Malu 🌙
Se passou uma semana e eu fiquei sabendo que o Guga ia ser transferido hoje, eu estava continuando minha vida normalmente, trabalhando mais a cada dia, hoje era sexta feira e meu pai me chamou pra jantar fora com ele e a Cássia, claro que eu gostei da ideia. Sai do meu trabalho, me arrumei em casa e esperei ele, fomos juntos até o restaurante e tivemos uma ótima noite. Eu já tinha conhecido a Cássia e achava ela uma mulher super legal, com ótimos objetivos de vida e que faria bem ao meu pai! Quando voltamos pra casa, eram quase uma da manhã, tinha uma caixa na porta da nossa casa e eu estranhei, desci primeiro enquanto meu pai parou o carro descendo depois, quando eu vi não pude acreditar.
Era um bebê, uma criança dentro de uma caixa no chão, sem um cobertor ou nada do tipo, a criança estava enrolada em uma blusa velha suja de sangue e meu coração apertou, ele estava se mexendo mas não chorava, o que me preocupou.
Malu: É o seu filho.- Sussurrei pro meu pai.- Mayara disse que me daria ele, mas não imaginei que assim.
Rodrigo: Vamos pro hospital agora.- Falou nervoso e eu aconcheguei o bebê em meu peito, voltando pro carro.- Será que faz muito tempo que ele tá aí?
Malu: Espero que não, ele não tá chorando pai, ele é um recém nascido, é isso que os bebês fazem, chorar.- Meu pai me olhou de lado e ele só mexia os braços.
Tirei meu casaco enrolando nele por hoje ser um dia de frio, eu comecei a chorar olhando pra ele e perguntando como possível tamanha maldade. Chegamos no hospital pediátrico e eu fui entrando, falei com alguns conhecidos meus e ele foi levado com urgência, passou em média de uma hora quando o médico veio avisar que tava tudo bem, que ele provavelmente tinha nascido há pouco tempo que a gente encontrou ele e se torna normal ele não chorar tanto assim, mas quando entramos no quarto, ele tava chorando o que me fez sorrir.
Rodrigo: Como é possível aquela mulher fazer isso? Passei anos com ela e nunca imaginei.- Falou ao meu lado olhando pro bebê.
Malu: Ele só tem uma irmã babona e um pai do caralho agora.- Beijei a mão do meu pai.
Rodrigo: Rafael, o que você acha? - Eu sorri balançando a cabeça.
Malu: Lindo nome do nosso arcanjo.- Falei toda boba.
Rodrigo: Vou resolver tudo com o médico, fica aí.- Balancei a cabeça me aproximando do Rafael e sorri, agora ele já usava uma roupinha branca que o hospital forneceu, estava limpo e cheiroso.
Malu: Eu vou da minha vida por você, gatinho.- Sussurrei pegando em sua mão.- Eu, você e o papai...- Balancei a mão pequena dele sorrindo.- E o seu titio Guga, mas só as vezes que eu tenho ciúmes de você agora.
Ele me olhou e eu sorri largamente sentindo a lágrima descer, fiquei analisando cada traço dele até a enfermeira chegar, ela me perguntou algumas coisas sobre ele e sobre a mãe, não dei muitos detalhes ao dizer que ele foi abandonado mas contei o necessário. Ele me ensinou muitas coisas, sobre banho, como cuidar e entre outros, me falou sobre o estoque de leite de mama, que ele precisava pelo menos no primeiro mês, combinei e acertei tudo com ela junto ao meu pai e quando a gente saiu do hospital o dia tava quase amanhecendo. Meu pai tava bobo, eu mais ainda, eu nem consegui dormir ao chegar em casa, tava doida pra compartilhar minha felicidade com o Guga mas no momento era impossível. Quando deu sete da manhã, me levantei da cama que estava nós três e meu pai me perguntou pra onde eu iria.
Falei que tinha muita coisa pra comprar pro bebê e ele concordou, a gente sentou fazendo lista muito animados e eu saí pras compras, enquanto meu pai ficou de procurar uma babá logo de agora, porque ambos trabalhavam, mas mesmo assim, meu tempo todo a partir de hoje iria ser dedicado ao meu irmão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob Pressão
Ficção AdolescenteTrês histórias, três vidas e três pessoas diferentes. Como esses mundos se encontram? O que elas têm em comum, ou melhor, quem eles têm em comum? Talvez tenha sido só mais um acaso, ou talvez já estava tudo planejado. A pressão de ter que escolher...