Quero ir

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- Ha eu sabia! - exclamou Rugge.
- Humm - toma um gole - precisamos voltar, tem muita coisa pra organizar! - disse Karol saboreando seu suco.
- Sim amor, mais toma seu suco com calma, vai dar tempo de tudo, tranquila. - amenizou Rugge.
- Espero que as coisas que comprei pro bebê tenham chego, porque vamos ter que carregar o carro pra levar pra casa. - seguiu Karol.
- Qualquer coisa, levamos um pouco hoje e o restante amanhã, sem pressa, alias - se recorda - o pessoal do design me mandou 2 projetos pra gente escolher. - contou Rugge.
- Sério? Quero ver! - pediu Karol.
Rugge mais do que solicito, abriu os arquivos no celular e mostrou a Karol, ela analisou bem as duas possibilidades e quando foi falar, Rugge falou junto com ela:
- Eu gostei do modelo 1!
- Hahaha acho que esta decidido! - constatou Karol.
- É mais claro e bonito, vai ser bom pra ele, e pra você quando estiver amamentando, esse outro é colorido demais. Bom vou informa-los da nossa escolha. - concluiu Rugge.
Da frente do restaurante retornaram a RSP, muito mais tranquilos pois o bebê e Karol estavam bem, ainda que em atenção devido a dilatação adiantada do quadril.
Ao estacionarem na garagem do prédio, viram que Alva estava coordenando o descarregamento de uma van.
- Uau Alva, quanta coisa! - exclamou Rugge ao se aproximar vendo os volumes.
- Ah são as coisas do San, Baloo! - contou Karol ao ver as embalagens.
Rugge apenas olhou para ela com os olhos arregalados.
- Que? ... Baloo só tínhamos coisas de menina, e vamos deixar claro que a Lolo estava junto e mais empolgada do que eu. - justificou Karol.
- Ta bom... - disse ele ainda impressionado com a quantidade de coisas.
- Alva da pra ir colocando no nosso carro? - perguntou Karol.
- Claro, vou pedir pros meninos fazerem isso - olha para Rugge - Hei! Papai, Murilo esta esperando você em video chamada la em cima, melhor você subir. - respondeu e orientou Alvarenga.
Rugge balançou a cabeça para sair do transe de ver tantas caixas e sacolas, e foi em direção ao elevador meio desorientado, mas Karol o chamou:
- Baloo!
Ele deu meia volta e olhou pra ela, ainda tinha os olhos meio arregalados, como ele não esboçou nenhuma reação, Karol seguiu:
- Você não esqueceu de nada?
Ele a observou, como estava linda, ele sabia exatamente o que estava falando, caminhou até ela e a beijou suavemente, a soltou, lhe deu um beijinho na testa, lhe fez carinho na barriga, virou pra Alvarenga e pediu:
- Alva, não deixa ela tentar ajudar a carregar as coisas, nem querer organizar no carro... - pensa, olha para Karol - Sabe o que, melhor você subir!
- Acho melhor mesmo Rugge! - concordou Alvarenga ao fundo.
- Mas... - começou Karol.
- Não tem más, vamos subir, você precisa ficar mais quieta mocinha! - exclamou Rugge a conduzindo pro elevador.
- Alva, o que não couber ... - tentou dizer Karol.
- Se não couber mando a van pra casa de vocês mais tarde, tranquila! - interrompeu Alvarenga.
No elevador, ja subindo pro terraço, Rugge estava abraçado a Karol, com o queixo apoiado na cabeça dela, em um dado momento ele suspirou profundamente, o que fez Karol levantar a cabeça para olha-lo. Rugge tinha um olhar peculiar, e diferente do habitual ela não conseguiu decifrar o que ele estava expressando, com isso o perguntou:
- O que você tem? Esta bravo pelas coisas do bebê?
- Não, claro que não, quer dizer é bastante coisa, mas precisamos... - respondeu ele.
- Então o que é, você esta estranho? - retornou Karol.
Rugge não respondeu só a puxou para perto de si novamente a abraçando mais firme, antes que Karol pudesse fazer novas perguntas, o elevador chegou no último andar e a porta se abriu, Rugge a soltou, segurou a porta com o pé, deu mais um beijo em Karol e a disse enquanto ela saia do equipamento:
- Por favor se comporta, te vejo mais tarde...
Ela o ficou olhando intrigada, até a porta fechar, caminhou pelo hall, com o rosto enferruscado e pensativa, até encontrar Amélia em sua sala, mexendo nos arquivos.
- Ah! Você ja chegou, tudo certo com o bebê? - a nota pensativa - O que houve? - questiona Amélia ao ver Karol entrando na sala.
- O bebê esta bem e eu também, só... preciso ficar de olho, pois meu quadril esta dilatando mais cedo do que deveria, mas tirando isso, esta ... tudo ótimo... - responde Karol suspirando.
- Que bom carinho! Más o que esta te intrigando? - seguiu Amélia.
- Rugge... - respondeu Karol em modo automático devido a sua cabeça estar a mil pensamentos.
- O que tem ele? - retornou Amélia.
- Não sei, estamos bem, tranquilos porque eu o bebê estamos bem, chegamos aquí, Alva estava descarregando as coisas que comprei em Miami, Rugge ficou um pouco perplexo com a quantidade de coisas, mas sabe que precisamos e eu não comprei nada além da lista que fizemos, mas ao entrarmos no elevador ele ficou um pouco raro... tanto que eu não consegui entende-lo ... nem no nosso dialeto... - contou Karol.
- Humm... acho que sei o que aconteceu... - começou Amélia.
- O que? - questionou Karol.
- Ele se deu conta que o bebe esta mais próximo de chegar, afinal faltam menos de 2 semanas pra você entrar no oitavo mês...Você sabe que ele ja se preocupa com você normalmente, agora vai ser triplicado... ele deve estar ponderando muitas coisas... - tentou faze-la entender Amélia.
- Creio que seja isso... - pensou alto - Ja volto Amélia! - disse Karol saindo indo pro elevador.
Karol desceu até o quinto andar, saiu do elevador como se a porta nem existisse, foi a passos largos até a frente da cabine de gravação onde ela sabia que Rugge estaría. Como esperado ele estava la passando detalhes de bateria com o percursionista que indicou Karol para Rugge, que saiu da cabine quase na mesma velocidade que ela. Se encontraram no corredor, Karol o puxou para outra sala e fechou a porta, antes que Rugge pudesse proferir qualquer palavra ela o abraçou, instantes depois disse:
- Eu sei que você esta preocupado...
Ele a deu um beijinho na cabeça, a soltou, segurou o rosto dela com as mãos, a olhou fixamente, fazendo pequenos carinhos com seus polegares nas bochechas dela e com certo embargo na voz ele disse:
- Ainda que eu tenha plena confiança de que vai ficar tudo bem... ainda sim eu tenho medo...
- Estamos bem Baloo e ele vai chegar saudável e você nem vai se lembrar desses medos... - interpôs ela.
Rugge umideceu os labios, seguiu firmemente olhando para ela, respirou fundo, soltou o ar em um suspiro bem sonoro e começou:
- Se acontecer alguma coisa com você...
- Não vai acontecer nada! Vamos estar juntos é isso que importa! - interrompeu Karol.
- Eu vou viajar ainda Ka, você vai ficar sozinha, grávida de... praticamente 8 meses, com a Lolo se recuperando de uma lesão, com mil coisas pra fazer aquí e em casa... - tentou se fazer entender ele.
Karol segura as mãos dele, as levas até sua barriga, pois o bebê estava se movendo bastante, seguem trocando olhares e ela o diz:
- Vamos ficar bem Baloo, você vai, faz os shows, faz seus fãs felizes com as suas musicas incriveis e com todo esse talento lindo que você tem e volta pra mim, como sempre!
- Você é a minha prioridade... - tenta começar ele.
