Depois de uma madrugada um tanto agitada mas não menos mágica e satisfatória, os dois caíram em sono profundo, ele sobre ela que o abraçava levemente.
Imagens estranhas invadiram o sono de Karol, ela tentava se localizar no tempo, se eram recordações ou futuro, se via com um bebê em seus braços, pensou ser sua filha quando mais nova, até Lorenza se aproximar, o bebê em seu colo chorava muito deixando-a apreensiva e agitada, começou a se mexer na cama, balbuciar algo e apertar Rugge que acabou acordando assustado se sentando, ao perceber que ela estava sonhando começou a chacoalha-la chamando-a:
- Ka... amor... hei!!!
Ela se sentou bruscamente com os olhos arregalados e ofegante.
- Hei, hei tá tudo bem, foi só um pesadelo - tentou tranquilizar Rugge.
Ao ter noção de onde estava, Karol o abraçou fortemente começando a contar:
- Foi muito estranho, nossa filha ...
- Tranquila, se acalma, é só saudade da Lolo amor, só isso, vamos ve-la amanhã. - interrompeu Rugge a afagando as costas.
Ficaram abraçados até Rugge a sentir mais calma, olhando no relógio ele a disse suavemente a induzindo a deitar:
- Ainda são 6:28, vamos dormir mais um pouquinho, depois eu faço um café e vamos pra casa, tudo bem?
Karol concordou com a cabeça, se deitaram, ela seguiu abraçada a ele que continuou lhe afagando até ela dormir, no entanto o sono dele havia se perdido, ao senti-la relaxada, soltou ela devagar, levantou, a cobriu, se vestiu e saiu pela porta da lateral cuidando para não fazer muito ruído, trancou a porta traseira, recolheu o que havia ficado do lado de fora, condicionando tudo no devido lugar. Novamente dentro do trailer, deu uma olhada garantindo se ela seguia dormindo, procurou nos armários e na geladeira o que ainda tinha de mantimentos para preparar um bom café da manhã. Haviam alguns ovos, leite, pedaços de pão de forma, queijo e alguns mirtilos, o suficiente para preparar ovos mexidos com queijo, torradas e deixar o liquidificador pronto para uma vitamina de mirtilos.
Com o cheiro inconfundível dos ovos, Karol acordou lentamente se espreguiçando, se sentou na cama esfregando os olhos, notando Rugge em frente ao fogão arrumando os pratos. Se arrastando até a beirada da cama Karol pegou sua roupa a vestindo, enquanto prendia o cabelo, ele a percebeu, quando seus olhares se encontraram ele não pode deixar de dizer:
- Você é linda sabia?
Ela lhe sorriu com ternura em retribuição lhe retornando:
- Pelo que vejo você acordou faz um tempinho.
- Na verdade não consegui voltar a dormir, então fui agilizando as coisas... - seguiu Rugge colocando os pratos sobre a mesa.
- Pensei que você estaria cansado... Eu estou exausta... - falou Karol bocejando.
- Eu fiquei cansando sim, mas nada como repor as energias com um bom café da manhã. - disse Rugge a ajudando levantar para sentar a mesa.
Enquanto saboreavam o que ele havia preparado, trocavam olhares, de repente ele se levantou a fazendo perguntar:
- O que você esqueceu?
- A vitamina - respondeu ele ligando o liquidificador.
Terminando o processamento do aparelho, Rugge despejou o conteúdo em dois copos e retornou a mesa informando:
- Vitamina de mirtilos no capricho!
- Humm assim vou ficar mal acostumada. - falou Karol rindo provando um pouco da vitamina.
- Na verdade é tão simples que podemos incluir no nosso cardápio semanal. - disse Rugge rindo dela.
- Porque tá rindo?? - questionou ela.
- Porque ficou com bigodinho de espuma. - respondeu ele se esticando e a limpando com o dedão a olhando fixamente.
- Você não precisa ser sempre incrível. - disse Karol o fitando docemente.
- Eu juro que eu tento, mas você me faz ser assim e não negue! - exclamou ele a fazendo rir.
Acabando de saborear o café da manhã, lidaram com a louça, a organização e a limpeza do trailer para poderem pegar a estrada. Antes que Rugge pudesse dizer que estavam prontos e que partiriam, Karol saiu pela porta lateral, o fazendo ir atrás dela perguntando:
- Onde você vai??
- Olhar uma última vez esse lugar. - respondeu Karol parando mais a frente.
Rugge se juntou a ela a abraçando pelas costas, apreciando a brisa, a paisagem e o movimento cíclico e som continuo e agradável das ondas.
- Baloo? - disse Karol.
- Hum? - atendeu Rugge.
- Promete me trazer aqui de novo? - seguiu ela.
- Prometo. - respondeu seguro ele.
Após se despedirem do lugar, voltaram ao trailer iniciando a viagem de volta, ainda que a vontade de permanecer ali por mais tempo fosse grande, a saudade de Lorenza e de certa forma da rotina falava mais alto.
A estrada estava tranquila, o sol iluminava e trazia o bom calor da estação, no som músicas leves e animadas, porém Karol não pode deixar de perceber que Rugge volte e meia ficava com os olhos semicerrados e que os coçava com certa frequência, em um momento ele deu uma leve cochilada o que fez ela chamar a atenção pedindo:
- Rugge encosta o trailer!
- Porque? - Questionou ele chacoalhando a cabeça levemente tentando focar a visão.
- Encosta! - mandou ela.
- Tá bom! - obedeceu ele parando o veículo no acostamento.
- Troca de lugar comigo. - pediu ela.
- Porque amor? - indagou ele.
- Você não dormiu direito, está cansado, deixa que eu dirijo. - respondeu ela.
- Você tem razão - concordou ele trocando de lugar com ela.
- Vê se descansa, eu sigo o GPS, fica tranquilo. - disse ela se acomodando no banco e colocando o cinto.
Karol seguiu viagem em retorno a Navarro, não haviam passado nem 10 minutos ela notou que Rugge havia adormecido, o que lhe deu certo alívio e a fez ter certeza de que foi muito mais prudente ela que estava mais descansada dirigir ao invés deles se envolverem em algum problema, aínda que a estrada estivesse vazia.
Um tempo mais tarde, Karol parou para poder ir ao banheiro, se alongar um pouco e tomar uma água, ao voltar a cabine Rugge não havia se mexido, continuava dormindo profundamente como se não dormisse a dias. Karol seguiu viagem aproveitando as paisagens, no fim das contas, Rugge havia aproveitado a ida enquanto ela dormia e agora ela aproveitava o percurso de volta.
Algumas horas mais tarde, proximo aos distritos ao redor de Bueno Aires, ela mudou para rádio para ouvir as notícias para ter certeza de que não havia nenhum impedimento até em casa. A abordagem sonora diferente fez Rugge acordar devagar, abriu os olhos explorando ao redor, ficou mais ereto no banco e perguntou:
- Amor em que parte da estrada estamos?
- Você acordou! Estamos quase em casa, de acordo com o GPS chegaremos em 20 minutos. - exclamou feliz e respondeu Karol.
- Hunf ... Que bom, não vejo a hora de deitar na cama. - exteriorizou ele.
- Acho que você se empolgou ontem a noite. - riu ela.
- Seria estranho se eu não me empolgasse. - sugeriu ele.
Depois de um breve silêncio e alguns pensamentos Karol pensou alto:
- Porque eu te amo tanto?
- Eu me faço essa pergunta todos os dias quando eu acordo e te vejo ao meu lado. E quando você não está eu passo dia me sentido vaziu. - respondeu ele.
Ela tirou a atenção da estrada um segundo somente para encontrar os olhos dele e lhe sorrir com ternura.
Chegando em Navarro, às ruas estavam repletas de pessoas caminhando em correndo a beira da marina, muitos carros na avenida mas mantendo o fluxo, ainda que fosse férias parecia que muitas pessoas haviam fugido da capital para relaxar no suburbio.
Na rua da casa, Rugge orienta Karol que ela entre com o trailer o deixando na garagem pois iria devolve-lo a locadora apenas no outro dia, foi o tempo dele encontrar o controle do portão na mochila para Karol chegar em frente a casa.
- Baloo se eu me lembro você fechou toda a casa antes de sairmos na terça! - exclamou Karol achando estranho as venezianas abertas assim como a janela da sala.
- Eu fechei tudo amor! - retornou ele estranhando também.
- Deixou a chave com alguém? - perguntou Karol enquanto o portão abria.
- Não, a chave está comigo. - respondeu ele olhando a chave no bolso da frente da mochila.
- Então tem alguém da família em casa. - disse ela entrando e fechando o portão.
Karol estaciona o trailer de frente com a garagem, ambos saem curiosos do veículo deixando suas coisas por ali até se enteirarem do que estava acontecendo. Entraram pela cozinha e vendo quem estava ali Rugge questionou:
- Pai?
- Vocês chegaram! - exclamou Bruno ao ve-los, largando o que estava fazendo, limpando as mãos no pano de prato e indo até eles.
- O que houve sogro? - perguntou Karol levemente aflita sendo abraçada por Bruno.
- Teve uma mocinha que perturbou até mudarmos os planos, logo viemos antes pra cá, chegamos hoje de manhã, ela está que não se aguenta de saudade dos Papás dela. - esclareceu Bruno enquanto abraçava o filho.
- Ahhh faz sentido, e onde está a bagunceira? - perguntou Rugge.
- Dormindo na sala de TV, como vêem estou preparando o jantar. Mas descarreguem o trailer tranquilos, tomem um banho descassem, que quando ela acordar vai ficar agarrada em vocês! - respondeu Bruno voltando para a bancada.
- Bom vai ser mútuo sogro. - disse Karol rindo.
Karol e Rugge tiraram todos os pertences do trailer dando mais uma geral e seguiram o conselho de Bruno, foram tomar banho e descansar um pouco antes do jantar.
Mais tarde o cheiro da pizza napolitana que Bruno estava assando invadiu o olfato de Rugge que se levantou da cama após um breve descanso e avisou:
- Se o cheiro está chegando aqui, significa que o jantar deve estar saindo, vou ver se meu pai precisa de ajuda.
- Me espera vou com você. - pediu Karol.
Desceram para o piso inferior, na beira da escada Karol segurou Rugge no braço e lhe informou:
- Vou dar uma olhada na Lolo, tudo bem?
- Ta bom. - disse ele lhe dando um selinho e indo em direção a cozinha.
Na sala de TV, Lorenza estava esticada dormindo sobre uma das almofadas, Karol se sentou ao lado da cabeça da filha a olhando com muito carinho. Não demorou muito Rugge veio da cozinha avisar que o jantar estava pronto e acabou se juntando a elas, notando:
- 5 dias e parece que ela cresceu um tantão...
- É... - concordou Karol fazendo carinho no rosto da pequena menina.
Ao sentir o toque da mãe Lorenza acordou, ainda sonolenta virou a cabeça para ter certeza de quem estava ali com ela, ao ver Karol exclamou:
- Mami!
- Oi minha princesa, chegamos. - disse Karol.
Lorenza se poes de joelho em um salto e em outro se agarrou aos pais lhes dizendo:
- Senti tanta falta de vocês.
- Nós também filha, nós também. - disse Rugge a apertando junto com Karol.
- Da próxima vez vão me levar junto! - seguiu Lorenza.
- Vamos sim, você vai adorar! - disse Karol.
- Temos que ir jantar o nono já deve estar servindo a pizza nos pratos. - alertou Rugge soltando o abraço um pouquinho.
- Oba! Pizza do nono!!! Pai me leva no colo?? - vibrou e pediu Lorenza.
- Levo baguncerinha, levo sim!!
Se levantam do sofá, Rugge carrega Lorenza e juntos vão rumo a cozinha, no caminho Lorenza diz:
- Papai me leva, mas eu quero comer no colo da mamãe!
Eles riem, mas acaba acontecendo exatamente o que Lorenza queria.
Foi um jantar cheio de perguntas, sobre como havia sido a viagem deles, depois de contarem quase tudo, Karol e Rugge quiseram saber como a filha tinha passado aqueles dias com a família paterna. Lorenza e seu avô estavam contando sobre a Disney, sobre as compras e presentes, a visita dos padrinhos e tudo mais, quando Bruno acabou em meio a conversa citando algo que havia acontecido durante aquele período, fazendo a conversa sessar:
- Humm - bébe suco - essa mocinha teve pesadelos pelo menos 4 vezes durante esses dias.
Karol olha atentamente para Lorenza e a diz:
- Precisamos conversar sobre isso filha.
Lorenza emudesse mudando de expressão completamente trazendo um medo ao olhar, o que fez Karol seguir:
- Sabe o que dizem, que não devemos contar nossos sonhos para que eles possam se realizar, o oposto também é verdadeiro pequena.
Lorenza baixa o olhar, Rugge a pergunta:
- Era sempre o mesmo pesadelo?
Lorenza confirma balançando a cabeça.
- Mais tarde conversamos - interviu Karol.
Depois de acabarem o jantar e a limpeza da louça, se retiraram para o piso superior, Bruno se despediu indo para o quarto, Karol seguia para seu achando que Rugge e Lorenza viriam também, mas ao virar para trás os vê parados em frente a porta do quarto de Lolo, ela faz menção de voltar para ir com eles, mas Rugge a diz:
- Vai descansar Moglito, eu e essa mocinha vamos conversar um pouquinho, depois nos juntamos a você.
- Uhum... - concordou Karol dando meia volta sentido a seu quarto.
Rugge carrega Lorenza até a caminha dela, a pousa sobre a cama sentada e se senta junto a ela, a observa por instantes bolando o que iria dizer, até questiona-la:
- Quer me contar sobre o pesadelo?
Lorenza fica em negação, ele segue:
- Filha é como a mamãe disse, os sonhos não contamos a ninguém para que se realizem, logo para que o pesadelo não se realize você precisa conta-lo, você entende?
Ela fica pensativa mas começa:
- Tá bom... eu te conto...
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Boomerang - 2 temporada
FanfictionAlguns anos se passaram, Lorenza cresceu, Karol e Rugge seguindo suas carreiras enquanto cuidam da educação e da filha. Muitas surpresas o destino vai trazer e embora eles vão por seus compromissos sempre voltam um para o outro!