca, trazendo seus lábios até os meus em um gesto não muito rápido, mas incrivelmente terno. Nos afastamos lentamente e quando abro os olhos as palavras saem quase que em um sussurro - Eu acho uma ótima ideia.
     
Nos encaramos por um tempo sem dizer nada, apenas compartilhando um sorriso leve e deixando que nossos pensamentos se conectem um no outro por pura vontade.
- Você... quer ficar aqui hoje?
- ah - me afasto saindo do calor de seu corpo - Acho melhor eu ir para casa.
- Claro... Mas eu posso te levar ao menos? - sorrio.
- Pode.

Tobio Kageyama...

Acabamos de sair da minha casa, coloquei apenas um moletom mais quentinho para sair, e nesse momento já estamos no fim da minha rua, andando lado a lado como sempre.
    
Olho para baixo e vejo sua mão, metade coberta pela manga da blusa que fica um pouco grande demais. Sorrio levemente para a cena. Engulo em seco.
     
Será que ele deixaria eu pegar em sua mão? Balanço a cabeça em negação. Que coisa mais idiota se eu quero pegar em sua mão... é apenas pegar.
    
Volto a olhar para baixo e lentamente aproximo minha mão...
- Acha que amanhã vai estar frio assim? - sua voz soa e rapidamente retraio a minha mão, desvio o olhar e dou de ombros, apertando meus dedos em minha própria roupa.
    
Você é patético Tobio Kageyama... ignoro meu próprio pensamento.
- Acho que talvez... depende.
- Tem razão. Sabe, não é que eu não goste do frio, mas parece que as batidas da bola ardem mais quando os dias estão gelados- assinto.
- Tenho o mesmo problema em relação a minha perna- ele olha para a mesma.
- Nesses dias se estiver muito ruim, você pode me ligar - rio.
- Para que?
- Sei lá, eu posso ir até você e ajudar de alguma forma.
- Vai fazer massagem em mim de novo? - pergunto em tom de brincadeira e olho para o alaranjado.
- Isso não é nenhum problema para mim- um sorriso se forma em seu rosto, aquecendo meu coração... desvio o olhar de seus lábios e paro no par profundo da tempestade castanha de seu olhar... parece brilhar mais do que a lua acima de mim. Não importa para onde eu olhe, se é sobre ele qualquer coisa faz meu peito se agitar.
    
Engulo em seco e para disfarçar junto minhas mãos e assopro a mesmas, enquanto atravessamos a rua.
- Seus dedos estão gelados?
- Ah... sim.
    
Sem dizer nada o Hinata pega a minha mão quando chegamos do outro lado da calçada. Seus dedos se entrelaçam nos meus tão facilmente, e com a outra mão ele puxa sua própria manga para que cubra parte dos meus dedos.
- Pronto, pelo menos essa vai ficar aquecida - ele sorri largamente me fazendo sorrir também.
    
Meu coração cai em um precipício sem volta para a realidade, incapaz de agir normalmente com o Hinata. Ele quebra muita dor dentro de mim e substituiu por carinho, cuidado... amor...
- Seus dedos são pequenos e... fofos- passo meu polegar em sua mão fazendo carinho.
    
Volto a prestar atenção no caminho e noto que em pouco tempo já vamos chegar em sua casa. Paro abruptamente fazendo o pequeno me encarar confuso.
- O que foi?
- Vamos dar a volta.
- Dar a volta? Por quê? - dou de ombros.
- Não quero te soltar agora - ele ri e aperta meus dedos nos seus, se aproximando de mim com um leve empurrão.
- Então vamos - nossos olhares se conectam e sorrio antes de voltarmos a andar.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora