Execesso de Obra

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- Como assim não esta bem? - questionou Rugge.
- Eu entrei pra me vestir como você falou, ai fui atrás dela e a achei na sala de tv pá... começou a explicar Lorenza.
Em um rompante Rugge desviou de Lolo e correu para a sala de tv, lá encontrou Karol enrolada em uma coberta encolhida abraçada as pernas com expressão de dor, ele se sentou ao lado dela lhe perguntando:
- O que ta acontecendo Ka?
- É aquela dor de novo... - respondeu ela meio sem ar.
- Cólica? - retornou ele.
Ela confirmou gestualmente com a cabeça.
- Vou fazer uma bolsa de água quente e um chá de camomila pra você, ja volto. - informou Rugge se levantando e indo rumo a cozinha.
Na cozinha Lorenza ao ver o pai voltando lhe perguntou?
- O que a mamãe tem?
- Ela ta com dor filha, coisa de...menina, mais pra frente você vai entender o que é isso. - respondeu Rugge procurando a bolsa de água quente na gaveta.
- Ela esta com cólica não é? - retornou Lorenza.
- Como sabe? - perguntou Rugge surpreso.
- Minha profe tem isso as vezes. - contou Lorenza.
- Ah... - entendeu Rugge.
Finalmente ele achou a bolsa de água quente, colocou a chaleira pra ferver e preparou a xícara para o chá.
- O que ta fazendo pá? - perguntou Lorenza.
- Preciso aquecer a sua mãe pra ajudar a aliviar o desconforto filha. - respondeu ele.
Assim que ferveu água, ele encheu a bolsa e fez o chá, antes de tirar o saquinho pediu a Lorenza:
- Filha pega um pano de prato daqueles grandes pro papai?
- Sim pá. - atendeu Lorenza pegando o pano na gaveta.
Levando o pano para ele, ela o perguntou:
- Porque precisa do pano Pá?
- Pra enrolar a bolsa de água quente pra não queimar sua mãe. - respondeu Rugge.
Com tudo pronto, ele voltou a sala de tv com a xicara e a bolsa de água quente com Lorenza logo atrás.
Deixou a xicara na mesinha em frente, e com cuidado ajudou a Karol colocar a bolsa de água sobre o ventre, que em seguida voltou a se encolher, Lorenza foi pegar a xícara para ajudar, mas saiu correndo, voltou rapido com um canudo, se sentou entre seus pais e levou o canudo ate a boca de sua mãe assoprando o líquido para esfriar.
Depois de Karol tomar todo o chá sendo cuidada pela filha e por Rugge, ela relaxou um pouquinho devido o calor da bebida e da bolsa de água quente, porém ja havia passado da hora de Lorenza ir dormir, o que fez Rugge dizer baixinho:
- Vou levar essa mocinha pŕa dormir ja volto ta.
Karol assentiu com a cabeça e ele foi com Lorenza para o andar superior. No quarto Lorenza deitou se acomodando juntamente com seu famigerado senhor coelho, Rugge se aproximou a cobrindo e antes que ela lhe pedisse uma história ele constatou:
- Acho que esta na hora de você ter uma cama normal Lolo.
- Como uma cama normal pá? - indagou Lorenza.
- Como a minha e a da mamãe só que pro seu tamanho. - respondeu ele.
- Mas vai ter que tirar a casinha? - retornou Lorenza.
- Não filha, podemos colocar a casinha montessora pro outro lado e aqui colocamos uma cama... quem sabe uma cama de dossel. - respondeu Rugge pensativo.
- De dossel? - boceja - O que é dossel? - seguiu Lorenza.
- É como aquelas camas de princesa, com cortinas em volta. - explicou Rugge.
- Parece legal... - disse Lorenza meio sonolenta.
- Ta com sono né. - disse Rugge.
Lorenza apenas balançou a cabeça em acordo, já com os olhos bem cerrados, seu pai lhe deu um beijo na testa e antes que ele se levantasse ela o pediu:
- Cuida da mamãe pá.
- Cuido sim baguncerinha... Boa noite. - disse Rugge.
- Buona note papá... - retribuiu Lorenza fechando os olhos e caindo no sono.
Rugge se levantou, acendeu o abajur e deu uma última olhada na filha antes de sair do quarto deixando a porta entreaberta. Dali retornou a sala de tv no andar de baixo, Karol estava exatamente igual, porém com a feição mais tranquila, ele se sentou a lado dela lhe fazendo carinho nas costas e lhe sugeriu:
- Vamos subir devagar?
Ao invés de responder ela olhou fixo pra ele, seu rosto foi ganhando expressão de choro, estranhando a reação ele quis perguntar o que estava havendo, mas ela ao fechar os olhos deixou lágrimas escorrerem pelo rosto o deixando mais preocupado do que já estava.
- O que esta havendo, esta com tanta dor assim? Podemos ir no hospital... - começou ele.
- Não... a dor esta mais amena... é que... você sempre cuida de mim... - desatou a chorar Karol.
Ele a puxa a abraçando e diz:
- Cuido de você, como você cuida de mim amor...
- Mas... - soluça - as vezes acho que não retribuo o suficiente... - segue chorando Karol.
- Claro que retribui, porque que esta com essa bobeira agora? - disse ele a segurando firme.
- Não... sei... - respondeu ela escondendo o rosto no peito dele.
- Você sabe que eu te amo muito, não sabe? - a faz olhar pra ele, que o confirma - Então pare de dar atenção a esses pensamentos bobos.
Ela acabou se acalmando e amparada por ele, subiram para o quarto, ele a deixou aquecida ainda um pouco encolhida na cama e foi tomar um banho rápido, voltou ao quarto se deitando a puxando perto de si para a mante-la quentinha e a fez carinho até que os dois adormeceram.
De manhã o despertador tocou, Rugge se virou rapido para desligar o aparelho, quando desvirou encontrou o outro lado vaziu, quando foi se levantar da cama a viu vindo pelo corredor do banheiro:
- Ai Ka você me assustou! - contou ele.
- Eu só fui fazer xixi. - disse Karol voltando para baixo das cobertas e se abraçando a ele.
- Temos que ir. - avisou ele a dando um beijinho na testa.
- Pra onde Baloo hoje é domingo. - lembrou ela.
- Nossa me perdi completamente nos dias. Mas me conta como você ta? - percebeu e perguntou ele.
- Estou bem, a dor passou, deve descer nos proximos dias é só isso, fazia tempo que não me dava colica assim, mas passa, sempre passa. - respondeu ela encaixando o rosto no pescoço dele.
Os dois voltaram a dormir, porém mais tarde próximo das 10:00, Lorenza e entrou sorrateira no quarto, contornou a cama de seus pais, indo ao lado de Rugge e o fazendo carinho na barba o chamou baixinho:
- Pá... papai!
Rugge entreabriu os olhos e atendeu:
- Oi filha...
- Posso ficar um pouquinho aqui? - perguntou ela.
Rugge apenas levantou a coberta e esticou o braço, Lorenza se deitou abraçada ao pai que a cobriu e a segurou para que não caisse da cama, mesmo tendo noção de que em breve não sentiria mais nenhum dos braços, mas era por uma boa razão amparava suas joias mais preciosas.
Domingo foi um dia bem caseiro e sem muitos afazeres, Rugge fez um almoço leve e Karol passou o dia de roupão, pantufas e a maior parte do tempo na sala de tv com Lorenza agarrada a ela que deitava sobre Rugge. A noite ainda que estivesse calor, Rugge preparou umas batatas bravas para ele e Lorenza e um caldinho quente para Karol, apesar dela não estar sentindo mais dor, ele preferiu previnir. Após jantarem e assistirem mais um filme acabaram indo dormir cedo, porque vinha uma semana repleta de afazeres.
Na segunda de manhã, deixaram Lorenza na escola, de Navarro direto a empresa, Rugge tinha reunião com a equipe para ajustar alguns detalhes de agenda e Karol tinha reunião com addnice, com a equipe da LPS Argentina e claro reunião com a Arquiteta Karla Fabbri para verem o projeto da obra de Milão.
Perto do meio dia Rugge esperava Karol no hall do prédio para irem almoçar como de costume, mas ela estava atrasada, ao ver Amélia saindo do elevador foi de encontro a ela.
- Amélia cade a Ka? - perguntou ele.
- Ainda em reunião com a Karla, ela pediu pra avisar pra você ir sem ela, pelo jeito essa reunião vai longe hoje. - respondeu Amélia.
- Bom ... vou pedir um alguma coisa por app, e pra ela também, quando se concentra em algo esquece de comer. - achou melhor Rugge.
Mais tarde depois de ter comido, subiu até o andar de Karol com o que havia pedido para ela, chegando na porta da sala ele bateu e disse:
- Oi, com licença. - não lhe dão atenção, então ele entra e pigarreia - Oi desculpe atrapalhar, mas Ka eu trouxe almoço pra você. - falou ele.
- Ai que bom Baloo, deixa aqui na mesinha que daqui a pouco eu como, temos muito que resolver aqui. - pediu Karol sem tirar os olhos da tela em que Karla ajustava desenhos.
Ele percebeu que não teria atenção, então seguiu de volta a seu andar para continuar a lista de trabalho do dia.
Perto das 17:00, ele preferiu subir novamente, dessa vez a porta da sala estava aberta e Amélia estava com elas, falavam alguma coisa e riam, quando o viram se silenciaram, ele objetivamente disse:
- Ka temos que ir pra buscar a Lolo.
- Karla vai com a gente, vamos ter que continuar em casa, vou ter que ligar pro engenheiro de la devido ao fuso, tem problema? - perguntou Karol.
- Não, sem problema. - olha em cima da mesinha - Ka você não comeu? - retornou ele.
- Vou comer no carro. - respondeu ela, pegando a bolsa, as pastas e o pacote com o que era pra ser o almoço.
No trajeto rumo a Navarro, Karol comia, enquanto seguia conversando com Karla, Rugge se sentia inexistente, mas sabia que não duraria muito tempo esse tipo de situação, uma vez resolvido os detalhes as coisas voltariam ao normal.
Pegaram Lorenza na escola que confirmou a Karla que seu marido havia ido buscar Marie e da escola foram direito pra casa. Karol e Karla ficaram todo o tempo no escritório, Rugge preparou o jantar, que comeu junto com a filha, tentou chamar a esposa e Karla, mas elas estavam em chamada com o engenheiro, ele preferiu não atrapalhar, deixou apenas dois pratos dentro do forno para que comessem mais tarde. Ele ajudou Lorenza com a lição de casa, e os dois ficaram na sala de tv vendo desenho, Lolo pegou no sono e passou para seu pai que acabou dormindo também. Rugge acordou mais tarde, olhou o relógio abaixo da tv, vendo que ja passavam das 23:00 ele levou Lorenza pra cima a colocando pra dormir, saindo no quarto da filha notou que seu quarto estava todo apagado o que significava que Karol não havia subido, ele retornou a piso inferior, coçando o rosto para espantar o sono, foi até o escritório, abrindo a porta, vendo que Karol e Karla continuavam ali, brandou:
- Amor ja passam das 23:00, Lolo ja esta dormindo e garanto que você não jantou ainda, não dá pra vocês terminarem isso amanhã?
- Tem razão Rugge. - vira para Karla - continuamos amanhã? - concordou e perguntou ela.
- Sim Karol, mas tenho que ficar no meu escritório amanhã, não poderei ir ao centro, podemos continuar aqui a noite? - retornou Karla.
- Sim, sim, sem problemas depois das 19:30 te aguardo. - respondeu Karol.
Elas se despediram, logo o marido de Karla veio busca-la, e por fim Karol sentou para jantar.
