Crise de Saudade

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Em Navarro, Rugge e Antonella preparam o jantar, enquanto Lorenza ensaiava na sala sua coreografia do Ballet para a apresentação do dia seguinte. Em meio aos passos ela teve a visão de uma parte do seu pesadelo, o que tirou sua concentração, ela se sentou no sofá respirando fundo, olhou ao redor, apurou os ouvidos e percebeu que seu pai e sua avó estavam bem entretidos na cozinha, se levantou, foi até o cantinho especial da sala, onde ficavam todas as fotos das pessoas da família: de Caro e Miguel, Mau e Montse, Tia Eli e Tio Ale, Tia Ana, Antonella e Bruno, Léo, Tia Silvia, Bisavós paternos e no topo a Bisavó que ela não teve a oportunidade de conhecer fisicamente, mas sempre sonhava e conversava muito com ela, Berta. Lorenza se esticou tocou a foto da bisavó e disse baixinho:
- Bisabuelita cuida da minha Mami, te peço, não quero que nada de mal aconteça! - leva os dedos a boca dando um beijinho e o leva até a foto - Te amo Bisabuelita!
- Lolo?? - veio chamando Antonella.
- Estou aqui nonita! - respondeu Lorenza
- O que está fazendo aí... está com saudades não é? - perguntou Antonella.
- Sim nonita de todos, espero ver eles no Natal! - respondeu Lorenza.
- Humm isso vai ser logo! - pega na mãozinha da neta - Vem vamos jantar! - disse Antonella conduzindo Lorenza até a cozinha.
O jantar estava muito silencioso, Rugge olhou para o prato de Lorenza ela não havia comido quase nada, o que o fez perguntar:
- Filha porque não está comendo, não está bom?
Ela mexia com o garfo na comida, com carinha triste e fazendo bico, não deu resposta alguma.
- Lolo seu pai está falando com você! - disse Antonella.
- O que? - disse Lorenza por fim prestando a atenção.
- Porque você não está comendo filha? - perguntou novamente Rugge.
- Estou sem fome... - respondeu em tom ameno.
- Precisa comer filha... - começou Rugge.
- Posso dormir com você hoje Pá? - interrompeu Lorenza o questionando.
- Se você comer pelo menos a metade do que tem no seu prato, sim.
Ela olhou pra ele fazendo bico, exatamente como Karol faz, deu um sorrisinho em desaprovação, mas acabou comendo um pouco mais da metade do prato.
Rugge começou a recolher a louça pra lavar e disse:
- Mamma deixa que eu cuido da louça, vai com essa mocinha la pra cima pra ela tomar banho, colocar o pijama, pegar o senhor coelho, que eu vou pensando se ela vai dormir comigo hoje.
- Pá!! Você disse que se eu comece, eu podia! - brandou Lorenza.
- Sim, mas tem que tomar banho e tudo mais, melhor ir com tua nonita! - respondeu Rugge imitando a voz e o tom de Lorenza e rindo depois.
Lorenza olhou pra ele com desdém, mas acompanhou sua avó até o andar de cima.
Depois de arrumar a cozinha, Rugge fechou as portas, janelas, apagou as luzes e subiu, escutou gargalhadas vindo do banheiro ao lado do quarto de Lorenza, certamente sua mãe deveria estar fazendo gracejos para a neta. Ele foi também por sua higiene, depois colocou o pijama, fechou as venezianas e olhou pra cama, alguma coisa dentro dele queria ver Karol sentada em baixo das cobertas com seus óculos mexendo no celular, mas não era possível. Seus devaneios foram rompidos por uma menininha saltitante com seu coelho entrando no quarto e sua avó que ficou na porta.
- Ela se comportou? - perguntou ele a mãe.
- Sim, se comportou bem e lavou tudo bem direitinho! - respondeu Antonella.
- Ah então pode dormir aqui comigo! - disse ele pegando Lorenza e a colocando na cama.
- Buona notte, pra vocês dois e Lolo deixa o papai dormir porque ele trabalha amanhã hein! - se despediu e advertiu Antonella.
- Buona Notte nonita! Te amo! - disse Lorenza.
- Buona Notte Mamma! Fino a domani dormi bene! - disse Rugge
- Stai con gli angeli, ti amo! - disse Antonella fechando a porta em seguida.
- Papai que histórias você vai me contar?? - perguntou Lorenza pulando na cama.
- Histórias? Você quer várias?? - retornou Rugge rindo.
- Pode ser uma, mas tem que ser bem boa! - esclareceu Lorenza ainda pulando sobre a cama.
- Acho que antes da história vamos ter a visita do senhor Garra! - disse Rugge fazendo que perdia o controle de um dos braços imitando uma garra.
- Não Pá! - fugiu Lorenza pro outro canto da cama rindo.
Rugge conseguiu chegar até ela e a encheu de cossegas, ela gargalhava, quase perdia o fôlego, quando Rugge deu uma brecha ela revidou o fazendo querer se esquivar, mas ele ria muito.
- Não.... Não.... Trégua, Trégua por favor! - pediu ele.
- Você que começou papai urso! - disse Lorenza parando com as cossegas.
Rugge recuperou o fôlego, arrumou a cama colocando a filha em baixo das cobertas e lhe entregando o senhor coelho que com a brincadeira acabou no chão, se arrumou na cama também, apagou as luzes deixando somente a do abajur, olhou para Lorenza e disse:
- Deixa eu pensar em que história vou te contar...
- Conta o que acontece com a Luna, ela consegue se apresentar na primeira competição? - sugere e pergunta Lorenza.
- Ah essa história é muito boa... bom sim ela consegue se apresentar... - inicia a contar Rugge.
Quando estava finalizando percebeu que ela já havia dormido e disse baixinho:
- Poxa justo na melhor parte você dormiu... hunf ... dorme bem baguncerinha.
Ele deu uma última olhada no celular, Karol havia mandando mensagem avisando que havia chego, que já estava no hotel e que iria dormir direto porque estava cansada e lhe desejou boa noite. Mais tranquilo de saber que ela estava bem, virou de lado e dormiu.
Na manhã de quinta, o alarme soou as 7:30, Rugge o desarmou sem abrir os olhos, quando sentiu uma mãozinha segurando seu pescoço, abriu os olhos lentamente, Lorenza estava dormindo com a cabeça sobre a dele abraçada a seu pescoço, ele lhe deu um beijinho na mão e com muito cuidado se levantou, era engraçado porque com tanto espaço na cama ela dormiu grudada nele, sendo que quando Karol está junto Lorenza dorme feito estrela do mar, bem espalhada, mas fazia tempo que ela não dormia na cama deles e certamente estava sentindo falta dele e de Karol por isso ficou grudada, pensava Rugge enquanto escovava os dentes. Ele se trocou, arrumou o cabelo, colocou os sapatos, abriu as venezianas com cuidado, apagou o abajur, quando foi indo rumo a porta Lorenza o chamou perguntando:
- Papai onde você vai?
- Vou trabalhar princesa, fica dormindo mais um pouquinho aí quentinha. - respondeu ele baixinho.
Ela esfregou os olhos e retornou:
- Só vou te ver a noite na apresentação?
- Sim, mas vou estar na primeira fileira! - respondeu ele.
Ela se levantou rapidamente andou até ele sobre a cama e o abraçou forte dizendo:
- Então tenha um bom dia, te vejo mais tarde, te amo muito muito!
- Ah pequena, você também tenha um bom dia, obedeça a nona hein... te amo princesa... - a conduz até a cabeceira - Agora dorme mais um pouco tá! - disse Rugge a cobrindo e lhe dando um beijinho na testa.
Ele seguiu para a cozinha, tomando café da manhã junto a sua mãe, combinando o horário e como iriam fazer mais a noite para apresentação de Lorenza. Ele então seguiu para o trabalho e Antonella ficou preparando o café da manhã para sua neta. Por volta das 10 da manhã, Antonella subiu para ver se Lolo já tinha acordado, chegando no quarto de seu filho, encontrou a cama semi arrumada e uma mocinha sentada no meio do closet com um caixa entre as pernas vendo o conteúdo.
- Que você está fazendo mia bambina? - perguntou Antonella.
- Eu sempre vi essa caixa no armário da mamãe queria saber o que era, então escalei as prateleiras e peguei a caixa nonita. - respondeu Lorenza.
- Você escalou?? - perguntou Antonella assustada com a informação.
- Sim escalei, mas fui com cuidado. - disse Lorenza mexendo em um sapatinho de bebê vermelho.
- O ditado sempre está certo, criança em casa e silêncio significa que alguém está aprontando. - se agaixa perto da neta e olha o sapatinho - Oh... hunf ... esse foi meu primeiro presente pra você, sua mãe estava bem no comecinho da gravidez. - disse Antonella recordando.
Lorenza tira um casaquinho de lã da caixa, o admira e pergunta:
- Eu cabia nesse?
- Sim, foi minha mãe que fez com muito carinho pra você... você era bem pequenininha, mas cresceu rápido, só usou esse casaquinho poucas vezes. - respondeu Antonella um tanto emocionada por lembrar de sua mãe e de como o tempo havia passado rápido.
Lorenza percebeu que a lembranças estavam mexendo com sua avó, então guardando as coisas novamente na caixa ela disse:
- Estou com fome nonita, outra hora vemos as coisas dessa caixa.
- Sim pequena - enxuga uma lágrima - Vamos descer porque já preparei seu café. - falou Antonella se levantando e ajudando sua neta a se levantar.
Lorenza tomou café, depois foi assistir alguns desenhos na TV, mais tarde ela e sua avó almoçaram e por fim enquanto Antonella cuidava dos afazeres da casa, Lorenza ensaiava a coreografia para a apresentação mais algumas vezes.
Próximo das 16:00 Antonella procura Lorenza pela casa, a vê pela janela da cozinha, vai para a lavanderia sai pela porta e a chama:
- Lolo está na hora!!
- Estou indo nonita! - disse Lorenza correndo em direção a casa.
- Andiamo bambina mia! - falou Antonella.
Lorenza correu até ela a abraçado.
- Quanto amor! Mas agora direto pro banho, ja deixei sua roupa separada, vou fechando a casa quando estiver pronta me chame para arrumar o cabelo. - pediu Antonella.
- Sim nonita! - disse Lorenza a soltando e indo direto para dentro.
Antonella fechou todas as venezianas, janelas e portas, deixando somente a porta da garagem para fechar quando saissem. Ela subiu para o seu quarto, trocou de roupa, mandou mensagem para o filho o avisando que logo elas iriam sair e pedindo para ele não se atrasar e não esquecer o tripé para poder gravar a apresentação, no quarto ao lado Lorenza gritou:
- Nonitaaaaaaaa! Eu tô pronta, vem!
Antonella foi até lá, Lolo já estava vestida e muito cheirosa, seguia os passos da mãe com perfumes. Ela pegou a escova, o elástico e o grampinhos e começou a escovar o cabelo da neta, quando começou a puxar o cabelo para fazer o rabo de cavalo, Lorenza começou a chorar contidamente, ela achou estranho, amarrou o cabelo e perguntou:
- Porque está chorando bambina mia, está nervosa?
- Não... snif.. snif... é que sempre é a mamãe que arruma meu cabelo... - respondeu chorando Lorenza.
Antonella não sabia o que dizer, apenas seguiu montando o coque e o prendendo.
- Está pronta... podemos ir? - perguntou Antonella preocupada com a resposta.
- Sim... - enxugou o rosto com as mãos - Me leva no colo nonita? - retornou Lorenza.
- Humm que manhosa, mas levo principessa della Nonna! - Respondeu Antonella pegando a neta no colo e a bolsa.
De casa seguiram direto a escola, a demais meninas já haviam chego, logo encontraram a professora que ao ver Lorenza e a avó disse:
- Boa tarde Antonella! Lolo enfim você chegou, você vai direto para a maquiagem e colocar o figurino, sua vó já pode ficar direito na plateia.
- Vai pequena, eu e seu pai te vemos logo mais, obedeça a professora certo?
- advertiu Antonella.
- Sim nonita... - lhe da um abraço - ti amo Nonna, grazie per tutto. - disse Lorenza indo pro camarim.
Antonella foi até o anfiteatro, se sentou na primeira fileira ao lado da passagem deixando a primeira cadeira vaga, que em pouco tempo foi preenchida por Rugge, que pensou que não conseguiria chegar a tempo devido ao trânsito. Ele montou o tripé que trouxe da produtora, deixou o celular pronto só para acionar quando fosse a hora, se acomodou na cadeira, e conversando com sua mãe, foi dando uma olhada no prospecto da apresentação.
- Vai ser uma adaptação do Lago dos Cisnes, uau! - disse ele surpreso.
- Ela ensaiou a tarde toda, mas toda vez que eu perguntava ela não queria me contar qual era o tema da apresentação. Que incrível! - concluiu Antonella igualmente surpresa.
Soou a primeira campanhia
- Hunf... - bufou Rugge.
- Que foi filho? - perguntou Antonella.
- Ainda bem que na turma de ballet dela so tem menina. - respondeu Rugge.
- Ahhh Ruggero! - brandou Antonella.
- Que?? Minha princesa, ela é uma criança mãe, não tem essa de menino ficar chamando ela de doce... ela é um doce sim, mas meu doce! - deixou claro Rugge.
- Hahaha tá bom filho, deixa a Ka te ouvir falando isso! - riu Antonella.
- Ela já sabe que tenho ciúmes da Lolo... não tanto quanto tenho dela... - disse Rugge se lembrando de Karol.
Soou a segunda campanhia.
- Sabe filho, você é muito bom em esconder sentimentos, mas o ciúmes a gente vê na sua cara e você é assim desde pequeno. Mesmo que não haja motivos você se põe ciumento, mas é contido pelo menos, apesar de que sua expressão já basta. Se lembra quando você e Karol foram no "Amici", sua cara dizia tudo, você estava fuzilando aquele pobre rapaz com o olhar. - lembrou Antonella.
- Ele não tinha nada que ter jogado beijo pra ela, ponto! Só eu posso jogar beijos pra ela e os dela são só meus! - esclareceu Rugge.
Soou a terceira campanhia e apagaram as luzes.
- Depois falamos mais sobre isso geloso della Mamma! - disse Antonella baixinho.
Mais uma vez a diretora subia ao palco para dar abertura ao espetáculo, assim que ela terminou sua fala Rugge apertou o rec e logo em seguida as cortinas se abriram.
A música começou e junto dela a entrarem as meninas dançando, Rugge achou estranho que não via Lorenza. Música clássica é sempre bom de ouvir, mas não depois de um dia de trabalho e em um ambiente escuro, Rugge estava começando a ficar com sono, as vezes sua mãe falava com ele baixinho para que ele não pegasse no sono. Estava no segundo ato e nada de Lorenza aparecer, até que a música ficou em tom de suspense e ela entrou, com colant branco e saia preta, sapatilhas pretas e uma maquiagem bem carregada, com cílios bem grandes, ao ve-la deu zoom na câmera, virou para sua mãe e disse:
- Ela fez a Maria e agora o Cisne negro, só lugares de destaque, uau!
- Com os pais que ela tem, você queria que ela não tivesse talento? - perguntou Antonella.
Ele não a respondeu estava tão deslumbrado com sua filha que não conseguia prestar a atenção em mais nada.
Mais uma vez ao final todos aplaudiram de pé, foi realmente um espetáculo e não apenas uma simples apresentação escolar de Ballet, Rugge e sua mãe não podiam estar mais orgulhosos. Sem demora foram por Lorenza no saguão da escola.
Atravessaram uma multidão de pais e familiares parabenizando suas estrelas mirins, quando encontraram Lorenza se despedindo da professora que a elogiava muito, contudo, era nítido no rostinho dela um pouco de tristeza. Ao chegar proximo a ela Rugge a disse:
- Foi lindo filha, você estava incrível!
Lorenza deu um sorrisinho com o canto da boca, Antonella tocou o braço de seu filho que a olhou e entendeu o que ela queria dizer, ele se ajoelhou, segurou nas mãos de sua filha e disse:
- Hei, ela vai assistir amanhã com a gente!
Lorenza abraçou o pai fortemente e o disse ao ouvido:
- Queria ela aqui...
- Amanhã ela vai estar princesa. - a consolou Rugge.
- Vamos jantar em um restaurante? - sugeriu Antonella para animar.
Lorenza se soltou do pai e disse:
- Não quero nonita, só quero ir pra casa.
- Então vamos pequena. - disse Rugge se levantando e dando a mão a filha.
Foram direto pra casa, todo o trajeto Rugge observava Lorenza pelo retrovisor, estava apática e inexpressiva. Em casa, Lorenza pediu para sua avó soltar seu cabelo, assim que Antonella o fez, Lolo foi para a sala de TV muito triste, Rugge olhou pra sua mãe e a disse preocupado.
- Só espero que ela não fique doente.
- Não filho, é só saudade, fazia tempo que a Ka não viajava. Vou preparar alguma coisa para o jantar. - concluiu Antonella.
- Papai! - Rugge ouviu Lorenza o chamar da sala.
Ele foi até lá de imediato e a viu sentadadinha no chão.
- O que você tá fazendo no chão filha?
- Pá será que você podia ligar pro tio Alva e pedir pra ele filmar a mamãe no show? - o interrompeu Lorenza.
- Tá... vou ligar - disse ele.
Por sorte Alvarenga atendeu ao telefone mesmo com tanto som em meio ao show, Rugge o pediu para filmar Karol e prontamente Alvarenga concedeu o pedido. Rugge virou o celular para Lorenza que começou a cantar junto com a mãe, mas em segundos começou a chorar enquanto cantava, se levantou abraçou seu pai e implorou por sua mãe:
- Eu quero a ma-mamãe aqui, por favor!
- Filha a mamãe tá em Cordoba, não tem como ela vir pra cá agora. - explicou Rugge.
Ela seguiu chorando e pedindo por Karol repetitivamente, Rugge sentiu cheiro de comida vindo da cozinha, pegou Lorenza no colo e a disse:
- Vamos jantar filha, pra você se acalmar.
- E-eu n-não quero comer, e-eu q-quero a m-minha m-mãe! - soluçava Lorenza aos prantos.
Rugge foi com ela pra cozinha, começando a ficar um pouco aflito, ele se sentou ainda com ela no colo junto a península, sua mãe lhe serviu um prato, se sentou ao lado para comer também, mas Lorenza seguia escondendo o rosto no peito de Rugge e chorando. Ele conseguiu fazer ela virar o rosto, tentou lhe dar comida, mas ela não abria a boca.
- Filha por favor se acalma, você precisa comer um pouquinho! - dizia Rugge.
- Tem que comer bambina mia! - dizia Antonella.
Mas Lorenza não queria comer de jeito algum, Rugge tentou fazer aviãozinho com o garfo pra ver se ela se incentivava, mas ela nao abria a boca ate que ela disse choramingando:
- Não quero comida, quero o Tetê do miau.
- O Tetê do miau? Mas meu amor você não toma mais o Tetê do miau desde os 4 anos. - disse Rugge
- Eu quero o Tetê do miau papai, por favor! - pediu Lorenza.
- Deve ter fórmula ainda no armário filho a validade é extensa. - disse Antonella preocupada.
Rugge se levantou, colocou Lorenza em na cadeira, foi até o armário, pegou o pote da fórmula e perguntou a sua mãe:
- O copo do gatinho tá na gaveta de potes?
- Sim filho, se não estiver lá, está no armário das xícaras bem no fundo. - respondeu Antonella.
Rugge achou o copo que tinha um desenho de gatinho estampado, colocou 4 colheres da fórmula, esquentou um pouco de água, colocou no copo, colocou a tampa e foi até Lorenza chacoalhando pra misturar bem, pegou a filha no colo outra vez, que se colocou meio deitada e deu a ela o copo com o leite preparado. Ela tomava olhando pra ele ainda em meio a soluços e lágrimas nos olhos, ele esqueceu de comer para dar o máximo de atenção a ela. Depois de tomar tudo, ela enfim pegou no sono, Rugge deu algumas garfadas em seu prato, mas a fome havia ido embora. Sua mãe recolheu a louça, enquanto a lavava observava o filho cuidando de sua neta. Rugge fez carinho no rosto de Lorenza, estava um pouco quente, colocou a mão sobre a testa dela e disse:
- Ela está com febre Mamma!
- Bom ela já tomou leite morno e está dormindo filho, só nos resta monitorar - vê o celular tocando em cima do balcão e vai até ele - Karol ligando filho. - disse Antonella.
- Me alcança o aqui. - pediu ele.
[Ligação]
K - Oi Baloo!
R - Oi amor...
K - Que tom é esse, o que houve?
R - Lolo ...
K - O que tem ela? O Alva me disse que ela pediu pra ele me filmar um pouco pra ela ver, mas que você desligou de repente.
R - Porque ela começou a chorar e a pedir por você... Ela chorou muito amor, não quis comer, pediu Tetê do miau.
K - Tetê do miau?
R - Sim por sorte ainda tinha fórmula e na validade, foi só isso que a fez se acalmar, ela já saiu da apresentação chateada.
- Karol respira -
R - Ela está com febre ...
K - hunf... Eu... vou falar com o Alva pra ver se consigo um vôo agora.
R - Não amor, agora ... agora ela tá tranquila, só vou monitorar a febre... Ela só está sentindo sua falta, mas amanhã você já vai estar aqui, fica tranquila tá.
K - Estava pensando em vocês mais do que o normal...
R - Intuição de mãe nunca falha...
K - Agora então não vou conseguir dormir....
R - Vai sim, você precisa descansar...
- Karol fica em silêncio -
R - Te amo!
K - Eu mais! ... Eu sei que você vai ficar cuidando dela...
R - Vou sim, nem que tenha que ficar acordado a noite toda.
K - Hunf...
R - Te espero amanhã, também estou morrendo de saudade.
K - Até amanhã meu amor!
R - Até, se cuida tá!
K - Uhum... te amo muito!
R - Te amo muito mais!... um beijo.
K - Outro...

[Fim da ligação]

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