Karol ficou paralizada em frente a bancada, foi invadida por um turbilhão de pensamentos, memórias e por medo, afinal havia acontecido de tudo nos ultimos meses, contudo apesar dos testes de gravidez serem bem eficientes na atualidade, ainda existem margens de erro, com essa ideia em mente ela ligou para o hospital para agendar um horário com a Dra Marta sua antiga obstetra e pediatra de Lorenza. A atendente a deixou esperando alguns minutos e por fim retornou a linha:
[Ligação]
A- Desculpe por tê-la deixado esperando, é que houve uma desistência e tem uma consulta em aberto para daqui 15 min, você consegue chegar?
K- Consigo sim.
A- Certo ja encaixei você, até daqui a pouco.
K- Okay, obrigado.
[Fim da ligação]Ela respirou fundo, jogou no lixo a caixa dos exames, os colocou na bolsa, saiu do banheiro e posteriormente de sua sala avisando Amélia no hall:
- Amélia eu preciso sair pra tomar um ar eu ja volto.
- Você esta bem? Esta um pouco palida. - perguntou e percebeu Amélia.
- Estou meio estranha, preciso tomar um ar. - respondeu Karol um pouco seca.
- Esta bem, qualquer coisa ligue. - pediu Amélia meio preocupada.
- Uhum. - concordou Karol indo para o elevador.
O hospital era perto em menos de 6 minutos ela chegou la, estacionou o carro ao fundo do local que era menos movimentado, saiu do carro meio apreenssiva com um frio no estomago e até uma certa tremedeira, entrou no hospital indo direito a recepção se identificando, depois se sentou para aguardar ser chamada.
Não demorou muito Marta foi até a recepção perguntando a atendente quem era o proximo paciente dela, a atendente apontou para Karol sentada em uma das cadeiras de espera, um pouco encolhida e com o olhar perdido, Marta se aproximou dela e a chamou com cuidado:
- Karol! - ganhou a atenção dela - Vamos?
- Sim. - respondeu Karol se levantando.
Entrando no consultório, Marta contornou sua mesa e Karol sentou em uma das cadeiras de frente.
- Me conte o que te traz aqui? Algum problema com a Lorenza? Sabe que eu normalmente não atendo adultos, seu marido foi uma excessão aquele dia pois o dr Paulo não havia chego... - começou Marta.
Karol não disse nada, porque não estava conseguindo formular frases devido ao leve pânico que havia se instalado nela, mas ela pegou um dos exames em sua bolsa e colocou sobre a mesa.
- Ah, nesse caso você esta no lugar certo. - constatou - Bom você comeu alguma coisa? - perguntou Marta.
- Eu comi algo leve no café da manhã, perto das 7:00. - respondeu Karol tentando conter a tremedeira mexendo as mãos com constância.
- Certo, esse tipo de exame é até muito eficiente, mas vou pedir para uma enfermeira vir coletar um pouco de sangue para averiguarmos com mais precisão. - disse Marta interfonando para a enfermaria solicitando uma coleta.
Enquanto a infermeira não chegava, Marta pediu a Karol que ficasse em pé, a analisou bem e disse:
- Seus iliacos estão um pouco abertos, isso é um sinal, mas vamos esperar o exame de sangue para termos certeza absoluta.
Minutos depois a enfermeira chegou, encontrou a veia de Karol de primeira e realizou a coleta do sangue, com a saida dela, Marta informa e pergunta:
- 20 minutos e sairá o resultado, ja nos trazem aqui. Mas estou vendo você muito apreenssiva, vamos conversar um pouquinho, a quanto tempo você esta com atraso?
- Uns 2 meses... não sei exatamente... - respondeu Karol.
- Certo, e você sentiu algo de diferente nesse periodo? - seguiu Marta.
- Só algumas cólicas e um pouco de mudança de humor mas... - começou a responder Karol.
- Normal, prossiga. - disse Marta.
- Mas eu não me cuidei nem um pouco... comi e bebi coisas que não podia, fiz show onde dancei, desci do palco em um pulo, subi me apoiando na barriga, estou a dias sem me alimentar adequadamente e sem dormir, muito estressada por conta do trabalho... - seguiu Karol em tom desesperador.
- Calma, tranquila... - segura uma das mãos dela - A maioria das mulheres faz a mesma coisa até descobrir que está grávida, e nem confirmamos ainda. - tranquilizou Marta.
Elas seguiram conversando, Marta tinha o intuito de distrai-la com as perguntas até receber o resultado dos exames, que logo foram entregues por um enfermeiro do laboratório.
- Vamos ver Karol... - começa a ler o exame - Vitaminas okay, triglicerideos okay, glicemia okay, tudo bem até aqui... - vê o ultimo item - É Karol seu Beta HCG esta em 225 está bem alto, você ja sabe o que significa.
Karol assentiu com a cabeça tentando controlar a respiração.
- Vamos fazer uma eco? - perguntou Marta percebendo a paciente tentando lidar com a confirmação do exame.
- Por favor... - respondeu Karol quase sem voz.
Do terreo da ala de consultorios, foram para o terceiro andar na ala de obstetrícia onde haviam as salas de exames ecograficos, Karol ja conhecia aquele andar, passou na frente do corredor onde ficava o quarto em que Lorenza nasceu, ela seguia a doutora relembrando de cada instante ali.
Chegando em uma das salas, elas entraram e Marta pediu a Karol que se deitasse na maca assim que passaram pela porta, ela acatou o pedido, subiu na maca notando que não conseguia parar de tremer, se deitou enquanto a doutora ligava o equipamento e colocava luvas.
Marta se sentou ao lado da maca, ajudou Karol a subir a blusa e descer um pouquinho a calça, passou o gel, que devido a sensação de gelado fez ela se contrair, Marta começou a deslizar o leitor olhando atentamente o monitor. Karol observou a doutora que estava muito séria e concentrada por longos minutos, enquanto ela segurava o choro por não acreditar estar ali, até que a quietude de Marta passou a perturbar os pensamentos de Karol que disse segurando um soluço:
- Marta me diz que esta tudo bem, por favor.
- Me concentrei me perdoe, você esta de 9 semanas completas pela formação do feto... - começou Marta.
- Está tudo bem?? - insistiu Karol um pouco desesperada.
- Está sim, está ótimo, - vira o monitor para Karol e a mostra - ele esta bem formadinho, bracinhos e perninhas estão bem, esta bem fixado, tem um quantidade de liquido boa, esta dentro do tamanho esperado que é de uma uva, tudo tranquilo Karol. - seguiu Marta explicando, muito clara, pausada e suavemente.
Karol levou a mão a boca pra conter os soluços do choro que ela estava segurando.
- Vamos ouvir esse coraçãozinho, pra ver se esta batendo firme. - disse Marta abrindo o som do aparelho.
Em instantes se ouviu aquele som ciclico, forte e rapido, foi impossivel Karol não deixar algumas lagrimas escorrerem pelo rosto, ainda que segurasse o choro. De certa forma era um alivio saber que estava tudo bem, que por mais que ela tivesse feito muitas coisas erradas, nenhuma delas havia prejudicado ele, no entanto não era algo que ela esperava estar acontecendo, pelo menos não nesse momento, o que a conferia certos medos e a deixava um tanto assustada.
Ao término do exame, e ao ver que Karol estava abalada, Marta conversou com ela ali mesmo.
- Você não se cuidou antes, e esta tudo bem, mas agora você precisa se cuidar, você ja sabe como funciona o primeiro trismestre, embora você esteja no final dele, todo o cuidado é pouco pra você e para o seu bebe. - Karol engoliu seco - As coisas hoje são um pouco diferentes, não vou te encher de apostilas e livros como foi com a Lorenza, agora temos um aplicativo, nele você vai acompanhar sua gravidez diariamente, assim como os conteúdos também, vai escrever qualquer evento que você tenha no dia, dores, desconforto, náuseas e outros, pode ver sua agenda de exames e acessa-los quando quiser, além disso, tem um canal direto comigo e um botão vermelho que é para emergências, onde toda a equipe responsavel é acionada caso necessário e tem mais algumas coisinhas. As coisas evoluiram bastante e ficaram mais eficientes pra dar mais segurança pra você e pra mim, e não gera residuos para o meio ambiente - explicou Marta.
- Eu... vou fazer download... - disse Karol olhando para o celular, tentando diregir tanta informação.
- Parece que o Dr Paulo tinha razão, seu marido está com Sindrome de Couvet. Por falar nele, onde ele está? - lembrou e perguntou Marta.
- Ele... esta em uma turnê no Uruguai... - respondeu Karol ainda sem controle total de sua respiração e segurando a vontade de chorar.
- Nossa, vai ser uma surpresa e tanto quando ele voltar. - constatou Marta.
Karol olhou para a médica, pensando que ela não sabia como superar a noticia e muito menos fazia ideia de como iria contar para Rugge, o desespero voltou a imperar e ficou claro em seu semblante, Marta percebeu e achou melhor ser breve.
- Bom Karol você tem alguma duvida? - perguntou Marta.
Karol negou com a cabeça.
- Então nos vemos em 4 semanas, você vai receber notificação e pedido de confirmação da consulta pelo app. Você pode cadastrar ate 6 números para receberem os lembretes das consultas e exames tá. - explicou Marta.
- Okay... - concordou Karol.
- Você quer fazer mais alguma pergunta? - insistiu Marta.
- Não... - respondeu Karol.
- Então esta liberada por hoje. - concluiu Marta descendo do banco.
Karol desceu da cama, agradeceu Marta que a retribuiu com um abraço que calentou um pouco Karol, se despediram e ela foi para o estacionamento dos fundo do hospital.
Fez o trajeto até a empresa, ainda se segurando, minutos depois, estava estacionada na garagem do predio da KSP. Karol desligou o carro, tirou o cinto, olhou para o celular e viu que o app do hospital mostrava notificações, abriu vendo que Marta havia disponibilizado os exames e agendado a proxima consulta. Ela resolveu ver a ultrasom outra vez, ao assistir desabou, chorava apoiada com a cabeça sobre o volante compulsivamente, era algo que ela não queria, jamais pensou ter uma noticia dessas sem Rugge por perto, ainda mais brigados, além disso ela tinha feito tudo que não poderia estando nessa condição. Colocando tudo para fora em forma de pranto, ela foi se acalmando, os soluços diminuindo, se encostou no banco, com lagrimas involuntárias ainda escorrendo pelo rosto viu o vídeo do exame mais uma vez, quando deu por si, estava com a outra mão sobre o ventre, deixou o celular ao lado, dando atenção pra si mesma, em segundos memórias a invadiram, de quando conversou com Alvarenga sobre explodir de amor, e ele lhe disse que transbordar parecia mais correto, lembrou de sua filha e carta no natal, da carta que Rugge havia postado a "cegonha", e muitas outras memorias invadiram seus pensamentos, mas por fim ela se lembrou de como os olhos dele brilhavam quando via fotos da sobrinha bebê, o que a fez chegar em uma conclusão e dizer a si mesma:
- Então é isso... transbordar... é criar vida... parece que nosso amor é tão forte... - pensava em Rugge - ... que sabe do que precisamos e o momento certo pra acontecerem as coisas...
Ela ficou ali mais um tempo perdida em seus devaneios, até resolver subir para seu andar. No elevador limpava o rosto com as mãos, olhando seu reflexo turvo no aço escovado do interior do equipamento, tentava espantar a ideia de que havia chorado para evitar perguntas de Amélia. Ao chegar no último andar, saiu do elevador vendo que Amélia não estava, por isso seguiu seu caminho, entrou em sua sala e se sentou em sua cadeira, ainda respirando fundo e um pouco descompassando, tentou se distrair vendo seus e-mails, até Amélia a encontrar ali.
- Ah ja voltou! - exclamou Amélia ao vê-la.
- Sim... - disse Karol.
- Que bom... é posso te fazer uma pergunta Karol? - perguntou Amélia.
- Você sabe que pode Amélia. - respondeu Karol.
- Quando você saiu a dona Rosa veio buscar o lixo e eu fui tirar o lixo do seu banheiro pra ajuda-la e encontrei uma caixa de teste de gravidez... - começou Amélia.
Karol não conseguiu controlar a expressão, contraiu os lábios, olhou para baixo e sobrepôs o lábio inferior com o superior, Amelia percebeu, teve certeza de que tal exame era dela, preocupada por ter compreendido os gestos de Karol, parou o que estava contanto e questinou diretamente:
- Karol... você está grávida?
Ela confirmou com a cabeça, novamente segurando o choro.
- Santo Deus! - contornou a mesa, indo abraça-la - Foi por isso que você precisava tomar ar. - constatou Amélia.
Ao receber o abraço, lagrimas cairam involuntárias novamente pelo rosto de Karol, mas agora ela sabia que estava chorando não só por estar abalada e tentando absorver toda a situação, mas também por estar com os hormônios todos alterados.
- Deixa eu olhar você... - a soltou do abraço a olhando nos olhos - Como você está?? - perguntou Amélia.
- Estou bem... eu não sai tomar um ar Amelia, eu fui ao hospital ver a Dra Marta. - respondeu e revelou Karol.
- Sim, e esta tudo bem? - retornou Amélia.
- Está... - soluça - está, apesar de tudo que fiz errado, estou bem e o... - chora - ... o bebe esta bem... Se tivesse acontecido alguma coisa com ele, jamais me perdoaria Amélia... - respondeu Karol chorando.
Amélia a abraça outra vez e a passa segurança dizendo:
- Vamos cuidar de você, todos vamos Karol.
- Não quero - soluça- que ninguém saiba disso.... não ainda. - pediu Karol.
- Tudo bem carinho, deve estar no comecinho, é melhor esperar mesmo. - concordou Amélia.
Ainda abraçada a Amélia, Karol foi se acalmando, mesmo que quisesse que aquele abraço fosse de Rugge, ela havia sentido falta dele inúmeras vezes, mas nesse momento a saudade e a necessidade de ele estar ali com ela chegavam a doer.
Por fim Amélia a soltou a olhando nos olhos e a disse:
- Vou cancelar os compromissos de hoje, vai pra casa descansar, cuidar de si mesma, eu peço pro Dario buscar a Lolo.
- Não sei se tenho condições de dirigir, do hospital até aqui é pertinho, mas pegar a estrada e ficar sozinha em casa
... - começou Karol.
- Humm eu te levo, estou sozinha também, posso adiantar o trabalho de lá, posso fazer um jantar pra você com os nutrientes de que você precisa... - interrompeu Amélia.
- Mas Amélia... - quis dizer Karol.
- Nada de "Mas Amélia", você esta sozinha sem ninguem da sua familia, Rugge esta longe, eu não vou deixar você sozinha nessas condições, ainda tendo que cuidar da Lolo. - deixou claro Amélia.
- Obrigado. - agradeceu Karol emocionada.
Amélia fez alguns telefonemas para cancelar a agenda do dia, podendo então levar Karol pra casa, que foi recostada no banco todo o trajeto olhando a paisagem, muita pensativa, mas sem soluços e lagrimas.
Chegando a casa, Karol deixou suas coisas sobre a península e Amélia que entrou logo atrás dela a disse:
- Vai descansar, recarregar suas energias e colocar as ideias no lugar, eu vou preparar algo para o almoço.
- Ta bom, eu fui ao mercado ontem, tem algumas coisas na geladeira. - concordou e informou Karol.
- Hum deixa eu ver ... - abre a geladeira e analisa - Há poucas verduras e você precisa de cores e das verde mais escuras... - começou Amélia analisando o conteúdo do refrigerador.
- É... não há muita coisa mesmo, mas até ontem eu não sabia que estava... esperando um bebe Amélia. - se interpôs Karol.
- Eu sei carinho, por isso eu vou rapidinho no mercado comprar o que você precisa e ja volto. Sei que não quer ficar sozinha, mas eu vou em um pé e volto no outro. - entendeu e explicou Amélia.
- Tudo bem... - disse Karol.
- Eu vou rapido... mas no fim das contas você não vai estar completamente sozinha... - Karol a olha com estranheza - Você vai estar com o seu bebe. Bom eu vou porque daqui a pouco é meio dia. - disse Amelia saindo.
Karol acatou a sugestão de Amélia e foi descansar, foi ate a sala de tv, se sentou na curva do sofá deixando as pernas esticadas, foi pegar o controle para ligar a tv, mas olhou para seu ventre que nada desmonstrava que havia um ser se desenvolvendo ali dentro levou as mãos a região e ainda olhando disse:
- Que bom que você esta bem... eu vou cuidar de nós dois a partir de agora...
Berta a observava de longe, ainda não era permitido que Karol a visse, mas ela nunca havia deixado de zelar pela neta, fosse onde fosse. Amadeu um dos mentores superiores a acompanhava e ao ver a cena lhe disse:
- Agora tudo esta no devido lugar.
- Sim Amadeu, fiquei um pouco preocupada, mas tudo acontece no tempo certo, nem antes e nem depois. - concordou Berta.
- É o tempo de Deus e ele não falha. - completou Amadeu.
- Que bom que conseguimos intuir Amélia para cuidar dela por enquanto. - disse Berta aliviada.
- Sim Berta, ela vai ser essencial por esses dias, vamos continuar a enviando intuições para que mantenha sua neta o mais amparada possivel. - concordou e esclareceu Amadeu.
- Agora preciso demover Ruggero para terminar essa distância, pois ja surtiu o efeito que era preciso. - exteriorizou Berta.
- Te ajudarei nisso, mas Berta precisamos ir. - lembrou Amadeu.
Antes de esmanhecerem dali, Berta emanou toda a energia positiva e doce que pode a neta até retornar ao plano superior.
Amélia voltou com as compras minutos mais tarde e preparou um almoço reforçado a Karol. As duas comeram na cozinha, assim que Karol terminou de comer sua primeira refeição completa em dias, Amélia a mandou voltar a sala de tv e seguir com seu repouso.
Mais tarde as 17:40 Dario deixou Lorenza em casa como Amélia o havia pedido, a menina entrou pela cozinha um tanto agitada devido ao dia cheio na escola e as tarefas que deveria fazer, quando viu Amélia questionou:
- Tia Amélia? Porque está aqui??
- Oi Lolo, estou de olho na sua mãe que precisa descansar, e vou ajudar com os afazeres da casa. - respondeu Amélia.
- Ah bom! E cade minha mami? - retornou Lorenza.
- Na sala de tv, mas creio que está dormindo, não a acorde hein. - informou e pediu Amelia vendo a menina indo por sua mãe.
Lorenza foi até a sala, chegou perto de sua mãe que ao ouvir a respiração da filha, semicerrou os olhos conferindo se era ela mesma e disse:
- Oi Pequena!
- Mami! - exclamou Lorenza indo abraçar a mãe e sendo retribuida.
- Ai que abraço gostoso, mas me conta como foi a escola hoje? - perguntou Karol a soltando do abraço.
- Foi uma doidera, inclusive a aula de Ballet, mas tenho 4 tarefas... - responde Lorenza soltando os ombros.
- Eu te ajudo, traz seu material aqui. - disse Karol.
- Ta bom mami. - concordou Lorenza.
- Sabe onde esta a Amélia? - retornou Karol.
- Na cozinha acho que fazendo o jantar, pelo menos a vi cortando algumas coisas. - respondeu Lorenza indo buscar seu material.
De volta a cozinha Lorenza pega sua mochila enquanto Amelia a pergunta:
- Não acordou sua mãe não é?
- Não Tia, ela ja estava acordada. - respondeu Lorenza saindo voltando a sala junto a mãe.
Depois de Lorenza fazer as lições de casa, do jantar, Karol ajudou Amélia a arrumar o quarto de hóspedes para ela dormir ja que havia decidido ficar, enquanto sua filha tomava banho. Com Amélia acomodada, Karol seguiu para seu quarto pra cumprir com seu asseio nortuno, quando entrou no quarto depois do banho deu de cara com uma mocinha sentada em sua cama balançando as pernas a sua espera, assim que Lorenza viu sua mãe a perguntou:
- Mami eu posso dormir aqui com você de novo?
- Claro que sim filha! - respondeu Karol com ternura.
Com o aval da mãe, a menina se deitou em baixo das cobertas no lado do pai, posteriormente Karol se juntou se deitando de frente a ela. Conversaram um pouquinho, mas Lorenza acabou pegando no sono e Karol se pegou pensando em Rugge, virou com cuidado na cama, pegou seu celular e enviou uma mensagem: " Estou sentindo sua falta, espero que esteja indo tudo bem por aí, te amo.". Ela tinha a expectativa que ele a respondesse em seguida, mas passou mais de meia hora e ele não a contestou, ela devolveu o celular a mesa de cabeceira, virou outra vez de frente para a filha a observando. Ao passear minusiosamente pelo rosto da menina, se lembrou de que sempre fazia isso quando ela era bebê, ficava horas vendo cada detalhe, analisando de quem ela tinha herdado tais feições, ao ter essa recordação, deu por si que faria isso novamente com outro bebê dentro de alguns meses. Ainda olhando Lorenza, imaginou por um instante a reação dela ao saber que seu pedido de Natal estava a caminho, Karol continuou usando a imaginação até se render ao sono e dormir.
Na manhã seguinte, Lorenza acordou com o despertador, ela desligou e acordou sua mãe com carinhos e depois beijinhos pelo rosto.
- Bom dia princesa! - disse Karol a abraçando.
- Bongiororno Mamá!! Queria ficar com você aqui hoje... mas tenho aula importante de historia ... - retribuiu Lorenza.
- A noite - boceja - você fica pequena. - disse Karol.
- Ah... ta bom, vou me arrumar. - informou Lorenza dando mais um beijinho em sua mãe, descendo da cama e saindo rumo a seu quarto.
Karol se espreguiçou, sentou colocando as pernas pra fora da cama, deu uma olhada no celular que não tinha notificações, se levantou, cumpriu com seu asseio matinal, colocou um roupão, abriu as cortinas, as venezianas e foi por sua filha quarto a fora.
Com Lorenza uniformizada, as duas passaram pelo quarto onde Amélia dormiu, constatando que ela ja havia se levantado e descendo as escadas pra irem tomar o café da manhã, Lorenza perguntou:
- Você não vai me levar mami?
- Não minha pequena, tio Dario vem buscar você pra te levar, mamãe ainda precisa de descanso sobretudo de volante. - respondeu Karol.
Na cozinha Amélia tinha preparado um café da manhã bem reforçado, parecia até de hotel, de tantas opções, Lorenza ficou muito animada, mas ao olhar Amélia sua expressão mudou, o que fez Karol a perguntar:
- O que houve filha?
- Nada Mami, só lembrei da Nonna e da Abuelita. - respondeu Lorenza suspirando.
- Também sinto saudades. - disse Karol.
- Que maio chegue logo, porque as quero ver e abraça-las forte e o nonito também. - falou Lorenza.
- Mais alguns dias e logo vamos vê-los. - disse Karol docemente.
Alguns minutos mais tarde, assim que Lorenza terminou seu café e Karol arrumou sua lancheira, Dario buzinou avisando que estáva no portão, com certa pressa as duas deixaram Amélia arrumando a cozinha e sairam encontrando Dario no portão. Lorenza abraçou a mãe forte, Karol fez suas recomendações diarias, abriu o portão deixando Lolo sair para entrar no carro, enquanto ela agradecia Dario mais uma vez pela gentileza.
Com Lorenza encaminhada para a escola, Karol retornou a casa, ofereceu ajuda a Amélia que recusou, a sugeriu que mantivesse o repouso para organizar a ideias, no entando Karol olhava o celular um pouco retraida enquanto Amelia lhe falava, o que a fez perguntar:
- O que esta havendo Karol?
- Mandei mensagem pro Rugge ontem, mas ele não me respondeu... - respondeu Karol.
- Hum. - reagiu Amélia.
- Preciso dele Amélia... - falou Karol.
- Vai descansar, que eu vou ligar pro Alva pra saber como estão as coisas por lá e pedir pra ele falar com o Rugge, tranquila. - disse Amélia.
- Só... não conta nada... - pediu Karol meio sem jeito.
- Não se preocupe quanto a isso. - concluiu Amélia.
Karol foi então para a sala de tv se recostar e relaxar o corpo, enquanto Amélia ficou na cozinha ligando para Alvarenga.
[Ligação]
Am.: Alva?
Al: Oi querida!
Am: Tudo bem por ai, como vão as coisas?
Al: Tudo bem, as coisas vão indo, Rugge parece desanimado e não esta 100%, notoriamente esta com saudades de Karol. E por ai?
Am: Estão bem, Karol voltou ao normal, mas o cansaço pegou ela se jeito, também esta com saudades. Ela mandou mensagem pro Rugge Alva, mas ele não a respondeu, ela esta um pouco sentida.
Al: Estou querendo conversar com ele sobre tudo isso Lia, acho que chegou o momento.
Am: Sim Alva, fale com ele, a familia esta longe, eles precisam de nós.
Al: Vou aproveitar agora Lia, estou vendo ele na sacada do quarto.
Am: Esta bem meu querido.
Al: Até breve.
Am: Até.
[Fim da ligação]
Alvarenga saiu de se quarto no hotel e foi ate o de Rugge, ele sempre ficava com um cartão extra de cada quarto para casos de emergencia, com isso, abriu a porta do quarto com cuidado, entrou a fechando, foi até a sacada, onde Rugge estava, apoiado no guarda corpo pensativo, assim que saiu pela porta janela Alvarenga o chamou e perguntou:
- Ruggero! - ganhou sua atenção - Eu preciso dar uma palavrinha contigo, pode me escutar?
Sem virar para Alvarenga, Rugge respondeu:
- Eu sei Alva não estou dando tudo de mim... mas não consigo parar de pensar na...
- Karol! - interrompeu - Eu sei Rugge, é justamente sobre isso, precisa falar com ela. - disse Alvarenga.
- Eu não sei o que falar... - suspirou Rugge.
- Sabe sim, diga o que você sente. - sugeriu Alvarenga.
- Eu a amo... - começou Rugge.
- Então fale isso pra ela. - insistiu Alvarenga.
- Ja não sei se fiz certo, dar espaço pra ela... doeu muito... esta doendo... - exteriorizou Rugge.
- Bom funcionou, Amélia me confirmou que ela ja voltou a ser a sua Karol, então a consteste, a ligue. Agora sobre o motivo disso, talvez você tenha esquecido, mas me lembro de você contando que quando renovou seus votos durante as férias a disse que os sonhos dela eram os seus, a obra é um sonho dela Rugge, ela queria alguém pra compartilhar isso, você é o melhor amigo dela, mas parece que esqueceu disso, por isso ela se perdeu, essa situação esta ensinando a ela o que é importante, mas a você também. Seja o melhor amigo, faça dos sonhos dela os seus, faça, não fale, porque você não consegue ser 100% e ela muito menos estando separados, vocês funcionam juntos, se equilibram, e quando a balança pesa só pra um lado acontece esse tipo de divergência. Chegou o momento de você deixar o que aconteceu pra trás e fazer diferente daqui em diante. - disse o que à dias queria dizer Alvarenga.
Suas palavras chegaram a Rugge como uma verdade nua e crua o fazendo colocar o pés no chão e encarar a realidade, por fim disse:
- Obrigado Alva, por sempre me fazer ver as coisas com outros olhos... você tem razão...
- Sabe que sempre pode contar comigo, pra mim você e Karol são como filhos, não gosto de vê-los separados, porque juntos são mais fortes, conseguem superar qualquer coisa. Vi vocês crescendo nesses últimos 7 anos como pessoas, como pais, dando uma educação impecável a Lorenza, comprovando que vocês unidos ultrapassam qualquer obstáculo que a vida possa criar. - olha o relógio - Mas agora meu garoto você precisa se arrumar porque em 20 minutos vamos para o local do show. Depois, você vai me prometer que vai ligar pra casa e falar com a Karol. - concluiu Alvarenga.
- Sim... vou ligar. - disse Rugge agradecido.
- Te espero la em baixo em... agora 19 min. - alertou Alvarenga entrando no quarto.
Rugge ficou ali repassando a fala de Alvarenga, analizando, compreendendo e chegando a conclusões, para então entrar e trocar se roupa para seguir com o compromisso.
Em Navarro, a tarde, depois de ficar em repouso monitorado por Amélia, Karol sentiu um cheiro de algo doce, um toque de baunilha, se levantou do sofá e foi até a cozinha encontrando Amélia fritando alguma coisa no fogão.
- O que está fazendo Amélia? - perguntou Karol.
- Estou fritando alguns bolinhos de chuva, mas porque você não esta quieitinha hein? - retornou Amélia.
- Estou me cansando de ficar deitada, além disso esse cheiro me chamou. - respondeu Karol.
- Hum... está bem, quer me ajudar? - perguntou Amélia.
- Quero sim, o que eu faço? - retornou Karol.
- Pegue uma vasilha, coloque uma xicara de açúcar e duas colheres de canela e misture bem, pra passarmos os bolinhos nessa mistura. - pediu Amélia.
- Okay. - atendeu Karol, pegando os itens.
Enquanto misturava, viu que seu celular havia ficado sobre a bancada desde a manhã, deu uma olhada, mas não havia nenhuma notificação, pelo menos não a que ela queria receber, ela suspirou, fez uma carinha de conformada e levou a vasilha com a mistura até Amélia, que lhe disse:
- Tenha um pouco de paciência, ele vai responder, você vai ver.
Karol a sorriu com os labios fechados, a ajudou a passar os bolinhos na canela e açúcar, quando terminaram de fazê-lo, Amélia levou a travessa a península, fez Karol se sentar e ambas saborearam o quitute.
- Que delicia Amélia! - exclamou Karol ao provar.
- Alguns tem recheio de goiabada. - contou Amelia.
- Humm ja quero. - disse Karol.
Na bancada o celular dela passou a vibrar, Amélia o pegou e a entregando disse:
- Alguém esta ligando!
Era Rugge, Karol afoita, bateu as mãos para tirar o excesso de açúcar, engoliu o que estava comendo, pegou o celular e atendeu:
[Ligação]
K: Oi!
R: Ka... Oi!!
K: Baloo!
R: Oi Amor, tudo bem por ai?
- ela deu um sorriso que a dias não dava, cativando Amélia que a observada -
K: Tudo bem, sentindo sua falta... e ai, como estão os shows?
R: Estão indo bem, estou sentindo muito a sua falta também.
K: Hunf...
R: Ka... me desculpa... eu ...
K: Tudo bem Baloo... ja passou...
R: Preciso te dizer algumas coisas... que deveria ter dito, feito... na sexta...
K: Quando você voltar, precisamos conversar...
R: Nós vamos, e eu vou ser todo ouvidos pra você amor de agora em diante...
- O chamam -
Eu preciso ir, mas fica bem, eu te amo, muito, não esquece, sexta estou de volta...
K: Também te amo Baloo, quebre a perna no show... e volta pra mim sexta!
R: Sempre!
K: Tchau!
R: Tchau meu amor!
[Fim da ligação]Ela desligou e colocou o celular sobre a mesa, olhou para Amélia sem conseguir não desmontrar o feliz que estava se sentindo por ele finalmente ter ligado e por ter dito a ela que a amava, era tudo que ela precisava ouvir, instintivamente levou a mão a barriga, se sentiu tranquila e segura pela primeira vez desde a noticia de que o amor havia transbordado e começado a gerar um novo membro de sua familia, e mesmo que ela tivesse relutado, agora ja amava aquela sementinha.
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Boomerang - 2 temporada
FanfictionAlguns anos se passaram, Lorenza cresceu, Karol e Rugge seguindo suas carreiras enquanto cuidam da educação e da filha. Muitas surpresas o destino vai trazer e embora eles vão por seus compromissos sempre voltam um para o outro!