Rugge trancou a porta e se sentou ao lado dela lutando contra o sono, a observou por uns instantes e perguntou:
- Como você ta?
- To bem - respondeu ela mastigando.
- Sem dor? - retornou ele.
- Sim, nada de dor, ja passou. - respondeu ela.
Ele se inclinou lhe dando um beijinho no pescoço dizendo:
- Nem nos vimos hoje direito.
- Eu sei Baloo, mas eu preciso resolver isso logo, ja estou ficando estressada de novo com a prefeitura de Milão que não alivia, a Karla caiu do céu pra deixar tudo nas normas e ainda se entender com o engenheiro. - explicou ela.
- Ta bom, mas agora chega de falar disso. - disse ele ďando mais beijinhos no pescoço dela e depois a abraçando, pousando a cabeça em seu ombro.
Após terminar de comer Karol deu um beijinho na buchecha de Rugge para lhe chamar a atenção, ele a retribuiu virando o rosto encontrando os labios dela a beijando suavemente, por fim ele a soltou, para que pudesse se levantar e levar o prato a pia, ela queria lava-lo, mas Rugge a disse pra deixar que ele faria isso pela manhã, para que pudessem ir dormir logo, pois notoriamente ambos estavam cansados.
Na manhã seguinte, apesar de ter dormindo bem, Karol estava um caco de tão cansada, mas a rotina a chamava na segunda porta a direita no corredor para lhe arrumar os cabelos. Filha na escola, agenda com pouco espaço de tempo, mas o dia seguiu seu fluxo, pelo menos dessa vez Karol e Rugge almoçaram juntos, na sala dela, comida de delivery e com ele a pressionando para comer. A tarde depois de ja estarem com Lorenza, chegarem em casa, Rugge foi preparar o jantar rapidamente, porque se jantassem mais cedo pelo menos o fariam juntos.
Tudo certo, familia reunida saboreando o jantar na cozinha, porém a cabeça de Karol não estava ali com eles, ela não parava de mexer no celular, falando com os empreiteiros italianos, mas pelo menos ela estava comendo.
As 19:30 Karla chegou, ela e Karol ficaram no escritório trabalhando, enquanto Rugge ajudava Lorenza com as lições de casa. Perto das 21:00 Lolo ja estava tomada banho, de pijama, aninhada na cama, abraçada ao seu coelho ouvindo seu pai lhe contar uma história, em pouco tempo ela dormiu e Rugge retornou ao andar de baixo. Organizou a cozinha, deixou tudo preparado pro café da manhã, separou os quitutes para a lancheira da filha, trancou as portas deixando somente a da garagem no trinco para que Karla pudesse sair e foi até o escritório dar uma olhada como andavam as coisas, ao ouvirem as duas falando com o engenheiro, viu que a coisa iria demorar, resolveu subir, fazer seu asseio noturno e se deitar na cama um pouco. Rugge havia pego no sono e perto das 3 da madrugada acabou acordando por não sentir Karol na cama, por um segundo pensou que estava em um hotel, ao olhar bem a cama do lado dela, percebeu que na verdade ela nem havia estado ali, saiu da cama e desceu indo direito ao escritório. Chegando la, abriu a porta sem bater dizendo:
- Karol são 3 da manhã!
- Ai que susto!! - reagiu ela.
- Karla ja foi embora pelo que vejo, porque ainda ta aqui? - questinou Rugge.
- Estou terminando os documentos pra enviar para a prefeitura, perdi a noção da hora. - respondeu ela salvando os arquivos e desligando o notebook.
- Perdeu completamente a noção da hora. - brandou Rugge.
- Hei não briga comigo. - pediu ela em mesmo tom.
- Não to brigando, só estou chateado com você e com sono. - disse ele.
- Chateado?? - indagou ela indo na direção dele.
- Sim, poxa, eu acordo e cade você?? - retornou ele.
- Isso não seria saudade? - perguntou ela o abraçando.
- É, é, pode ser, por favor amor vamos dormir, porque se não amanhã você vai estar bem cansada. - pediu ele.
- Vamos. - concordou ela.
O que Rugge não imaginava é que ela ficar trabalhando até tarde da madrugada, não dar atenção a filha, a ele, estar presente apenas fisicamente durante as refeições, isso se comesse, iria se tonar recorrente, quase rotina. Era sexta a noite e mais uma vez Karla estava la e Karol seguia com essas reuniões que pareciam eternas com ela e o engenheiro de Milão. As olheiras em Karol eram notáveis e não só nela, mas em Rugge também, ele estava cansando de ter que chama-la toda a madrugada para ir dormir. Lorenza também sentia falta da mãe, tanto que depois de terminar as lições de casa, foi até o escritório, bateu na porta e entrou, chegou perto da mesa e chamou:
- Mami!
- Só um pouquinho filha. - pediu Karol.
- Má! - chamou Lorenza depois de uns minutos.
- Oi! - atendeu Karol.
- Posso ficar um pouquinho com você?
- Agora não filha, estou ocupada, pede pro papai jogar alguma coisa com você.- respondeu Karol sem sequer olhar para filha.
Lorenza saiu dali sem dizer uma palavra, encontrou seu pai no corredor, que ao vela com uma carinha triste perguntou:
- Que foi princesa?
- Queria ficar com a mamãe só um pouquinho, mas ela vive ocupada com essa obra...- começa a chorar - eu so queria um abraço pá... eu só queria a minha mãe. - disse Lorenza abraçando o pai.
Aquilo subiu a cabeça de Rugge como água fervendo, ele estava no limite com aquela situação. Levou Lorenza no colo até a sala de tv colocou um dos desenhos que ela gostava para se distrair e foi até o escritório entrando de supetão, se pôs na frente das duas e disse:
- Karla eu vou pedir pra você ir embora, com todo o respeito do mundo.
- Estamos no meio de uns documentos ela não pode ir agora Rugge. - brandou Karol.
- Eu acho melhor eu ir. - disse Karla vendo que a cara de Rugge não estava amistosa.
- Não, estamos no meio dos documentos, não da pra parar agora. - disse Karol.
- Vai terminar que horas? As 3, as 4 da manhã outra vez? - questionou Rugge.
- Não, mas demora um pouco. - respondeu Karol.
- Você disse isso todos esses dias! - não conseguiu segurar Rugge.
- Eu estou trabalhando, não estou brincando!! - retornou Karol em mesmo tom se levantando.
- Trabalho é em horário comercial na empresa, em casa é pra você dar atenção a sua familia. - retornou ele.
Karla se levantou, passou por trás de Karol e saiu do escritorio, posteriormente foi embora.
Karol e Rugge seguiram discutindo:
- Sua filha quis ficar somente ao seu lado, ou abraçada a você e você pediu pra ela sair!! Passou do limite com essa obra Karol, passou muito do limite. - disse ele exaltado.
- Não grita comigo! Essa obra é importante pra mim! - retornou ela.
- Mais importante que sua familia?? Que pressa é essa??? Não da pra fazer isso sem comprometer a sua vida pessoal? - voltou a questionar ele.
- Se eu não resolver as coisas agora a prefeitura de Milão vai tornar a obra inviável! - brandou Karol.
- Chega!! Eu não quero mais ouvir falar sobre essa obra aqui dentro de casa. Isso você vai falar só dentro da empresa, a Karla não pode, o interesse é dela também. - retornou ele.
- Ah vai vir com suas regras agora?? - indagou Karol.
- Não são "minhas regras", nós combinamos isso juntos! - respondeu ele.
- Engraçado que você pode ficar na sala acústica trabalhando, e eu não posso fazer o meu trabalho. 2 pesos e duas medidas é o que me parece. - revidou ela.
- Eu toco sim, mas não faço isso até as 3 da matina, dias seguidos, eu não deixo de cuidar da nosa filha e muito menos de você! Se Lorenza me vem pedir carinho, eu largo tudo pra ficar com ela e você sabe disso, ou com você! - disse ele.
- Ótimo, você ta certo e eu to errada. Perfeito. - concluiu Karol.
Ele somente a olhou com certo rancor no olhar, mas a pediu em tom mais ameno:
- Você pode por favor, ficar um pouco com a sua filha?
- Posso! - respondeu Karol.
- Otimo. - concluiu Rugge.
Karol saiu do escritorio batendo os pés e foi ficar com Lorenza na sala de tv. Rugge ficou no escritório massageando a cabeça, eles nunca haviam discutido assim, mas para tudo existe uma primeira vez, pensava ele, no entanto ele viu que ela deixou o notebook ligado, salvou os arquivos e mandou desligar o equipamento, apagou as luzes e subiu tomar uma ducha para esfriar a cabeça.
Algumas horas mais tarde, depois de conversar com a filha, de lhe dar carinho,  Karol a levou pra cima, Lorenza se deitou na cama, sua mãe a cobriu e ela a perguntou:
- Mami... você e o papai brigaram?
- Não filha, apenas discutimos, é normal  acontecer de eu seu pai discordarmos as vezes, não se preocupe com isso. - explicou Karol.
- Má porque essa obra é tão importante pra você? - retornou Lorenza.
Karol suspirou a fazendo carinho e respondeu:
- Porque é um sonho da mamãe poder ajudar outras pessoas a desenvolverem seus talentos, além disso seu pai é italiano, eu sou mexicana e nos conhecemos aqui...
- Então é como se ter essa outra escola fosse pra sempre lembrar da conexão de vocês? - interrompeu Lorenza.
- Sim... seria... - respondeu Karol pensando que essa era a origem do projeto.
- Mami posso te dar um conselho? - perguntou Lorenza.
- Hunf... pode. - concordou Karol.
- Assim como foi com o papai, pelo que vocês me contaram, porque você não vai com mais calma com a escola e mostra pro papai o verdadeiro motivo de você estar tão empenhada, quem sabe assim você fica mais relaxada.
Karol a sorriu discretamente, mas com ternura, as vezes parecia que Lorenza sabia mais das coisas do que muito adulto.
Ao invés de pedir uma história, dessa vez Lorenza pediu que sua mãe a cantasse, Karol pensou um pouco e começou a cantar suavemente uma canção de ninar tipica de seu país chamada " Nanita nana", ela foi cantando baixinho:

A la nanita nana nanita ella, nanita ella
Mi niña tiene sueño, bendito sea, bendito sea

Fuentecita que corre clara y sonora
Ruiseñor que en la selva
Cantando y llora
Calla mientras la cuna se balancea
A la nanita nana nanita ella

A la nanita nana nanita ella, nanita ella
Mi niña tiene sueño, bendito sea, bendito sea

Lorenza foi piscando, piscando até fechar os olhos e ir relaxando, quando a respiração dela ficou pesada, Karol lhe cobriu até o pescoço, lhe deu um beijinho e foi saindo do quarto devagar, deixando o abajur aceso e a porta entreaberta.
Dali foi para seu quarto, na porta respirou fundo, ela não queria discutir mais, queria apenas dormir, por fim abriu a porta, entrou devagar, Rugge ja estava dormindo virado para a janela, ela o observou por um instante com muitos pensamentos a rondando, mas seguiu ao banheiro, tomou um banho rápido se vestiu, escovou os dentes, fechou a porta do corredor do closet com cuidado para não fazer barulho, se deitou na cama primeiro de frente, depois de costas para ele. Ela tentou dormir, mas ficou com os olhos parados perdida em seus devaneios, ele por sua vez fazia exatamente o mesmo, em anos  eles não dormiam brigados e muito menos assim, mas o sono e a vontade de outro dia chegar eram maiores que qualquer pensamentos que pudessem rondar suas mentes.

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora