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Yu Nishinoya...

O primeiro set terminou com a vítoria do Nekoma, por dois pontos, em contrapartida isso não abalou os ânimos das pessoas a minha volta, pelo contrário, parece ter dado uma animada maior ainda, a adrenalina de vencer o segundo explode em cada um de nós. A única pessoa que parece estar mais séria que o normal é o Tsukishima, mas não tenho tempo para focar nisso agora...
- Yu - a voz do Asahi soa e no momento que olho para minha esquerda, vejo a bola se aproximando como um meteorito, forte e em uma velocidade surpreendente, fazendo uma curva de poucos milímetros quando se aproximando da linha de fundo.
    
Sem pensar muito no que fazer, meu corpo já se joga para trás, os braços esticados, os dedos se apertam um no outro sobre um punho fechado, meu corpo desce como se estivesse deitado no ar, a respiração presa e no segundo seguinte a bola é lançada com precisão para as mãos do Asahi. Sorrio mesmo quando bato o joelho no chão, quase a dor não é sentida pois estou com proteção. Me levanto rapidamente retornando a concentração para o objeto que vai de um lado para o outro.
    
Quando o mesmo é mandado de volta, o corpo forte do moreno se suspende ao mesmo tempo que um bloqueio se ergue do outro lado, acompanho com os olhos fixados, seu braço direito em sua curva e o exato instante que seus dedos com uma força descomunal manda a bola, que atravessa o bloqueio como se o mesmo fosse feito de papel, logo o som da bola batendo no chão ecoa pelas paredes da quadra, e o som familiar do placar se faz presente. 

    
A medida que os minutos se passam, parece que as jogadas estão cada vez mais duras de ambos os lados, as mínimas brechas expostas são preenchidas com agilidade, principalmente após algumas substituições realizadas.
    
Sem contar os levantamentos realizados pelo Kenma, cada vez mais ousados apesar de não serem tão precisos, talvez pelo alto risco que carregam em si. Já por outro lado, o Sugawara está com uma concentração surpreendente, uma calma em suas ações que parece que tem apenas ele e mais ninguém em todo o espaço, isso fica mais evidente todas as vezes que a pessoa a pontuar é o Daichi, qualquer um que observa de longe pode ver as intermináveis conversas passadas pelo olhar um do outro, sem necessidade de que algo seja dito em voz alta, o silêncio molda a jogada.
     
Mesmo que a diferença na pontuação não seja gritante, tem um certo ar de autoconfiança no ambiente.

Shoyo Hinata...

Vejo a sombra passar pelos meus olhos, acompanho cada pequeno movimento de seu percurso que tem como destino as mãos do Sugawara, e quando abaixo meu olhar pousando assim nos olhos do acinzentado entendo que é minha vez de ir, nesse momento começo a correr em direção a rede, e noto o movimento do outro lado, o bloqueio prestes a se formar, quando chego na ponta esquerda flexiono os joelhos, e quando os corpos se erguem na minha frente um sorriso leve se forma no canto dos meus lábios, e ao invés de pular passo a correr até a ponta direita, a bola arremessada a curta distância está alta, dando assim tempo suficiente para que eu chegue.
    
Pulo e um largo sorriso toma meu rosto quando a jogo para o outro lado, vejo o Morisuke Yaku se movimentar, lento demais para a velocidade da bola que ultrapassa gritantemente a sua e no segundo seguinte bate no chão, a poucos milímetros da linha de fundo, e um novo passo é dado no placar, distanciando ainda mais a Karasuno do Nekoma.
    
Uma comemoração breve se segue e quando corro para minha posição correta novamente, meu olhar encontra o do Kageyama por uma fração de segundos, breve instante esse que me faz aquecer por dentro.

    
Sempre que entro em quadra me vem uma sensação de que não serei capaz de recuar, mesmo se assim quisesse, algo que grita que eu daria meu sangue e suor em cada partida, mesmo quando eu chegar ao fim da vida. E dessa vez esse sentimento não é diferente, estar colocando as coisas que aprendi nas últimas semanas em prática, apenas torna esse sentimento mais denso...
    
Além de que sei, que o Kageyama me observa a todo momento, mesmo que meus olhos não estejam nele, consigo senti-lo, apesar de meu estômago se revirar... não sinto que fico mais nervoso, creio que apenas me anima mais, como se fosse um novo motivo plausível que me motiva a me superar cada vez mais.
    
E no tempo que os sets correm, não penso em nada além do jogo, e o cansaço físico não existe em minha mente, é necessário bem mais que uma partida ou algumas horas em movimento para me levar ao limite.
    
Encaro o placar e vejo que não falta muito para vencermos esse set... um ponto.
   
A bola sai das mãos do Kuroo em um ataque violento, o Tsukishima consegue bloquear o mesmo, jogando a bola para o Sugawara... dois toques... 
      
Olho para os lados e vejo o Asahi e o Tanaka correndo em direção a rede, em um silêncio na troca de olhares dá para saber que a pessoa a atacar dessa vez será o Tanaka. E quando avanço junto com eles, saltamos ao mesmo tempo, o bloqueio enganado está impedindo o Asahi que por sua vez apresenta um sorriso leve no rosto, no exato momento que o Tanaka ataca, mandando a bola para o centro do lado adversário, e mesmo no desespero do líbero parar pegar a mesma não se mostra veloz o suficiente... Quando meus pés pousam ao chão sou abraçado pelo Sugawara, um calor domina meu corpo quando sou envolvido por seus  braços, um apito soa anunciando o fim do segundo set, e antes que o desempate ocorra temos um tempo de descanso o suficiente para retomar um pouco a energia de todos, que foi utilizada durante mais da metade da partida.

Do outro lado da rede *Kagehina*Onde histórias criam vida. Descubra agora