Machucada

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Karol desceu para a garagem do prédio correndo, entrou no carro e saiu o mais rápido que pode pra pegar a estrada para Navarro. No trajeto ela repetia pra si mesma que precisava se manter calma, a diretora não esclareceu o que aconteceu, apenas a informou que Lorenza havia se machucado e que ela precisava ir para a escola urgente.
Em 28 minutos Karol chegou a escola primaria de Navarro, estacionou o carro e saiu correndo para dentro da escola, ao entrar no salão principal uma funcionária a reconheceu e a levou diretamente para a enfermaria, ao chegar na porta do espaço escutou Lorenza chorando muito, com soluços, tosses e pedia por ela. Karol entrou feito um raio no local, a diretora ao vê-la iria dizer algo mais Karol foi ríspida e perguntou objetivamente:
- O que foi que aconteceu e eu quero todos os detalhes!?
- O Heitor colocou o pé na frente dela e ela caiu durante a aula de educação física. - explicou a professora.
- Heitor é o menino que vinha fazendo bullying com ela não é?? - seguiu Karol alterada.
- Sim senhora, mas ja o desliguei da escola! - respondeu Dora a diretora.
- Agora você expulsou ele não é Dora, que ótimo!
- Mamiiiiii!!! - chamou Lorenza que estava sentada mais a frente sendo atendida por uma enfermeira.
Karol passou pela professora, pela diretora, pela auxiliar de sala e mais alguns funcionários que tampavam sua visão e viu Lorenza, ela estava toda ralada, no queixo, nariz, canto da cabeça esquerdo, mãos antebraços e a julgar pelos rasgos nas roupas, joelhos e quadril também deveriam estar afetados. A enfermeira tentava estancar o sangue com compressas, mas tudo que Lorenza queria era sua mãe. Karol tentou conter o próprio choro, se abaixou em frente a cadeira em que sua filha estava sentada, a menina imediatamente a abraçou em prantos.
- Mamãe ta aqui, mamãe ta aqui... - repetia Karol tentando conter o desepero.
- Senhora Pasquarelli... - chamou a professora.
- Eu não quero conversa com ninguém, eu só vou levar ela pra casa! - brandou Karol se levantando e pegando Lorenza no colo.
- Por favor senhora... - começou Dora.
- Não quero conversa Dora! - respondeu Karol.
Karol saiu com Lorenza aos prantos em seus braços, a levou pro carro e sob muito choro de dor da menina ela conseguiu coloca-la na cadeirinha e entrar no carro posteriormente para ir pra casa. No trajeto Lorenza chorava dizendo que doía, Karol a repetia que ja iriam chegar em casa e que la ficaria tudo bem.
Em casa, Karol conseguiu tirar Lorenza do carro abaixo de choro e grito, entrou com ela na cozinha e devido a menina repetir muitas vezes "dor", Karol a colocou sentada na península e ficou abraçada com ela.
- Calma, calma pequena, ja vai passar, estamos em casa agora, ninguém mais vai te fazer mal. - disse Karol suavemente.
- Doi mami... - disse chorando Lorenza.
- Mamãe sabe, mas calma, respira, mamãe esta aqui, aqui com você. - seguiu Karol encostando a testa na de Lorenza.
- Mamãe.... - seguia chorando Lorenza.
- Shh... shhhh... vai ficar tudo bem. - tentava ficar calma Karol para passar calma para a filha.
- Mami... - disse Lorenza seguido de soluços, começando a se acalmar.
- Shhh... vamos subir, tirar essa roupa, tomar um banho, depois vou passar pomada e dar beijinhos pra sarar tudo isso ta bom. - dirigiu Karol.
Lorenza assentiu com a cabeça, Karol a pegou no colo novamente e começou a subir as escadas, no caminho Lorenza disse:
- Mami - soluça - o san!
- Esta tudo bem, ele esta quietinho e protegido, agora a mamãe vai cuidar de você. - disse Karol.
- Eu - soluça - queria - soluça - o papai também... - exteriorizou Lorenza.
Karol apenas afagou as costas da menina enquanto subia as escadas, mas em sua mente ela respondeu "eu também queria...". Ela levou Lorenza diretamente no banheiro, a colocou sentada em um banquinho dentro do box, com muito cuidado tirou a camiseta da menina que estava toda machada de sangue, depois foi tirar as calças e Lorenza urrou de dor, Karol tentou ser o mais delicada possível, optou por tirar primeiro os tênis e as meias, revelando que o pé direito estava muito inchado, voltou a puxar as calças e assim que conseguiu tira-las, encontrou além um dos joelhos esfolado, um deles completamente inchado e começando a ficar roxo e mais alguns esfolados e roxos no quadril, a queda havia sido muito séria. Karol tratou de deixar a temperatura da água morna, com cautela foi lavando cada parte do corpo de Lorenza, incluindo o cabelo, mesmo sob gemidos e choramingos de dor da menina. Após o banho, Karol a enxugou, colocou a roupa de baixo e uma camiseta folgada e passou a tratar dos machucados com pomada e cicatrizantes, bem como ministrou remédios para dor, no entanto Lorenza seguia chorando baixinho. Com os machucados todos enfaixados ou com curativos, Karol resolveu colocar uma calça em Lorenza pois ela apresentava um pouco de febre, mas ao faze-lo ela rotacionou o joelho da menina lhe gerando tanta dor que a pequena começou a chorar compulsivamente. Karol tentou acalma-la novamente a pegando no colo, mas a dor da criança era quase descomunal, Karol precisava ser forte, ainda que por dentro estivesse despedaçada e se sentindo impotente, ainda que estivesse fazendo o possível para amenizar a dor da filha. Ela achou melhor irem para seu quarto e la colocar algum desenho no notebook para ver se Lorenza se distraia, o que funcionou, a ela se distraiu um pouco da dor e aos poucos foi pegando no sono. Com Lolo dormindo, Karol foi tomar um banho, se sentido péssima e até mesmo um pouco falha como mãe. Terminado seu banho, ela se vestiu e se juntou a filha para descansar do pesadelo vivido.
Cerca de 2 horas mais tarde Lorenza acordou chorando novamente e com muita dor, indicando que o remédio ja havia perdido efeito.
- Doi Mami, doi - repetia chorando Lorenza.
Karol a puxou pro seu colo, mas nada acalmava a menina, ela resolveu embalar Lorenza em pé, mas não adiantou, até a pequena pedir chorando e insistentemente:
- Tete do miau, tete do miau Mami.
Karol desceu as escadas com Lorenza no colo chorando, foi até a cozinha e preparou a mistura de leite no copo com tampa para a menina. Lorenza não era pesada, mas Karol estava começando a sentir as costas, por isso e com o leite pronto foi até a sala de teve, colocou o copo na mesinha e deitou Lorenza que ainda chorava no sofá com cuidado, antes de lhe dar o leite, optou por dar mais uma dose do remédio para aliviar a dor, somente após isso pegou o copo de leite na mesinha, sentou ao lado da cabeça da filha a puxou para seu colo novamente a levando o bico do copo até sua boca, a menina passou a beber o leite olhando para sua mãe, que com o olhar e toques de carinho tentava transmitir segurança e calma, para que ela se sentisse mais tranquila apesar dos machucados. Como geralmente acontecia desde bebê Lorenza entrou em sono profundo depois de tomar o leite, Karol a arrumou colocando uma almofada em seu lugar para que ela pudesse ir ao banheiro e Lolo ficasse confortável. Depois de ir por sua necessidade, Karol foi até a cozinha comer algo, porque estava com muita fome e havia um bebe se mexendo bastante provavelmente com fome também. Ela montou uma bela tigela de cereal, com frutas, castanhas, aveia e bastante leite, comeu como se fosse uma iguaria culinária, ainda que pra ela fosse realmente, lavou a tigela, a secou e guardou, se apoiou na mesa e respirou fundo tentando administrar todos os sentimentos que estava sentindo. Ela retornou a sala de teve, Lorenza seguia dormindo profundamente, parecia mais serena, Karol se sentou ao lado dela, ligou a teve bem baixinho e ficou sentindo seu bebê e por vezes conversou com ele.
- Estou preocupada com sua irmã e com você também, estou morrendo de saudades do seu pai - o bebe mexe visível - ...você está sentindo tudo isso também não é... hunf... - olha para Lorenza - Ela vai ficar bem, eu sei que vai, mas agora eu não consigo deixar de estar preocupada... - exteriorizou Karol sussurrando para o bebê.
Ela passou a fazer cafuné em Lorenza e carinho suavemente na barriga. Minutos mais tarde seu celular começou a tocar, ela correu para atender para não acordar Lorenza, era Rugge solicitando chamada de vídeo.

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora