Abóbora

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Alvarenga percebeu que havia algo errado, começou a chamar Rugge pelo interfone da cabine, mas sem resposta, ele correu até o aquário acústico, entrou perguntando o que estava acontecendo, Rugge apenas disse um tanto ofegante:
- Karol não está bem... preciso ir Alva...
- Murilo da pra regravar dessa última estrofe pro final de novo e liberar ele?? - perguntou Alva.
- Alva... - começou Rugge.
Com o okay de Murilo, Alvarenga se virou pra Rugge o interrompendo falando baixinho:
- Enquanto você regrava só esse pedacinho, eu vou agilizar e ver se consigo um vôo de emergência pro México.
- Alva... não sei se consigo ficar de pé... a dor... é muito intensa ... - exteriorizou Rugge.
- Respira fundo, conta se preciso for e regrava que eu vou ver um voo nem que tenha que alugar um jatinho, mas luta contra isso, e tenta mandar conforto pra ela. - disse Alvarenga preocupado saindo correndo do aquário.
Rugge respirou fundo, se levantou foi até o microfone suportando a dor, deu okay e liberaram a música pra ele cantar novamente. Ele fez um esforço tremendo mas conseguiu que saísse boa a gravação, com a liberação de Murilo, Rugge saiu do aquário em busca de um lugar pra sentar, encontrou uma poltrona, se sentou e se inclinou para frente tentando lidar com a dor e o desespero. Minutos mais tarde Alvarenga estava de volta:
- Consegui um jatinho, vai te levar em 1:30 pra cidade do México ao invés de 3 horas de um voo normal, mas você precisa sair agora, o motorista esta te esperando, deixa que eu levo as tuas coisas pra Buenos Aires, só vai pra ela direto!
Rugge levantou se contraindo, abraçou Alvarenga que lhe deu tapinhas nas costas e lhe disse:
- Vai logo filho!! E me mantem informado!
Rugge acenou com a cabeça, arcado correu pra sair do prédio.
Em Iztacalco, Caro tentava ajudar a filha, mas a dor de Karol era tão intensa que ela começou a chorar, Lorenza se desesperou, segurando a barriga de sua mãe e passou a chorar também, até Caro dizer a Mauricio:
- Mau leva a Lolo pra cima e a distrai por favor.
- Não abuelita... - soluça - Eu tenho que cuidar ... da minha mãe... - chora Lorenza.
- Deixa ... ela aqui... - pediu Karol tentando respirar.
- Filha por favor, você precisa tentar sentar... - insistiu Caro.
Por fim depois de algumas tentativas Karol conseguiu se sentar, a dor não parou, apenas se amenizou, mas ela conseguiu respirar um pouco, Lorenza não largou dela um minuto, e quando tudo pareceu mais calmo, ela começou a dizer meio chorosa:
- Mami... você não ta perdendo o San...
- Não...- suspira - Não... - deixou claro Karol, mesmo que ela mesma não tivesse certeza.
O bebê estava mais tranquilo, a dor começou a ficar mais suportável, Caro serviu o café da manhã pra filha, deixou a tv ligada pra ela se distrair, se sentou a lado dela posteriormente pegando sua neta no colo um pouco, para tentar faze-la se sentir segura.
Rugge já estava no jatinho na metade da viagem, mais tranquilo também, mas não menos preocupado, antes de embarcar ele tentou ligar para Karol, para sua sogra, para Mauricio, mas ninguém atendeu, por isso estava mais apreensivo que o normal, contudo precisava manter a calma até pousar e chegar na casa de Caro.
De volta a cidade do México minutos mais tarde, Karol anuncia tentando se levantar:
- Preciso fazer xixi...
- Espera maninha te ajudo... - disse Mauricio se levantando rápido do sofá e a ajudando.
Karol foi bem devagar até o lavabo por sua necessidade.
- Viu sua mãe ja esta melhorando princesinha. - disse Caro
- Tomará abuelita! - rebateu Lorenza recostada em sua avó.
Eles escutaram a descargar sendo dada, Karol abriu a porta e Mauricio prontamente a ajudou a caminhar de volta ao sofá, no entanto em meio ao trajeto a dor veio como se tivessem enfiado uma tesoura no encaixe do quadril com a coluna, a fazendo urrar de dor novamente e segurar Mauricio com muita força.
Rugge havia pousado, estava esperando um taxi, sentiu a dor tanto quanto e precisou se encostar no pilar do lado de fora do aeroporto, pra tentar amenizar, repetia a sí mesmo " eu ja to chegando Ka, eu ja to chegando".
Por sorte o taxi chegou, Rugge reuniu forças e se jogou pra dentro do veiculo dizendo ao motorista:
- Pra Iztacalco, pelo caminho mais rapido, por favor senhor!!
O motorista partiu com o carro, fazendo um caminho muito alternativo, que parecía eterno diante da dor e da preocupação que Rugge estava sentido, porém antes mesmo que ele pudesse questionar o caminho com o motorista eles entraram na rua da casa de Caro.
- É logo ali senhor, na casa branca com portão preto. - orientou Rugge se contendo.
Dentro da casa, Mauricio levou Lorenza pro piso superior esperneando, enquanto Caro tentava ajudar a filha que chorava e gritava de dor:
- Mamaaaá... me ajudaaaa!!
- Estou tentando filha, estou tentando, mas a sua médica não responde!! - contrapõe Caro.
Ao tentar ligar pra médica outra vez, o interfone toca com notório desespero, Caro fica exitante, mas sob protesto ela atende, surpresa com o que houve ao monofone, ela libera o portão e corre pra garagem.
- Rugge!!! - exclama ela ao vê-lo andando inclinado pra frente.
- Cadê ela sogra?? - questiona ele antes de qualquer coisa.
- Esta aqui na sala, ja não sei o que fazer... a medica não responde... - responde Caro o acompanhando pra dentro.
Ao escutar Karol em sofrimento, ele esquece completamente o que estava sentindo e corre até ela, a abraçando pelas costas segurando a barriga dela pra aliviar o peso do bebê. Karol imediatamente respira todo ar que não estava conseguindo, suspirou enquanto Rugge a orientou:
- Eu to aqui, agora se encosta em mim e tenta relaxar.
Assim que o alivio começou a chegar ela o chamou tentando controlar a respiração:
- Baloo...
- Shh poupa energia... - pediu ele.
Depois de alguns minutos e de ela estar mais estável ele a avisa:
- Eu vou soltar você, vou te levar pro sofá e você vai deitar comigo!
Ela concorda gestualmente, ele solta devagar a barriga pra que ela não sentisse todo o peso do bebê de uma vez só, em seguida a pega no colo com cuidado e a leva até o sofá, ele se deita, a deixando entre suas pernas. Ele coloca as duas mãos sobre a barriga dela, fazendo carinho hora sim, hora não pra distrai-la, mas ela acaba por faze-lo parar colocando as mãos sobre as dele.

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora