Sentida

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- Vai dizer a verdade pra ela amor, eu sei que ela vai ficar chateada, mas é o jeito. - respondeu Rugge.
- Ela vai ficar muito sentida... - começou Antonella.
- E eu não sei, porque eles não avisaram antes! - interrompeu Karol.
- Realmente poderiam ter avisado com mais antecedência. - completou Antonella.
- Nós organizamos as nossas agendas pra sempre estarmos com ela, sempre estarmos presentes, - fica com a voz embargada - não creio! - disse Karol.
- Hei se acalma, nem tudo da certo as vezes e tudo bem, vamos deixar pra ver isso em casa, agora ela está feliz que deu tudo certo na peça e está com os coleguinhas aqui Ka. - disse Rugge em tom calmo.
Karol não disse nada apenas o abraçou, Antonella os observava orgulhosa, de ver o quanto eles haviam amadurecido e sempre apoiavam um ao outro.
Quando Lorenza voltou a mesa para tomar água, Rugge a perguntou:
- Princesa vamos pra casa?
- Já? - questionou Lorenza
- Sim filha, já está tarde eu e a mamãe temos que trabalhar amanhã. - respondeu Rugge.
- Tá bom - faz bico - vou me despedir das meninas já volto. - respondeu Lorenza meio contrariada.
Rugge pagou a conta, ele, Karol e sua mãe se levantaram da mesa, Karol foi buscar Lorenza enquanto sua sogra acompanhou Rugge para buscar o carro. No playground do restaurante Lorenza estava abraçando uma amiga quando viu Karol a esperando, ela disse tchau a todas e foi junto a sua mãe.
- Pronto, podemos ir? - perguntou Karol
- Sim Mami! - respondeu Lorenza acompanhando sua mãe até a saida.
Já em casa, Antonella resolveu passar um café, Rugge ficou de companhia a ela, enquanto Karol foi com Lorenza até a sala.
- Vamos mami, hoje quero que você me continue me contando a história sua com o papai...- começou Lorenza puxando Karol rumo a escada.
Karol a segurou e disse:
- Lolo, precisamos conversar, senta aqui comigo um pouquinho.
Elas sentaram no sofá, Karol fez carinho em Lorenza a olhando, tomou fôlego e disse:
- Amanhã a mamãe vai viajar minha pequena, é o ultimo show do ano e eu ... só volto na sexta de manhã...
Lorenza arregalou os olhos, contraiu os lábios e disse:
- Mas ... Mas quinta a noite é a apresentação de encerramento do Ballet, eu ... eu tenho ensaiado muito...
- Eu sei, eu sei, a mamãe fez a agenda em função das suas apresentações, mas acontece que essa do Ballet era pra ser sexta a noite, mas mudaram muito em cima da hora pra quinta filha...- explicou Karol.
- Mas ... - os olhos enchem de lagrimas - você não vai me ver então? - perguntou Lorenza
- Eu não vou poder estar, mas o papai e a nonita vão, vão filmar e eu vou ver depois junto com você. - respondeu Karol o mais doce possível.
- Você não pode adiar o show? - questionou Lorenza com as lágrimas começando a escorrer.
- Não meu amor, a mamãe não pode, você sabe que envolve muitas coisas, e tem muita gente que se organizou a muito tempo pra ir ver a mamãe cantar. - respondeu Karol de coração apertado.
- Eu ensaiei muito pra você me ver, eu queria você lá - chora - Não é justo, você já fica o ano todo revezando com papai, eu fico com vocês dois poucas vezes...- diz Lorenza levando as mãos nos olhos.
- Filha... - Karol tenta dizer algo enquanto vai abraçar Lorenza.
Lorenza se esquiva do abraço, levanta e fala alto:
- Não, não quero abraço, eu quero você aqui, indo me assistir!!
Lorenza saiu correndo, subindo as escadas chorando, Karol ficou sentada olhando para a escada, escutou a filha bater a porta do quarto e deu um pulo, seus olhos encontraram os de Rugge que estava encostado no batente da porta da cozinha a observando, ela o disse:
- Você viu?
- Vi...- respondeu ele indo se sentar ao lado dela.
- Eu sou uma péssima mãe... - começou Karol
- Você sabe que não é verdade...- disse Rugge segurando as mãos dela.
- Eu não quero viajar com ela chateada comigo...- continuou Karol.
- Amanhã vai ser diferente amor, ela vai entender que a culpa não é sua, que você fez o possível, mas as coisas nem sempre são como queremos. Você vai ver sexta a noite vamos estar na cama os 3 juntos assistindo o video da apresentação e ela nem vai mais se lembrar que você não pode estar. - disse Rugge calma e amorosamente.
Antonella foi se juntar a eles e perguntou:
- Lolo ficou sentida não foi?
- Ela ficou brava isso sim, subiu e bateu a porta do quarto... - respondeu Karol segurando as mãos de Rugge firme.
Antonella contraiu os lábios, tentando achar palavras para confortar Karol, Rugge se levantou soltando as mãos de Karol, lhe deu um beijo na testa demorado com os olhos fechados e fazendo carinho em uma das bochechas dela disse:
- Eu vou falar com ela.
Rugge foi em direção às escadas subindo-às e Antonella se sentou no sofá ao lado de Karol lhe dizendo:
- Eu sei como se sente, mas tudo que tenho para dizer é que vai passar, sei que te da impotência porque queria poder resolver, mas algumas soluções são apenas passar o tempo... Me sinto um pouco culpada pois eu vi a agenda e me esqueci de avisar.
- Não Nella, não se culpe, você já faz muito, está deixando de viver com seu marido e com o Léo, para viver aqui e nos ajudar a cuidar da Lolo, não se culpe, eu é que deveria estar mais atenta, mas é como você disse, algumas coisas só o tempo pode resolver, não adianta chorar por algo que não pode ser mudado, mas sim passado. - disse Karol
- Essa é a Karol que gosto de ver, segura e sem se dar por vencida! - exclamou Antonella.
Karol suspirou, se levantou e disse:
- Bom o jeito é subir, tomar um banho e tentar dormir...
- Já fez sua maleta? - perguntou Antonella também levantando.
- Ah! Me esqueci completamente, cabeça a minha! - respondeu Karol
- Vamos eu te ajudo - disse Antonella indo em direção a escada com Karol logo atrás.
Ao passarem pelo corredor, a porta de Lorenza estava aberta, Rugge estava com a filha no colo abraçada a ele sentado na caminha, ela ainda chorava um pouco, Karol olhou pra ele, que com um acenar de cabeça e com os olhar a disse que ficaria tudo bem, Karol balbuciou a ele que dissesse a Lolo que ela a amava, por fim seguiu para seu quarto junto a sua sogra para arrumar a maleta para viagem do dia seguinte.
Mais tarde, Karol estava na cama em baixo da cobertas, lendo um livro, quando Rugge finalmente entrou no quarto, ela logo o perguntou:
- Ela conseguiu dormir?
- Depois de 4 histórias, sim! - respondeu ele contornando a cama.
- hunf ... - suspirou - Ela ainda está brava não é? - perguntou Karol
- Eu não diria brava, chateada é o termo certo, mesmo assim ainda pediu por você várias vezes antes de pegar no sono, eu disse que você a amava e ela disse que te ama muito - respira - Amor ela entende o que aconteceu, ela não está triste com você e sim com a situação, o que só demonstra o quanto ela cresceu. - respondeu Rugge calmamente.
Ele sentou na cama, se cobriu, virou para Karol, tirou o livro de suas mãos o colocando sobre a cabeceira, fez o mesmo com os óculos dela, colocou a mão na lateral inferior do rosto dela a olhando profundamente, com o dedão acarinhava os lábios dela suavemente, depois se aproximou lhe dando um beijo delicado e lhe disse:
- Dois dias que vão ser uma eternidade sem você aqui.
- Nem me fale, por sorte existe a tecnologia e podemos nos ver e nos falar. - disse Karol.
O sono estava implacável, aos poucos eles foram escorregando até se deitarem completamente, como de costume um sempre ficava abraçado ao outro até dormirem profundamente.
Pela manhã o alarme soou, Rugge o desligou ainda meio sonolento, percebeu que Karol ainda estava dormindo então se aproximou e dando beijinhos do ombro ao pescoço dela ele disse:
- Moglito o alarme já despertou.
Ela se virou devagar o observou com os olhos semicerrados o abraçou firme e disse:
- Mais 5 minutinhos.
- Tá bom, mas é 5 mesmo tá! Porque se não vamos ter que tomar café no carro. - disse ele.
- Shhh fica quietinho fica. - retornou ela.
O que eram pra ser 5 minutos se tornaram 15, os dois pularam da cama, se arrumaram e saíram corredor a fora, Karol não pode deixar de ir olhar Lorenza dormindo, ela não resistiu e acabou entrando no quarto da filha, Rugge então falou sussurrando:
- Amor o que você tá fazendo a gente vai chegar atrasado e ela vai acabar acordando.
- Shhh - retrucou Karol.
Ela andou até a caminha abriu um lado da cortina do dossel com cuidado, fez carinho no cabelo da filha e lhe deu um beijinho, por sorte Lorenza não acordou, mas Rugge puxou Karol para descerem logo.
No andar inferior na cozinha, eles deram bom dia a Antonella que os disse:
- Estão atrasados, deixei frutas cortadas pra vocês irem comendo no carro.
Karol pegou o pote com a frutas deu um beijo na bochecha de sua sogra dizendo:
- Você não existe Nella!
- Tenha um bom dia Mamma. - disse Rugge.
Os dois saíram correndo até o carro, colocaram os cintos e partiram rumo a empresa beliscando as frutas no caminho.
Chegaram a produtora rápido apesar do trânsito na estrada, o prédio tinha 10 andares, era de arquitetura imponente, de vidros espelhados, bem no topo havia o letreiro em vermelho e branco escrito "KRP international", era uma empresa forte no seguimento musical e de produção de shows a nível internacional, era a antiga RGB que foi assumida por Karol e Rugge, mas mantiveram a mesma equipe original para a administração, porém como Karol foi se integrando de tudo com o passar o tempo acabou se tornando a Presidente da empresa com Amélia como parceira do trabalho. Rugge também ajuda nas tomadas de decisões, mas prefere ficar na parte de produção e estúdio junto com Alvarenga o esposo de Amélia. Contudo, quando Karol ou Rugge fazem shows porque ambos seguiram com suas carreiras plenamente, gostam de manter a equipe da época da RGB, porque sempre funciona muito bem.
Rugge estacionou o carro na garagem, os dois desceram e foram rumo ao elevador de mãos dadas, ao entrarem cada um pressionou o botão de seu respectivo andar de trabalho, enquanto o elevador subia, os dois se olhavam, trocavam sorrisos, ele tocou o nariz dela e quando estavam quase chegando ao andar dele, ele disse:
- Te vejo - selinho - as 12 - selinho - no saguão - selinho.
- Te amo - disse ela.
- Eu sempre mais - disse ele piscando e saindo do elevador que havia chego no sexto andar.
Ele ficou olhando ela sorrindo até a porta do elevador fechar totalmente, riu para si mesmo e foi rumo sua sala, dando bom dia a todos.
No último andar a porta do elevador se abre, Karol segue, atravessando o hall da sala da presidência, igual a Rugge dando bom dia a todos os funcionários se juntando a Amélia e indo para sua sala.
O dia mais uma vez passou voando, tanto que o intervalo do almoço pareceu ter 20 min e não 1 hora, próximo das 17:00 Karol desceu até o sexto andar, foi até a sala de Rugge mas ele não estava, ela encontrou Alvarenga no corredor que a informou que Rugge estava na sala de percussão, ela foi direto para lá. Pelo vidro da divisória da sala ela o viu, explicando a Josnan como queria a batida da bateria, Josnan a viu primeiro e a apontou fazendo Rugge olhar pra ela e sorrir, ela o retribuiu mas depois o mostrou as horas, ele disse a Josnan que terminaram no dia seguinte e saiu da sala a encontrando lhe dando um beijo seguido de um abraço e levantando ela a levando até o elevador.
- Você quase esqueceu não é? - perguntou Karol depois que ele a colocou no chão dentro do elevador.
- Não esqueci não, só fiquei entretido no trabalho. - disse ele lhe dando beijinhos na bochecha.
Desceram até o estacionamento, entraram no carro e saíram, no portão encontraram Alvarenga que disse:
- Karol as 19:00 o Carlos vai buscar você, não se atrase porque o horário pro vôo está apertado, nos vemos no aeroporto.
- Vou estar pronta, até mais tarde. - confirmou e se despediu Karol.
Dali partiram diretamente para Navarro. Em casa Karol terminou de arrumar suas coisas, a bagagem de mão e por fim trocou de roupa, Rugge a observava o tempo todo sem dizer nada, quando viu que já estava tudo certo a perguntou:
- Pronta?
- Sim! - respondeu ela pegando a bagagem de mão.
