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Malu 🌙

Ao quase final da noite de domingo, estava eu sozinha em casa. Tinha passado o meu dia na praia com a Rafa, depois o Bernardo veio passar um tempinho com a gente e logo eles foram embora, me deixando com os meus pais, que como belos que são, decidiram ir jantar e eu não tava afim de ir, então fiquei quietinha assistindo filme na sala, até escutar alguém bater na porta, me fingi de surda enquanto assistia mas a pessoa parecia não querer sair dali, então eu fui atender. Quando abri, vi a cena mais bizarra que eu podia imaginar, Guga com flores que foram arrancadas do meu próprio jardim e sem blusa.

Malu: Tá maluco? Mandei meter a mão nas minhas flores? Te fode, moleque.- Indignei irritada, cruzando os braços.

Guga: Volta comigo, Maria Luiza.- Eu senti por fim seu bafo de bebida de longe, revirei os olhos e ele me encarava atento.

Malu: Minha casa não é cabaré.- Analisei bem ele, fui fechar a porta na sua cara mas respirei fundo, baixando minimamente a guarda.- Vai pra casa, Guga! Você não está totalmente lúcido e a polícia pode te pegar facilmente.

Guga: Vamos conversar.- Segurou no meu braço, sem força.

Malu: Você não tem a direito de querer me tirar de otaria, deveria ter pensando nisso antes de vim pra minha porta.- Me afastei.- Tenha uma boa noite.

Guga: Eu não vou embora.- Se sentou no canto e eu balancei a cabeça.

Malu: Eu vou dormir tranquila, se chamarem a polícia, problema é totalmente seu.- Fechei a porta, passando a chave e voltei pro sofá.

Voltei a assistir, mas tinha como negar? Minha mente tava nele, rezei pros meus pais não chegarem agora e fiquei tentando me concentrar, uma hora ele tinha que ir embora.

Passou uns cincos minutos, quando o Guga começou a tossir sem parar, mordi meu lábio inferior pausando o filme e gritei comigo mesma, que ódio!

Me levantei abrindo a porta de uma vez e me assustei, vendo ele vomitar enquanto tossia sem parar e me abaixei, a preocupação como ser humana já tinha tomado conta de mim.

Malu: O que você tem? - Ajudei ele a se ajeitar e tentar fazer ele parar de tossir, olhei pro rosto dele e vi os olhos vermelhos, antes estava bem mais vermelho.- O que tu usou?

Guga: Nada, pô.- Olhei pra ele que tossia e ainda tentava buscar ar.

Malu: Nem passando mal consegue ser sincero e conversar comigo.- Murmurei.- Bora, levanta.

Ajudei ele a sair dali e levei ele pro meu quarto, Guga parecia estar viajando bem longe daqui, tirei a roupa dele deixando só de cueca e jogando debaixo da água, ele meio que acordou, tomando um susto mas mal conseguia fica em pé.

Deixei ele um tempo no chuveiro e quando saiu, procurei alguma coisa dele aqui e achei as roupas que ele deixava aqui, vestir ele e deitei ele na cama vendo ele sorrir de canto, eu estava sentada do lado dele mexendo no celular falando com o Kaká quando senti sua mão gelada no meu rosto.

Guga: Quero te perder não.- Falou de olhos fechados com um sorrisinho.- Eu gosto de tu, Maria Luiza.

Malu: Eu também gosto de você.- Segurei a mão dele por cima.- Mas gosto muito mais de mim.

Tirei a mão dele de mim e o Kaká avisou que estava vindo, falei pra ele entrar que tava aberto e ele chegou uns minutos depois, Guga tava de olhos abertos olhando pro teto e o Kaká entrou no quarto olhando pra gente.

Kaká: Teus coroas chegaram.- Balancei a cabeça.- O que ele tem?

Malu: O que ele usou? Vomitou, não parava de tossir e ficou de falta de ar.

Kaká: Bebeu pra caralho, usou heroína.- Guga riu.- Tá viajando.

Malu: E o que a gente faz? Leva pra hospital, sei lá...

Kaká: Po, a gente num pode fazer nada, se levar pro hospital ele é preso, tem que cuidar dele só.- Me olhou.- Se ele mesmo na lombra conseguiu achar o caminho da tua casa, melhor ele ficar aqui ein.

Malu: Como se eu fosse conseguir dormir sem ver ele bem.- Cruzei os braços e Kaká sorriu.

Kaká: Tu gosta pra caralho dele ein.- Respirei fundo.

Malu: Só queria que as atitudes fossem diferentes, que ele demonstrasse o mesmo também.- Olhei pro Kaká.

Kaká: Gustavo ama você.- Olhei pra ele.- Num vou te falar mais nada, mas confia em mim tá ligado? Uma hora ele vai te falar, já conversei com ele sobre isso e não tô inventando história.

Malu: Amigo, e a Vivi? - Mudei de assunto.

Kaká: Tô chateado por um bagulho que ela fez, papo reto. Deixa passar uns dias que eu te chamo pra ajudar num bagulho aí, um agrado pra ela e pá.

Eu sorri e a gente conversou um pouco mais, porém ele foi embora me deixando com o Guga, nem sai do quarto pra não dá explicações aos meus pais e tomei banho, vesti minha roupa e ajeitei o Guga na cama.

Malu: Tá melhor? - Passei a mão no rosto dele, vendo ele abrir os olhos e me olhar, ele balançou a cabeça e eu sorri fraco.

Apaguei a luz me deitando de costas pra ele e ele ficou passando a mão no meu cabelo, me fez dormir fácil. No meio da noite, me assustei ao levantar com o Guga tossindo horrores, liguei logo a luz e peguei um pouco de água entregando pra ele.

Guga: Garganta tá ardendo pra caralho.- Falou buscando ar.

Peguei o remédio entregando a ele e fiquei sentada vendo ele se acalmar, ele levantou indo ao banheiro e eu vi que a lombra já tinha ido embora pelo menos, voltamos a nos deitar e dessa vez com ele me agarrando. Na manhã seguinte, quando acordei ele ainda dormia tranquilo, me arrumei pro trabalho e desci, peguei carona com minha mãe e no caminho fui explicando a ela, mas ela tava estranha e falava que queria conversar comigo sobre o meu namoro, apenas disse que mais tarde a gente conversa e fui tentar trabalhar bem.

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