O momento

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Estando finalmente em casa, com Santiago dormindo tranquilo, Karol pode relaxar, acabou pegando no sono abraçada a Lorenza. Ruggero ao perceber a hora, se senta na ponta do sofá com cuidado, nota sua mãe também acordada vendo a tv, ele a olha a chamando a atenção e a diz baixinho:
- Vou subir pra arrumar o berço no nosso quarto. Eu iria fazer isso na semana que vem, mas alguém resolveu se adiantar.
- Verró con te figlio. - disse Antonella sussurrando levantando do sofá.
Ruggero se levanta, da uma olhada em Karol e Lorenza, passa pelo carrinho observando Santiago e vai em direção a escada junto com sua mãe.
No corredor no piso superior, Ruggero pega as peças do berço que estavam no quarto de hospedes ja separadas, enquanto sua mãe pegava o colchãozinho, protetores e demais itens de conforto. Dali foram para o quarto do casal, Ruggero começou a montar o bercinho redondo, a última vez que esse móvel esteve ali foi há 8 anos, o que trouxe muitas memórias durante a montagem. Era um berço todo de encaixar e travar, fácil de montar, em alguns minutos estava pronto. Como trabalho de formiguinha Antonella foi passando item por item para Ruggero ir colocando no móvel, primeiro o colchão, depois os protetores, o lençol, travesseiro, a haste para pendurar o mobile e o mosqueteiro e finalizaram.
Ruggero sentou na cama e ficou olhando para o berço uns minutos, muito quieto ao ponto do silêncio perturbar Antonella que sem exitar o quebrou:
- O que esta pensando figlio?
- Que com toda a imaginação que eu pudesse ter na época, acho que eu nunca vislumbrei um futuro, onde eu e Karol estaríamos casados, nos amando cada dia mais, que teríamos uma filha e depois mais um filho... Deus... eu a amo tanto e sou tão grato Mamma, tão grato...
- Tudo trouxe vocês até aqui. Confeço que no começo desse ano eu tinha certeza de você e Karol não me dariam outro neto, mas as coisas não são como queremos e sim como precisam ser... e olha só, nós aqui montando esse berço outra vez depois de tantos anos, chegou um lindo bambino pra trazer mais alegria ainda pra essa casa. - disse Antonella.
- A nossa vida vai mudar de novo... - começou Ruggero.
- Mas essa é a dinâmica da vida figlio mio, a mudança, mas nesse caso é uma mudança boa e, se nota, se nota que mesmo que esteja cansada Karol esta muito feliz, Lolo nem se fala... e não sei, pode ser sensação minha, mas sinto que agora tudo está completo. - interrompeu Antonella.
- Pra quem não queria de jeito algum, Karol se superou todos esses dias... - seguiu Ruggero.
- Porque ela tem você... você é o porto seguro dela e sempre será figlio... mas mudando de assunto... nem tanto... e a família, quando vamos contar que Santiago já chegou? - perguntou Antonella
- Já tínhamos marcado o chá de bebê, acho que podemos deixar como está, só que agora vai ser um Chá com o bebê. Pelo menos assim Karol tem mais uma semana pra se readaptar em casa e criar nova rotina e eu não preciso me preocupar com os sermões por hora e posso me dedicar a minha esposa e meu... meus filhos. - respondeu Ruggero.
Antonella olha seu filho com ternura, ela sabia que por mais que Ruggero dissimulasse muito bem, ele estava muito mexido com tudo, estava superando cada coisa por vez, mas parecia ainda não ter caído completamente a ficha de que ele acabará de ser pai, sem se perder muito em seus pensamentos, ela concordou:
- Vou concordar, porque essa fase de adaptação em casa deve ser respeitada, ainda mais depois de terem passado tempo no hospital.
- Isso sem contar que quero que o pourperio de Karol passe da melhor forma possível. - inteirou Ruggero.
- Sim figlio, é uma fase bem intensa, essa semana vai dar um fôlego pra vocês, no mais deixa que eu resolvo tudo, mas creio que eu vá pedir ajuda a Amélia. - seguiu Antonella.
- Tenho certeza de que Amélia vai ficar muito feliz em ajudar Mamma. - diz Ruggero seguido de um suspiro.
- Tem algo mais te incomodando? - questionou Antonella.
- Vou ter que conversar com o Alva segunda, porque a agenda foi feita pensando que Santiago nasceria de 38 semanas... - respondeu pensativo Ruggero.
- Isso significa que tem algo na agenda para a próxima semana? - retornou Antonella.
- Tem show marcado... agora não sei como vamos fazer... não quero deixar Karol soz... - exteriorizou Ruggero.
- Tenho certeza que o Alva vai dar um jeito, até porque tudo saiu dos planos e a vida é assim mesmo figlio mio, quando pensamos que temos controle não temos.
- É segunda vai ser longo... - escuta um chorinho ao longe - Parece que alguém acordou! - disse Ruggero se levantando e saindo do quarto rápidamente com sua mãe logo atrás.
Desceram as escadas e como Ruggero imaginava Karol até havia acordado, mas estava sonolenta, ele foi pelo bebê o tirando do carrinho, nitidamente era fome, ele o levou direto a Karol, que ainda parecia fazer muito esforço para se manter acordada, mas soltou Lorenza que se acomodou ao seu lado,  segurou Santiago com cuidado e ajustou tudo para que ele pudesse mamar.
- Tá tudo bem? - perguntou Ruggero preocupado.
- Sim... só estou cansada... - respondeu Karol.
- Tem certeza amor? - insistiu Ruggero vendo a dificuldade de Karol ficar com os olhos abertos.
Ela apenas confirmou com a cabeça.
- Figlio, ela está finalmente na casa dela, sabendo que o neném esta bem, é só cansaço. - falou baixinho Antonella.
- Sua mãe esta certa Baloo... - falou Karol bocejando.
Ainda não muito crente na resposta Ruggero seguiu:
- Depois que ele mamar você vai lá pra cima, tomar um banho e deitar na cama, eu fico de olho nas crianças e depois levo o jantar pra você.
- Não sei nem se vou conseguir abrir os olhos quisá subir as escadas... - disse Karol.
- Bom qualquer coisa eu te levo. - concluiu Ruggero.
- Vocês dois precisam de descanso figlio. - alertou Antonella.
- Eu só vou conseguir descansar quando estiver tudo certo... bom vou arrumar as coisas pra fazer o jantar... - começou Ruggero.
- Niente va, tu resta qui, lascia che io mi occupi di queste cose. - deixou claro Antonella saindo da sala.
Ruggero vendo que não haveria negociação com sua mãe, se senta ao lado de Karol e passa a observar seu filho mamar.
Passado alguns minutos de mamada, Karol conseguiu abrir um pouco os olhos e olhar para Rugge e o pediu baixinho:
- Baloo, preciso de água.
- Vou buscar Moglito - sussurra Ruggero a dando um beijinho na testa.
Ao entrar na cozinha, Rugge foi recebido na base do sermão pela sua mãe:
- Ruggero! Non ti ho detto che dovevi stare con Karol e io mi occuperò della cena?!
- Mamma Sono solo venuto a prendere l'acqua per Karol, non preoccuparti. - respondeu Rugge sorrindo.
- Ah... bene... - reagiu Antonella.
- Mas me conta o que esta preparando? - perguntou Rugge enquanto enchia o copo com água.
- Ricca carne in pentola con molte verdure, riso e patate al forno, e per dessert il tiramisù che è già in frigo! - respondeu Antonella.
- Perfetto Mamma, comer comida boa depois de quase uma semana comendo aquela comida bleh do hospital, vai ser bem afetivo! - disse Rugge dando um beijinho na bochecha da mãe antes de voltar para a sala de tv, deixando Antonella de coração quentinho.
Na sala de teve Rugge ajuda Karol a tomar a água, mas foi surpreendido com o quão rápido ela terminou o copo inteiro.
- Nossa amor, eu sei que amamentar da sede, mas nunca vi você beber água assim tão rápido. - constatou ele.
- Baloo eu estava sem beber nada desde que saímos do hospital, eu estava sedenta... aliás nem acredito que já estamos em casa... - exteriorizou Karol.
- Sendo sincero, eu também não, mas estou feliz que vocês dois estão bem... - conta Rugge a dando um beijinho na testa e fazendo carinho na cabeça de Santiago.
- Mami... - chama Lorenza - cadê você?
- Estou aqui pequena do seu lado. - responde Karol.
Lorenza senta bruscamente.
- Hei, hei, calma, estamos aqui filha, esta tudo bem. - adverte Rugge.
A menina coça os olhos, olha para os pais e suspira, quando se atenta melhor a visão percebe seu irmão mamando:
- Ele ta mamando?
- Está sim filha, mas já está quase acabando... - confirma Karol.
- Humm e esse cheiro? - segue Lorenza.
- Tua Nonna está preparando o jantar. - responde Rugge.
- Então isso é cheiro de carne de panela e batata!! - afirma Lorenza levantando o indicador.
- É sim princesa, nonna ta caprichando! - contou Rugge.
Contudo Lorenza perdeu a atenção na comida, pois passou a observar Santiago mamando, se colocando mais perto de sua mãe para olhá-lo o mais próximo possível.
O bebê mamava tranquilo, com os olhinhos semicerrados, a sucção estava diminuindo e ele parecia estar cada segundo mais relaxado, as mãozinhas estavam soltinhas, não demorou muito e ele soltou do peito, deixando um pouco de leite escorrer pelo cantinho da boca, o que fez Lorenza dizer:
- Nossa, acho que estava muito bom esse leite!
Karol fechou a blusa e pediu a Lorenza que lhe alcançasse um paninho para enxugar a boca de Santiago, assim que Lorenza o fez, Rugge pediu:
- Me da ele um pouquinho Moglito, eu faço ele arrotar.
Após enxugar a boca de Santiago com cuidando, ainda que ele reagisse com espasmos primarios de bebê, Karol passou o menino para o pai que o levou de encontro ao peito lhe dando pequenas batidas nas costas seguidos de cheirinhos.
- Ele é muito fofinho - exteriorizou Lorenza em meio a um ataque de fofura.
- Ele é... - confirmou Karol.
- A cara do papai, são muito iguais! - notou Lorenza.
- Isso é verdade... - concordou Karol.
- Scolpito a carrara, como diría mía Mamma. Já vou servir o jantar, esta quase pronto. - interrompeu Antonella entrando na sala.
- Nonna diz pra mim que esse cheiro é de carne de panela e batata! - exclamou Lorenza.
- É sim mi bambina! - confirmou Antonella.
- Quer ajuda Nonna? - seguiu Lorenza.
- Quero sim princesa! - acatou Antonella.
Lorenza deu um beijinho em sua mãe, fez carinho nas costas do irmão, piscou para o pai e saiu junto a sua avó rumo a cozinha.
- Ela esta toda boba... - disse Ruggero.
Karol apenas o sorriu em acordo. Era notório que estava se recuperando aos poucos, física e psicológicamente, não foi uma gestação em seu início consciente, foi um parto prematuro, quando ela pensou que estava se adaptando a ideia e que ainda teria tempo, Santiago resolveu que era hora.
Ruggero entrou em relaxamento com o filho no colo, fechou os olhos e quase dormiu, Karol ao perceber o chamou baixinho:
- Baloo... - ele semicerrou os olhos - Ele já está molinho, melhor colocar ele no carrinho pra gente poder jantar.
Ruggero fez bico e disse:
- Não, tá tão bom assim, deixa ele aqui, quando mia Mamma vier eu coloco ele no carrinho.
Karol o olhou com ternura e o fez cafuné, contudo segundos depois Antonella foi chama-los para jantarem. Ruggero mesmo renitente levou Santiago até o carrinho o deitando bem devagar para não acorda-lo. Dali ele e Karol foram rumo a cozinha se juntarem a filha para finalmente comerem uma refeição saborosa e afetiva. Antes de entrarem na cozinha, Rugge puxou Karol bruscamente contra si, ela se assustou brevemente mais ao encontrar olhar dele suspirou, ele simplesmente a beijou amorosamente, seguido de um beijinho de esquimó e a soltou para que ele seguissem até a cozinha.
Depois de saborearem o jantar tecendo elogios a Antonella, ela constatou:
- Pelo jeito a comida do hospital era daquele jeito..., isso que vocês nem comeram o tiramissu.
- Mamma aquilo era sem sal, sem gosto, sem sua mão e seu amor! - exteriorizou Ruggero.
- Tem tiramissu? - perguntou Karol com os olhos brilhando.
Era como se ela tivesse ganho uma injeção de ânimo repentina.
- Tem sim, vou pegar porque estou vendo que estão terminando. - disse Antonella se levantando e indo até geladeira.
- Vou pegar os pratinhos de sobremesa Nonna. - disse Lorenza indo ajudar.
O tiramissu estava tão bom que o pratos pareciam recém lavados de tão limpos, metade da torta foi consumida com sucesso. O açúcar e o amor de Mãe pareciam ter sido o que faltava para que Karol e Ruggero ficassem mais animados e falantes, o que foi a deixa para Lorenza começar a fazer perguntas sobre como tinha sido o nascimento do seu irmão e seus pais lhe contarem da melhor forma possível.
Em meio a conversa se ouviu um chorinho ao fundo, quando todos perceberam, Rugge se levantou, deu um beijinho na bochecha de Karol e exclamou saindo da cozinha.
- Deixa que eu vou, é fralda, é o meu momento!
- Ué não entendi... - exteriorizou Lorenza.
- hehe seu pai quando troca a fralda do seu irmão, se conecta com ele, assim como eu quando o amamento, cada um tem seu momento. - percebe a filha pensativa - Ja já você também vai encontrar o seu pequena. - explicou Karol.
- Como um tempinho só seu e dele? - seguiu a menina.
- Isso mesmo, logo você vai descobrir qual é o seu, e quando vocês forem mais velhos essa conexão continuará da mesma forma como na primeira vez. - respondeu Karol.
Antonella terminou de comer e se levantou pra tirar os pratos e ir agilizando a limpeza.
- Quer ajuda Nella? - pergunta Karol.
- Não se preocupe, aproveite pra curtir e matar a saudades dessa mocinha, que só falou do pai e da mãe e nenhuma coisa a mais todos esses dias. - Respondeu Antonella.
Karol concordou com a cabeça, puxando Lorenza para mais perto de si.
- Deixa eu olhar pra você... - disse Karol analisando Lorenza em cada cantinho.
Lorenza a sorriu, seus olhos encontraram os de sua mãe, ao olhar bem dentro daqueles olhos azuis esverdeados, a menina sentiu que era hora de deixar a insegurança de que algo ruim aconteceria com sua mãe, era o momento de encerrar o ciclo daquele pesadelo antigo.
- Uma semana e você cresceu mais um pouquinho filha... - constatou Karol.
- Foi bem pouquinho mami, é que agora eu já sou a irmã mais velha. - completou Lorenza.
- Vai ser sempre a minha bebezinha! - exclamou Karol a enchendo de beijinhos e afagos.
- Ah como ela sentiu falta disso... - exteriorizou Antonella.
- Mas agora já estamos em casa minha pequena e vamos ficar por aqui bastante tempo agora! - deixou claro Karol.
- Foi a semana mais longa da minha vida. - contou Lorenza.
- Ai filha se eu te contar que pra mim e pro papai também foi - dizem juntas - parecia que os dias demoravam horas pra passar. - revelou Karol.
Enquanto elas seguiam com sua conversa e Antonella terminava de organizar a cozinha, Ruggero voltou a cozinha más com Santiago no colo.
- Baloo, era só pra trocar ele, esperar ele relaxar e coloca-lo no carrinho de novo. - brandou Karol baixinho.
- Ah não, deixa eu ficar com ele, eu quero ficar sentindo esse cheirinho, e não sei ele me deixa mais calmo. - contrapôs Rugge.
- Tudo bem, só porque ele ainda tá meio acordado... - deixou Karol.
Lorenza que estava observando o pai, virou para sua mãe e disse:
- Sabem, vocês fazem bebês bonitos!
Todos riram e Ruggero disse olhando para Karol:
- Eu sempre disse, mas acho que depois desse dominamos a arte de fazer bebês.
- Concordo. - endossou Karol.
- Isso quer dizer que talvez eu tenha mais irmãos? - questionou Lorenza.
Antonella levou a mão a boca a tampando e Ruggero logo começou:
- Filha mamãe acabou de ter esse, não é simples a coisa e você viu que não é...
- Derepente, porque não... - interrompeu Karol.
- Que? - questionou atônito Ruggero.
- O futuro é incerto Baloo tudo pode acontecer... - respondeu Karol.
- Ah "tudo pode acontecer", você ouviu isso Mamma? - indagou Ruggero para sua mãe.
- Karol tem razão filho, tudo pode acontecer, mas por hora vocês precisam de descanso,  esse pequenininho de se acostumar com a casa, com seus barulhos e silêncios e sem entra sai de enfermeiras, médica e ambiente hospitalar, então todos pro banho, já, já, já, vamos, vamos! - olha para Lorenza - Você também mocinha! - orientou Antonella.
- Sabem que ela tem razão... - concordou Karol se levantando e indo em direção a sala.
- Mami! - chamou indo atrás da mãe - eu posso tomar banho com você? - pediu Lorenza.
- Pode sim! - Grita baixo em direção a cozinha - Baloo, vem!! - respondeu Karol.
Elas subiram as escadas com Ruggero atrás delas, mas mais devagar, o receio de subir com um bebê tão pequeno a escada era grande, mas vencida a escadaria ele fui direto a seu quarto colocar o filho no berço e escutou a conversa de Karol e Lorenza que se arrumavam pra irem pro banho.
- Você vai tomar banho com a mamãe então bagunceirinha? - perguntou Ruggero.
- Vou sim Pá! - confirmou Lorenza animada.
- Bom então vou tomar banho no seu banheiro... - disse Ruggero pegando uma toalha.
- Pode ir... - incentivou - mas não faz bagunça! - deixou claro Lorenza.
- Prometo! - disse Rugge a "roubando o nariz" e saindo.
Karol deu banho em Lorenza que saiu primeiro do chuveiro deixando sua mãe cumprindo seu asseio mais tranquila. A menina colocou seu pijama e foi em direção ao berço ver seu irmãozinho, ao admira-lo apoiou os cotovelos na borda do móvel, segurando seu rosto pelas bochechas. Contudo ela percebeu que o sono do bebê estava leve e que suas maozinhas estavam bem fechadinhas, não demorou muito para ele começar a ficar inquieto.
- A mamãe ta no banho, logo ela sai, espera um pouquinho. - sussurrou Lorenza tentando manter o irmão calmo.
Mas a agitação de Santiago foi aumentando e Lorenza começou a ficar nervosa, sua reação foi apenas levar a mão perto de uma das mãos do bebê e lhe dizer:
- San tá tudo bem, a mamãe ta no banho ela já vem, eu tô aqui com você!
Em um movimento rápido o menino segurou a mão da irmã  passou a  olha-la, ainda que seus olhinhos não tivessem quase nada de foco, enquanto mexia os pésinhos, ela o sorriu e ele pareceu mais calmo.
- Fica tranquilo que ela já tá vindo. - seguiu Lorenza baixinho.
Santiago lhe sorriu com meia boca e ela o retribuiu lhe dizendo em seguida:
- Meu irmãozão.
Foi como se o tempo parasse naquele micro instante, ela pode compreender sobre do que se tratava "o momento", porque ela havia encontrado o seu, o de dar ao seu irmão conforto e segurança como outrora ele o fizera.
Ouvindo sua mãe vindo pelo corredor, Lorenza ainda inebriada informou:
- Má o San tá acordado.
Não demorou muito Karol entrou no quarto e vou a cena de Lorenza de mãos dadas com Santiago e o olhar da menina, ela se aproximou devagar e a disse:
- Parece que você encontrou o seu momento pequena.
- Sim Má, ele ficou muito agitado, mas você precisava terminar seu banho, então o disse que você já vinha, mas que eu tava aqui com ele. - contou Lorenza se soltando do irmão para sua mãe o pegá-lo.
- Esse é certamente um dos momentos que vocês vão ter juntos filha, de sempre poderem contar um com o outro. Mas você me ajuda? - pediu Karol
- Claro Mami! - exclamou Lorenza.
- Me alcança aquela almofada diferente ali? - seguiu Karol se sentando na cama.
Lorenza não disse nada, apenas levou a almofada para mãe.
- Coloca a almofada aqui no meu colo. - guiou Karol.
Lorenza fez o que sua mãe pediu, e seu irmão passou a mamar sonoramente, parecia faminto, a menina foi até o bercinho, pegou o paninho e levou até a mãe.
- Obrigado pequena. - agradeceu Karol.
- Mas já tá mamando... - constatou Rugge entrando no quarto.
- Já sim pá e parece que tava com muiiittaaaa fome. - disse Lorenza.
- Pelo som, estava mesmo...- disse Rugge se aproximando e se sentando pertinho de Karol na cama.
- Papai tem alguém que descobriu o seu momento com o irmão... - começou Karol.
- Aé, como foi? - perguntou Rugge.
E Lorenza contou cada um dos detalhes com muita ternura, deixando seus pais bobos de contentes que a menina estava feliz finalmente com seu presente de natal tão esperado.

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