Rugge pegou a maleta foi para o corredor descendo as escadas com Karol logo atrás. Ele deixou a maleta e a bagagem de mão na garagem, Karol estava preocupada porque ainda não havia visto Lorenza, então perguntou a sua sogra que estava arrumando as roupas passadas sobre a península:
- Nella cadê a Lolo?
- Está no balanço no jardim, aliás ela brincou muito do lado de fora hoje, fizemos até um pique nique no almoço. - respondeu Antonella.
- Que bom que você está aqui Nella! - disse Karol
- Ainda que sinta falta de casa Mamma! - disse Rugge retornando a cozinha.
- Eu sinto falta de mia Itália Bella, mas gosto de estar aqui com vocês com mia nipote! - concluiu Antonella.
Rugge sentiu Karol apreensiva olhando pela janela e a perguntou:
- Que foi Ka?
- Ela está lá sentadinha, ainda chateada, quero ir lá abraça-la ... - começou Karol
- E porque não vai amor? - seguiu ele.
- Porque já está quase na hora do Carlos chegar e... - buzina do lado de fora - inclusive ele acabou de chegar. - respondeu Karol.
Eles saíram para a garagem, Antonella abriu o portão para que Carlos entrasse, ao entrar ele fez a volta parando de frente para a rua, desceu do carro cumprimentou a todos e colocou as bagagens no porta malas. Karol se despediu de Antonella, quando foi se despedir de Rugge, Lorenza veio correndo e a abraçou, Karol se abaixou para abraça- la mais forte.
- Mami - chora - Vou sentir sua falta, v-volta logo! - soluça - Eu te amo muito! - disse Lorenza.
- Eu também te amo muito minha pequena, estarei de volta rapidinho! Tenho certeza de que você vai se sair bem amanhã, sexta veremos juntas o vídeo, combinado? - perguntou Karol.
- Sim Má! Sei que você vai fazer um show incrível! - respondeu Lorenza.
- Se cuida minha pequena e cuida do papai pra mim! - disse Karol a abraçando mais uma vez.
- Karol precisamos ir. - alertou Carlos.
Ela soltou de Lorenza, se levantou, os disse para se cuidarem entrou no carro fechou a porta, Carlos deu partida começou a andar, mas parou novamente quase perto do portão, Karol desceu correndo, indo direto a Rugge o abraçando e o beijando fortemente.
- Te amo! - ela disse o soltando.
- Eu mais, me liga quando chegar no hotel! - disse ele.
- Ligo! - vai voltando pro carro olhando pra eles - Eu amo vocês demais! - disse Karol entrando no carro que seguiu pelo portão.
Eles acenaram, Rugge pegou Lorenza no colo e foi correndo até o portão.
- Figlio! - exclamou Antonella.
- Não feche o portão ainda Mamma. - pediu Rugge.
Ele e Lorenza ainda no colo ficaram observando o carro seguindo pela rua, no carro Carlos ao notar-los pelo espelho reduz a velocidade e avisa Karol, que abre a janela colocando a cabeça para fora e acenou em despedida a eles que retribuida, até se perderem de vista. Karol voltou a sentar e a colocar o cinto, ficou pensativa, até que Carlos lhe disse:
- Difícil deixar a família não é?
- Sempre, mas a certeza da volta é o meu motor! - respondeu Karol.
- Você sempre forte! - disse Carlos.
- Como assim? - questionou Karol curiosa.
- Há anos faço esse trajeto, de vir buscar você ou o Rugge pelo menos uma vez por semana e você sempre fica firme, Rugge não. - respondeu Karol.
- Como que não Carlos? - Retornou Karol
- Muitas vezes olho pelo espelho e o vejo com a cabeça encostada com lágrimas escorrendo pelo rosto, as vezes ele chora bastante até chegar no aeroporto. - contou Carlos.
- Hunf... não acredito. - ela disse incrédula.
- As vezes ele me diz que é muito difícil de ficar longe de você e da Lorenza, que vocês são o que ele tem de mais importante e que as vezes ele se sente um pouco ausente demais o lembrando ... como é o nome... Matt... Matteo, que só queria saber da sua música.
- Matteo foi um personagem que ele interpretou, que justamente passou por cima de tudo até do amor que sentia pra gravar seu disco... - esclareceu Karol, ainda digerindo o que Carlos lhe contou.
Chegando ao aeroporto Karol encontrou com Alvarenga e o resto da equipe, 2 horas depois já estavam em pleno vôo.

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora