A Inauguração.

70 4 17
                                    

- Você esta linda! - conseguiu dizer ele, a chamando a atenção.
- Obrigado - um pouco tímida - ... mas e você, porque não esta pronto?? - retornou ela.
- Estou indo me trocar, mas quando te vi esqueci de tudo... - respondeu ele indo pro banheiro.
- Hum..., mas agora vai logo porque já esta quase no horário. - alertou ela, ainda que lisonjeada por dentro, até deu um risinho depois que ele entrou no banheiro.
Lorenza viu a cena toda e acabou dizendo:
- Tomará que quando eu for mais velha, encontre um amor assim...
Karol sorriu de novo, indo até a menina lhe arrumando o lacinho da gola do vestido, Lorenza tentou segurar mas disse tampando a boca em seguida:
- Você não faz ideia da musica que o papai compondo...
- Seu pai é um ótimo compositor, mas o que tem essa de diferente? - ficou curiosa Karol.
- Faz meses que ele vem trabalhando nessa, escreveu um pouco no avião, mas falta o final, mas é tão linda mami, quase chorei quando li um pedacinho... - se emociona - ... é muito bonita... - contou a menina.
- E vi ele escrevendo algo, mas sempre que eu chego ele não me deixa ver... - exterioriza Karol, arrumando coisas na bolsa.
- É porque é algo muito importante mami... - se segurou Lorenza pra não contar.
Contudo Karol percebeu a menina olhando para a mochila de Rugge, perguntou imediatamente:
- Está no caderninho não é? 
- Eu não disse nada... - começou a dizer Lorenza.
- Estou pronto! - interrompeu Rugge saindo do banheiro.
- Ja podemos ir então Baloo? - disfarçou Karol.
- Creio que sim, vou ver se ta todo mundo pronto pra ir ja volto... vem comigo bagunceirinha? - disse e pediu Rugge.
- Vou sim Pa! - respondeu Lorenza segurando na mão do pai.
Com ele indo na frente, Lorenza fez sinal para sua mãe que não visse a musica, mas foi os dois sairem, para Karol abrir a mochila e pegar o caderninho e procurar a musica. Depois de folhear as folhas achou estranho que não havia nada novo do que ela ja tivesse visto, quando foi fechar para guardar novamente, viu que nas ultimas páginas havia algo escrito, começou a ler, teve que se segurar para não chorar e borrar toda a maquiagem, sabendo que eles voltariam em instantes, tirou foto de uma das partes da letra, guardou o caderno, o celular na bolsa, pegou o cartão e foi para porta, quando foi abrir, Rugge a abriu e disse:
- Vamos amor... - percebeu que ela havia chorado, entrou e encostou a porta - Ta tudo bem??
- Esta sim, porque? - retornou ela.
- Parece que estava chorando... - disse ele.
- Só estou emocionada com a inauguração, só isso. - respondeu ela.
Ele a abraçou, ela se aninhou nele, tentando digerir cada parte do que havia acabado de ler.
- Karol, Rugge, vamos os carros chegaram. - Interrompeu Amélia.
Rugge soltou Karol do abraço, a deu um beijinho na testa e saíram rumo a festa.
Ao partirem do hotel Karol, pode ver a luz de um holofote passeando pelo céu, por algum motivo ela sentia que era da festa. Ao chegarem em frente ao prédio, Karol teve certeza de que o holofote era de lá. O prédio que ja era bonito estava todo iluminado com luzes direcionadas coloridas, haviam vários carros estacionando, ela não conseguiu deixar de exteriorizar:
- Parece até um grande evento, tipo o Oscar, olhe isso Rugge!!
- E quem disse que não é tipo o Oscar, não é porque não tem premiação que o prestigio não seja o mesmo amor! - contrapôs Rugge docemente.
Ela o olhou, ele estava com um sorriso terno, " Esta tão lindo", pensava ela.
Ao estacionarem, Lorenza abriu a porta saindo do carro, Rugge deslizou rápido saindo também, dando a volta correndo no veiculo, abrindo a porta para Karol antes dela, que não conseguia tirar os olhos dele e pensar na musica. Rugge lhe estendeu a mão e a ajudou a sair do veiculo, depois dobrou o braço para que ela se enganchasse nele, Lorenza estava com os avós, entrou com eles, com todos os convidados parecendo estar la dentro, Rugge a perguntou:
- Pronta?
Karol assentiu com a cabeça e os dois entraram. A decoração estava  incrível, suave, mesas redondas, toalhas em tons claros, arranjos de mesa simples mas delicados, todos estavam sentados, saboreando bebidas, quando a cerimonial os viu e os apresentou:
- Senhoras e Senhores por favor deem boas vindas aos responsáveis pela realização desse projeto incrível para a cidade de Milão!
Eles foram recebidos com aplausos, agradeceram a todos de forma geral e foram se sentar, a cerimonial deu algumas palavras e chamou Karol para fazer a abertura:
- Boa Noite a todos, sejam bem vindos! - começou Karol.
Ela seguiu explicando tudo sobre o empreendimento, como funcionaria, quais os propósitos do espaço e tudo mais, não se delongou muito, pois percebeu que todos estavam com fome, inclusive Santiago que ja se movia a ponto de se notar de longe.
Karol voltou ao seu lugar a mesa e deu-se inicio ao jantar.
- Me lembrei muito do nosso casamento... - falou baixinho ela a Rugge.
- Quando fomos apresentados quase voltei para aquele dia completamente. - disse ele.
Eles trocaram olhares profundos, ao serem interrompidos pelo garçom que queria saber qual bebida eles gostariam, nesse momento Karol percebeu uma folha de papel dobrada em baixo do celular de Rugge e o perguntou:
- Baloo o que é isso em baixo do seu celular?
- É um papel do Alva, nada importante. Mas me conta como é estar aqui, vendo tudo pronto e inaugurando, como esta esse coraçãozinho hoje?? - Fugiu do assunto e perguntou Rugge dando batidinhas com o indicador no nariz dela.
- Ushii, esta sendo intenso, mas gratificante ao mesmo tempo, nem acredito... e ... meu coração ta bem... porque senhor? - retornou ela
- Só pra saber... - respondeu ele piscando pra ela.
Ela sabia que ele iria inventar alguma coisa e se fosse com aquela musica, ela não sabia se conseguiria segurar o choro novamente.
O jantar estava regado ao que há de melhor na culinária italiana,  o antipasto eram palitinhos de tomates cereja com bolinhas de queijo branco,   o primopiatto um tagliatele com molho de especiarias que estava de lamber o prato, o secondo piatto era uma salada com peixe grelhado, alcaparras e creme de legumes e de sobremesa um belo tiramissu no copinho, Lorenza ficou meio relutante porque havia café na receita, mas seu pai lhe deu uma colherzinha e ela acabou amando e pedindo mais de um, além dessas delicias,  para quem queria havia um café expresso ou capuccino.
Após terminar de comer, Rugge se levantou pra levar Lorenza ao banheiro, Karol aproveitou para olhar a foto de parte letra da musica em seu celular, até quase memoriza-la, se Rugge tinha a intenção de surpreende-la ela o surpreenderia também, afinal a escola não era simplesmente  resumida a uma instituição, ela era a celebração da história deles.
- O que esta vendo no celular Karol? - perguntou Antonella
- Estou revisando o que vou dizer mais tarde... - se esquivou Karol.
- Eu sei que isso é importante, mas é melhor você comer bem, você não comeu muito no almoço por conta do nervoso. - orientou Antonella.
- Tem razão Nella... - concordou Karol dando uma ultima lida na letra e voltando a se concentrar em se alimentar bem.