- Eu sei e você é a minha e eu quero ver você feliz fazendo o que gosta. Eu te prometo que vamos ficar bem, que vamos nos falar por video chamada ou telefone como sempre fazemos, e se acontecer algo você vai ser o primero a saber. - interrompeu mais uma vez ela.
- Esse é o problema amor, acontecer alguma coisa e eu não estar! - exclamou ele.
- Rugge você precisa se preocupar com o que pode controlar, o que não pode você tem que deixar fluir. Nós não podemos controlar o que vai acontecer com a Lorenza o tempo todo, não podemos controlar tudo que acontece durante a gravidez e o Santiago vai chegar a hora que ele quiser chegar, o importante é sabermos o que fazer caso aconteça qualquer coisa. Eu não quero ver você pensando muito sobre isso, você não vai perder nossos filhos e nem a mim entendeu? - deixou claro Karol.
- Tem razão... - concorda ele.
- Hunf ... eu sei que você vai continuar pensando nisso... - disse Karol.
- Eu vou tentar não pensar tanto... - disse ele a abraçando.
Depois de alguns minutos, eles se soltaram e Karol disse:
- Preciso voltar la pra cima, e sei que você também esta ocupado.
Rugge confirmou gestualmente, a deu um beijo suave, se abaixou dando um beijo na barriga e acompanhou Karol até o elevador, antes da porta se fechar os dois se balbuciaram " Te amo".
Quase na hora de terminar o expediente, Rugge percebeu que ficou tão atrelado ao trabalho que nem notou a hora passar, deixou tudo organizado para seguir no dia seguinte, pegou seus pertences e subiu para buscar sua esposa.
Quando saiu do elevador viu Karol conversando com Amélia caminhando até ele:
- Amanhã fechamos esses dois itens da agenda e fica só a questão da Adnice pra resolver e a obra, assim não ficamos sobrecarregadas, porque a Karla vai ficar fazendo chamadas o tempo todo agora. Bom é isso, até amanhã Amélia!
- Oi! - se fez ver Rugge.
- Baloo! - exclamou Karol.
- Vamos, ja esta na hora, temos uma mocinha pra buscar na escola! - a lembrou Rugge.
- Sim, sim, vamos! - disse Karol segurando na mão dele.
- Tomará que tenha saido tudo bem na escola! - desejou Amélia.
- Assim esperamos! Até amanhã Amélia! - se despediu Rugge.
Eles desceram até o piso garagem e quando chegaram la encontraram Carlos os esperando.
- Ué Carlos que houve? - perguntou Rugge.
- Vou atrás de vocês, as coisas não couberam no carro. - respondeu Carlos apontando pra van.
Karol olhou para o lado se fazendo de distraida, Rugge riu, e disse para Carlos os seguirem.
Como não era muito o horário de Rush a estrada não estava tão congestionada, Rugge parou em casa para deixar Karol, para acompanhar Carlos no descarregar da van e seguiu rumo a escola primaria para buscar Lorenza.
Ao chegar na escola e entrar no estacionamento, viu uma macaquinha saltitando acompanhada da professora vindo em direção ao carro, Rugge estacionou e desceu do veiculo, antes que pudesse contorna-lo, Lorenza o abraçou forte dizendo rindo:
- Papá!!
- Oi princesa!! - a ergue no colo - Como foi?? - perguntou Rugge.
- Deu tudo certo, é como se nada tivesse acontecido, ela se comportou muito bem e respeitou muito a limitação do joelho. - respondeu a professora.
- É?? - indagou ele para Lorenza.
- Simmm Pá!! Eu quero voltar amanhã, quero voltar todos os días, eu tava sentindo falta de tudo!! - respondeu Lorenza.
- Bom sendo assim, diga "até amanhã" para professora. - orientou Rugge.
- Tchau profe, até amanhã!! - disse Lorenza.
- Até! - retribuiu a Professora.
- Bom vamos pra casa mocinha! - disse Rugge contornando o carro com Lorenza no colo.
Ele a colocou no banco de trás e foi se sentar no banco do motorista.
- Coloca o sinto direitinho filha. - pediu ele.
- Sim Pá... Pá cade a mamãe? - perguntou Lorenza.
- Esta em casa pois foram descarregar as coisas que vocês compraram pro seu irmãozinho. - respondeu Rugge.
- E ela ta bem, como foi com a Tia Marta? - seguiu Lorenza.
- Ela esta bem sim, foi tudo bem la no hospital, seu irmão cresceu mais um pouquinho, esta tudo bem com ele e com a mamãe. - respondeu Rugge.
- Então foi saudade de você mesmo. - constatou Lorenza.
- Provavelmente filha. - disse Rugge chegando no portão de casa.
- Ela te ama muito Pá... - diz Lorenza.
- Quem a mamãe? - questiona ele.
- Obvio quem poderia ser?? - debocha Lorenza.
- Ela ama sim, mas eu a amo muito mais! - responde ele.
- E eu amo você muito muito mais, como diz naquele filme antigo é... mil milhões mais!
Rugge estacionou o carro na garagem, desceu, abriu a porta pra Lorenza, quando foi a caminho da porta de entrada viu Karol pegando algumas sacolas e correu até ela.
- Karol solta essas coisas! - brandou ele.
- Ai que susto Baloo, calma são só sacolas com roupinhas bem leves. - disse Karol.
- Deixa essas coisas ai, vai pra sala de tv ficar quietinha la, leva a Lolo contigo. - induziu ele.
- Rugge! - começou ela.
- Não abuse amor, sem mais, vai com a Lolo pra dentro, deixa que eu ajudo o Carlos. - pediu Rugge mais ameno.
- Ta... - atendeu Karol, o dando um beijinho na bochecha e indo pra dentro com Lorenza tentando levar uma sacola.
- Nahhh - barrou Rugge pegando a sacola da mão dela.
- Vem mami!! - pediu Lorenza colaborando com seu pai.
Rugge piscou para a filha, olhou para Karol como se dissesse, "depois você ve tudo.".
Karol foi com Lorenza para sala de tv, se sentou bufando, contrariada, pois queria pelo menos separar as roupinhas pra levar pra lavanderia, em meio aos seus pensamentos rápidos Lorenza se sentou ao seu lado, a olhou com ternura e disse:
- Papai só está cuidando de você Mami, não queremos que nada de mal te aconteça.
Karol não resistiu ao olhar e a forma de falar de sua filha, a encheu de beijinhos e algumas cócegas. As duas ficaram ali abraçadas, assistindo a tv enquanto Rugge seguia ajudando Carlos a descarregar a van.
Algum tempo depois, exausto ele vai até a sala se joga no sofá ao lado de Lorenza suspirando sonoramente e dizendo:
- Uh... cansei...
- Descarregaram tudo Pá? - perguntou Lorenza.
- Fizemos mais que isso, levamos tudo pra cima e colocamos no quarto de hóspides. - respondeu Rugge.
- Baloo... - começou Karol.
- Fala amor... - atende ele.
- As roupas vão ter que descer pra lavar... - seguiu ela.
- Hum... é verdade, mas ai a gente coloca tudo nos cestos e eu trago pra lavar, sem problemas. Pelo menos você ficou aquí tranquila, sem se preocupar e sem se esforçar sem necessidade. - disse Rugge.
- Eu posso continuar fazendo as coisas e você sabe disso. - brandou Karol o olhando firme e com a expressão um pouco brava.
- Eu sei que pode, mas por hora esse tipo de coisa é melhor não, precisa pegar mais leve Ka! - exclamou ele.
- Hei! Vocês não vão brigar não é? - interrompeu Lorenza ao ver os ánimos se agitarem.
- Não vamos bagunceirinha, ta tudo bem, estamos só conversando, não é mamãe? - contornou Rugge.
- É sim pequena, ta tudo bem... - complementou Karol ainda que estivesse olhando para Rugge erguendo a sobrancelha esquerda lhe dizendo com o olhar que conversariam mais tarde.
Rugge lhe respondeu gestualmente que concordava, desviou os olhos dos dela e pegou seu celular no bolso, entregou a Lorenza lhe dizendo:
- Bom mocinha, você que vai escolher o que vamos jantar, porque estou bem cansado pra fazer alguma coisa, então escolhe, pede e me devolve o celular pro papai pagar.
- Oba!!! - se lembra - Ah ... a mamãe não pode sushi... - disse Lorenza.
- Mas posso comer algum prato quente... - disse Karol.
Lorenza pediu o jantar, entregou a seu pai o celular para efetuar o pagamento, em poucos minutos fizeram a entrega e eles jantaram na sala de tv mesmo. Após comerem, com Lorenza pegando no sono, Rugge desligou a tv e os três subiram para o segundo andar, Karol cuidou da filha, a dando banho, a fazendo escovar os dentes, a acompanhou até a cama, a cobriu lhe deu um beijinho e um carinho de boa noite e deixou Rugge com a menina para lhe contar uma historia para dormir, enquanto Karol seguiu para seu quarto para cuidar de sí mesma e se arrumar para dormir também.
No quarto do casal, após ter sucesso com a historia pois Lorenza apagou de sono, Rugge encontrou Karol puxando as cobertas para se deitar na cama, ele se aproximou se fazendo ver e a disse com uma voz infantilizada:
- Se ta baba?
- Não sei... - respondeu ela secamente, mas querendo rir por dentro.
- Ah amor não fica baba comigo... eu só to cuidando de você... - disse Rugge se aproximando e a fazendo carinho no cabelo.
- Então me deixa fazer as coisas que fazia até então, fui eu que carreguei o carro em Miami, eu sei quais os meus límites... - pediu ela.
- Eu não vou brigar com você e nem quero, só quero que você tome mais cuidado pelo menos pelos próximos dias, você passou mal ontem amor, ontem, eu não quero você passando mal outra vez... - a da um selinho - Agora chega disso, vamos descansar porque amanhã vai ser aquela loucura outra vez. - disse Rugge a ajudando a se deitar na cama e posteriormente se deitando também ficando abraçado a ela.
Rugge ficou fazendo carinho na barriga de Karol até os dois pegarem no sono, foi rápido pois o bebê estava bem quietinho.
Na beira do magestoso lago que tudo sabe, tudo prevê, com aquela brisa levemente mentolada vinda dos eucaliptos, estava um menino, de cabelos castanhos e olhos verdes aguamarina quase azuis, colhendo algumas flores do campo. No alto da colina, Amadeu vinha correndo chamando por Berta, que ao ouvi-lo parou para espera-lo, quando ele chegou até ela a perguntou:
- Berta, você soube?
- De que? - retornou ela.
- Santiago pediu para falar com Emmanuel. - respondeu Amadeu.
- Com Emmanuel, mas porque? - seguiu Berta.
- Parece que ele quer acelerar o processo. - respondeu Amadeu.
- Céus... gratidão por me contar Amadeu! - vê Benedita proxima a ela - Bene viu Santiago?? - perguntou Berta.
- Estava na beira do lago colhendo flores Berta. - respondeu Benedita.
- Obrigado Bene, vou atrás dele... - agradeceu Berta.
Berta caminhou em passos acelerados até a beira do lago, não demorou muito para que ela encontrasse seu bisneto. Ela se aproximou com cuidado e com a voz mansa disse:
- Bene me disse que você estaría aquí, o que esta acontecendo meu pequeno adamati... soube que pediu para falar com o Emmanuel... quer me falar sobre isso?
- Estou com saudade bisa... - respondeu o menino continuando colhendo as flores.
- Todos temos saudades dos que estão no outro plano meu pequeno... - começou a dizer Berta.
- Mas eles podem vir até aqui visitar... - interrompe Santiago olhando para as flores em suas mãos.
- Justamente e esse é o momento em que diminuimos a saudade. - contrapôs Berta.
- Sim Bisa... mas a mamãe é a única que ainda não veio e sinto mais falta dela do que qualquer outro... - disse Santiago lhe entregando o pequeno raminho de flores.
Berta o olhou com mais atenção, sabia que o menino colhia flores todos os días após as tarefas para dar a sua mãe, mas além disso, ele parecia muito triste. O menino que estava com a cabeça abaixada esperando sua bisavó lhe dizer algo, levantou a cabeça e Berta pode ver as lágrimas escorrerem dos olhos do menino que a disse:
- Eu quero ir... eu quero a minha mãe...
- Mas você não esta aproveitando os momentos de ligação com o corpo para senti-la no físico? - perguntou Berta.
- Não bisa, você não esta entendendo ...- chora - Eu quero abraça-la, ganhar seus carinhos, sentir seu perfume, lhe entregar as flores todos os días... - respondeu Santiago muito tristonho.
- Oh ... meu pequeno... - sente a dor do bisneto verdaderamente, lhe faz cafuné - Vou falar com Emmanuel... - se compadece Berta.
- Por favor Bisa! - implora o menino.
- Precisa estar ciente de que o tempo ja é determinado, ainda que flexivel... se não tivermos autorização não podemos fazer muito a não ser esperar, você entende? - explica e pergunta Berta.
- Sim Bisa... - compreende Santiago.
Berta o puxa para um abraço, o menino quase desaba em seus braços, ela o segurou firme, se sentou com ele sobre a pedra, tentanto lhe transferir energías mais sutis e luminares, para que ele se sentisse melhor. Ficou ali com ele por um bom tempo, até ser chamada a voltar para suas tarefas, mas preferiu não desgrudar de seu bisneto por hora e o levou junto.
Por volta das 5:00 da manhã Karol acorda sozinha, sentindo o bebê se mexendo bem suavemente, se sentou na cama cuidadodamente para não acordar Rugge, ergueu a blusa do pijama e passou sentir seu filho, em alguns momentos até fez algumas pressões para faze-lo se mover. Em um dado momento Rugge se virou na cama, com os olhos entreabertos percebeu que ela estava acordada, ele deslizou um pouco mais para baixo, passou o braço amparando a barriga de Karol em baixo e deixou o rosto colado a ela para ouvir o bebê e seguiu dormindo nessa posição por mais um tempo, até o relogio anunciar a rotina. Karol mais do que rapido o desativou, pegou o celular para dar uma olhada nas questões do dia, enquanto isso fazia cafuné em Rugge, que com o movimento acabou acordando devagar e deflagrando alguns beijinhos suaves na barriga dela.
Minutos mais tarde a atenção de Karol caiu sobre a porta do quarto se abrindo.
- Não estão atrasados? - perguntou Lorenza entrando no quarto.
- Ja vamos pequena... - respondeu Karol a fazendo sinal para se aproximar.
Lorenza foi correndo até a cama e abraçou sua mãe, a soltou e a ficou olhando profundamente por alguns segundos até que disse olhando para o pai:
- Pá... eu tenho escola...
- Hum... queria ficar aqui... - disse Rugge.
- Mas não pode não! - brandou Lorenza aos risos contidos e incentivos de Karol.
- Tudo bem... porque não vai descendo e organizando o café da manhã... - propôs Rugge.
- Posso mami? - pergunta ela a Karol.
- Pode, mas só as coisas que estiverem ao seu alcance e... - começou a responder e orientar Karol.
- Nada de facas e mexer com fogo... ja sei! - interrompeu Lorenza.
- Isso! - confirmou Karol lhe dando beijinhos de Eskimos.
Lorenza saiu do quarto saltitante, com a deixa Rugge encheu a barriga de Karol de beijinhos sendo retribuido pelo bebê algumas vezes, depois a deu beijinhos no pescoço e alguns selinhos.
- Temos que ir...- pediu Karol tendo mais um selinho roubado.
- Ela - selinho - Sabe - selinho - se cuidar - selinho - disse Rugge.
- Não digo pela Lolo - segura o rosto dele - digo pelo atraso pra chegar na empresa seu bobo. - disse Karol.
Rugge a deu um beijo e se levantou, contornando a cama rápido para ajuda-la a se levantar.
- Tem toda a razão senhora. - disse Rugge ao levanta-la.
Os dois se trocaram, Rugge desceu para ver o que Lorenza estava fazendo, ela havia organizado até que muito bem a mesa pro café, mas ele a orientou a subir para trocar de roupa, assim ela o fez. Tomaram café da manhã, pegaram seu pertences e seguiram o esquema do dia a día. Lorenza na escola, autoestrada, cidade autônoma, RSP e muito trabalho.
No outro plano, Berta estava a procura de Emmanuel para conversarem, mas não o encontrava em local algum, até que ela o viu subindo a colina e foi a passos largos até ele, ao encontra-lo ele a disse:
- Estava a sua procura Berta.
- Que bom, pois eu estava te procurando também.
- Eu sei, mas antes quero que veja uma coisa, me acompanhe por favor. - disse Emmanuel.
Eles seguiram caminhando rumo ao topo da colina, Emmanuel era um ser de Luz de poucas palavras mas de muitas atitudes nobres e benevolentes, Berta sabia que pouco precisava falar, pois Emmanuel sempre se enteirava de tudo apenas observando. Ao chegar no topo da colina, foram rumo a praça central, um lugar exuberante, com árvores bem altas em tons claros, era como se elas absorvessem a luz do sol e a expandissem para o espaço, a grama era fofa em muitos tons de verde, flores aos montes de muitas espécies, cores e perfumes que conferiam ao ar aromas indescritiveis e inebriantes, mais à frente, bem ao centro da praça que era um circulo, envolto por bancos brancos para três lugares muito adornados e ricos em detalhes, feitos da madeira das árvores predominantes no local, pareciam entalhados a mão devido sua sutileza, em um desses bancos haviam duas pessoas sentadas, foi quando Emmanuel finalmente falou:
- Veja!
E la estava Santiago sentado, ao lado de um homem de cabelos medianos, vestes simples e muito claras sem definição de cor pois mudavam conforme o ponto de vista, ele conversava com o bisneto de Berta que o olhava atentamente.
- Ele veio apenas para falar com meu bisneto? - perguntou Berta.
- Ele veio para ver como andam as coisas, mas sim veio principalmente por Santiago. - respondeu Emmanuel.
- Você o contactou? - seguiu Berta.
- Na verdade não tive muito tempo, e me parece que ninguém também o fez. - respondeu Emmanuel.
- Mas como?? - questionou pensando em voz alta Berta.
- Santiago é filho de adamatis Berta, ele tem a centelha original... - começou a responder Emmanuel.
- Ele o contactou sozinho... - disse deslumbrada Berta.
Emmanuel apenas acenou com a cabeça confirmando o pensamento de Berta. Nos minutos seguintes ela viu seu bisneto abraçando o homem firmemente, que ao soltar o menino lhe deu aparentemente ultimas orientações  segurando em seu ombro e o olhando com ternura, se despediram  o homem seguiu até o norte da praça e subiu feito luz.
Santiago ao ver sua bisavó correu até ela, Emmanuel os deixou sozinhos para seguir com seus afazeres. Antes que Berta pudesse dizer alguma coisa, Santiago a falou:
- Eu posso ir bisa!
- Teve permissão do alto, acho que não há o que questionar. - disse Berta o fazendo cafuné.
- Mas vai demorar so um pouquinho, a mamãe e o papai precisam estar mais prontos, mas vou em breve. - seguiu Santiago.
Berta o olhou com carinho, mas com um leve pesar no olhar, o menino percebeu, lhe abraçou e lhe disse:
- Eu prometo vir sempre que puder pra ver a senhora e vou trazer a Lolo e quem sabe a mamãe...
- Sua mãe terá o tempo dela para vir, mas se meus pequenos adamatis vierem ficar um pouco comigo, não vou sentir tanta saudade. - disse Berta.
- Vamos vir bisa, tenha certeza disso! - garantiu Santiago.
- Esperarei com muito amor meu pequeno e os cuidarei onde forem. - concluiu Berta docemente.

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