Com o jantar no final, foi a vez de Karla subir para explicar como funcionava a arquitetura eficiente do prédio e as questões de sustentabilidade. Após Karol foi novamente ao palco para contar como surgiu a ideia da escola e o porque de fazerem uma unidade em milão além das questões econômicas e turísticas. Enquanto falava percebeu que Rugge não estava mais na mesa, o procurou, mas percebeu que Alvarenga também não estava, isso lhe deu um certo frio na barriga, que até o bebê pareceu se encolher. Ela seguiu com suas palavras, assim que viu Rugge ao fundo disse ao microfone:
- Hei, onde você estava?? Eu estou falando sem você estar aqui!
- Perdão, estava no banheiro amor! - falou olhando pra ela com aquele olhar terno novamente, quase a matando de amor, olhou para as pessoas e seguiu - Desculpem, mas vocês viram que é ela que manda não é! - respondeu Rugge.
Todos riram, enquanto Alvarenga passava de fininho atras de Rugge que seguiu para o seu lugar. Karol continuou, mas como não conseguia tirar os olhos de seu marido, viu ele conversando com Alvarenga e chamou a atenção dele de novo:
- Hei! - ganha a atenção dele - Estou falando! 
Ele balbuciou " Sim senhora " com o convidados rindo novamente, depois não tirou mais os olhos dela.
Emocionada Karol concluiu seu discurso, Alvarenga propôs um brinde,  Rugge se levantou e foi buscar sua esposa no palco a ajudando descer o degrau, a segurou pela cintura, ergueu a taça e todos brindaram, Rugge ao invés de tomar o champanhe, preferiu beijar Karol com tanta doçura e delicadeza que ela mesma ficou surpresa, ao solta-la, ainda ficou com o rosto colado ao dela a olhando fixamente com eventuais beijinhos de esquimó, ela sem resistir lhe afirma:
- Eu sei que você esta aprontando alguma coisa senhor Pasquarelli!
- Eu não consigo enganar você não é?! - disse ele sorrindo.
- E não vai me contar o que é, mas te digo que mais ou menos ja sei... - continuou ela.
- Vamos ver... - disse ele...
Eles foram interrompidos por uma banda que começava a tocar, musicas suaves, mas muito dançáveis, o que fez Rugge puxar Karol para dançar, comedidamente é claro. Dançaram algumas musicas Karol se distraiu, propositalmente, de repente Bruno pediu para dançar com ela e foi a deixa para Rugge sair de cena por um instante. Karol dançou com seu sogro rindo bastante porque seu equilíbrio não estava dos melhores por conta do bebê fazendo peso, com o final da musica, ela olhou ao redor, Rugge havia sumido outra vez.
- De novo sogro, seu filho sumiu! - Brandou ela a Bruno.
Mas antes que Bruno pudesse dizer alguma coisa, o cortinado que Karol achou que era para dar uma impressão aconchegando pro evento se abriu, revelando um piano, Rugge estava sentando em frente a ele e parecia que iria tocar, levou o microfone a boca e disse:
- Minha vez de falar Ka... na verdade não sei muito como começar, só que tenho escrito uma música a muito tempo, creio que somente nossa filha saiba disso, eu a comecei por conta das nossas idas e vindas, mas é uma musica muito especial, custei para terminar, porque queria escrever as palavras certas para expressar exatamente o que sinto. Achei que nunca terminaria até entrar no quarto hoje e ver você e nossa filha prontas, lindas e ter plena certeza de que vocês são todo o meu mundo... por isso eu... - respira - consegui terminar de escrever essa canção e espero que você goste...
Rugge começou a tocar a melodia, ao ouvir a melodia Karol começou a chorar instantaneamente, o tom a melodia deixava a letra mais linda ainda, então Rugge começou a cantar:
 La llamé mientras viajaba
De una habitación de hotel fría y solitaria
Solo para escucharla decir "Te amo" una vez más
Y cuando escuché el sonido
Nuestra hija contigo riendo
Tuve que limpiarme una lágrima de la cara
Hablaste por teléfono diciendo:
"Papá, ¿cuándo vuelves a casa?"
Y yo - se emociona - respondí, pero mi mente dijo

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora