Emoção

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Marta saiu do quarto com contentamento, seria muito ruim ter que colocar uma sonda em um bebê tão pequeno.
Karol amamentou Santiago por mais alguns minutos, até que ele satisfeito se soltou dela, deixando um pouco de colostro escorrer no cantinho da boquinha, Rugge todo bobo, alcançou a Karol um paninho para ela poder enxugar, ela ficou observando por alguns segundos seu filho, com um sorriso singelo de calmaria interna, contudo ela precisava faze-lo arrotar, teve um pouco de medo afinal ele parecía muito frágil. Com todo o cuidado que pode, o deixou mais em pé em seu peito, lhe dando tapinhas tão suaves que ela nem sabia se ajudariam ou não, mas tinha receio de machuca-lo, em arrotou, ao ouvir Rugge parecia que tinha tirado um peso do corpo. Karol ficou meio abraçada ao bebê por alguns instantes, até Rugge perceber no monitor que a temperatura dele esta bailando, exitante ele disse:
- Ka, precisamos colocar ele de volta, ele não ta conseguindo absorver a sua temperatura, então a dele está baixando.
Karol assentiu com a cabeça, deu um beijinho na cabeça de Santiago e lhe entregou a Rugge que ainda muito pavor segurou o bebê e lhe colocou outra vez na encubadora, fechou a tampa, Karol travou de um lado e Rugge do outro. Eles se sorriram de lábios fechados, saber que o Santiago conseguia mamar dava um alívio, mas era somente o início da jornada de ganho de peso até ele poder sair do equipamento e do hospital.
- Amor... - aponta Rugge.
- O quê? - pergunta Karol sem entender.
- Tá vazando leite. - respondeu ele indo em busca dos absorventes para lactantes na bolsa.
- Ah... é assim mesmo, quando ele mamar de um lado vai vazar do outro, acontecia isso com a Lolo também... - lembrou Karol.
Rugge a ajudou a controlar o vazamento, ela ainda estava cansada, precisava descansar mais, por isso mesmo ele a ajudou a deitar novamente, ficou ao lado da cama lhe fazendo carinho até que ela pegasse no sono, antes que ela se entregasse lhe pediu:
- Se ele chorar e eu não acordar você me chama...
- Claro amor, tranquila, agora descansa... - consentiu ele.
Os dias foram passando, Santiago mamava 7 as vezes 10 vezes por dia, Karol foi se recuperando e se ajustando a rotina da livre demanda, aos poucos o bebê foi ganhando peso e era possível notar a diferença, porque ele foi criando algumas dobrinhas muito fofas, mas sempre voltava a encubadora, o fechar dela virou um ritual para Karol e Rugge, todos os dias Amélia ligava pois Lorenza pedia para falar com seus pais, até que a ligação foi diferente.

[Chamada]
R: Oi Bagunceirinha
A: Ciao Figlio!
R: Mamma??
A: Sim filho, liguei a 2 dias pra fazer chamada com a Lolo e ela me contou, eu vim o mais rápido que pude, como estão as coisas? Como esta Karol e meu neto?
R: Eu ... eu não quis avisar ninguém...
A: Eu sei filho, eu entendo, você não queria um correria da família, e um monte de ligações...
R: É...
A: Estou aqui agora, cuidado da Lolo, mas você não me respondeu, como estão Karol e o bebê?
R: Estão bem, Karol esta se recuperando e Santiago está ganhando peso aos pouquinhos, hoje tem pensagem... não vejo a hora dele sair da en...
A: Imaginei que ele estivesse, e que você não quer falar sobre isso, até para não assustar a Lolo.
R: Mamma você sempre sabe de tudo...
A: Sono Mamma, le madri sanno sempre tutto.
- Vê o bebê se mexendo na encubadora -
R: Mamma pode me ligar mais tarde ...
A: Vai ele precisa de você, depois eu ligo, fique tranquilo esta tudo bem em casa, até mais tarde figlio mio.
R: Ti amo Mamma!

[Fim da chamada]

Rugge levanta do sofá deixando o celular de lado, higieniza as mãos e vai ver o filho que fazia resmungos de bebê.
- O que foi San?? - perguntou ele segurando a mãozinha do filho pra tentar entender o que ele queria.
Ao sentir o toque do pai o bebê abriu os olhos, se mexeu, resmungou e começou a chorar, um choro um pouco ardido, porém não estava com as mãos fechadinhas como seria se estivesse com fome, não era preciso troca-lo, pois Rugge mesmo havia o trocado a alguns minutos antes, ele insistiu mesmo sabendo que não iria ter resposta:
- O que filho?
Karol acordou pois o volume do choro foi aumentando ela desceu da cama, olhou pro bebê, olhou pra Rugge que a disse:
- Eu não sei o que é amor...
- Você trocou ele? - perguntou ela.
- Sim, troquei... - respondeu Rugge ficando preocupado.
Mas foi olhando para Santigo que ele percebeu o que o menino queria. Rugge começou a abrir a encubadora, Karol ficou sem entender e lhe disse:
- Não é fome...
- Não mesmo - pega o bebê e entrega a ela - ele só quer você, você não percebeu como ele estava te olhando?
- disse Rugge
Assim que Santigo entrou em contato com Karol parou de chorar, deixando a mãozinha apoiada ao lado do rostinho sobre o peito dela.
- Viu, ele só queria você um pouquinho. - reinteirou Rugge.
Karol apoiou a bochecha com delicadeza na cabeça do bebê e o abraçou da mesma forma. Minutos depois Santiago começou a virar a cabeça de um lado para o outro, Karol o afastou um pouquinho para olhá-lo, quando seus olhos se encontraram, ele começou a mexer a boquinha como se quisesse falar alguma coisa, apesar dos olhos dele ainda serem bem embaçados, era nitido que ele estava olhando para ela, Karol o sorriu, e para sua supresa Santiago lhe retribuiu com um sorriso de meia boca, ela de emocionou na hora, Rugge que estava a observando o tempo todo, lhe arrumou uma mecha do cabelo para trás e lhe perguntou:
- Porque tá chorosa?
- Ele - ri em meio a emoção - sorriu pra mim, foi o primeiro sorriso... - respondeu Karol.
Rugge a deu um beijinho na tempora, e junto a ela passou a observar seu filho.
Em seguida Santiago começou a mexer a boca, fazendo movimento de sucção, Karol logo exteriorizou:
- Fome não é?
Sem demora ela abriu a blusa, o posicionou e ele passou a mamar, olhando pra ela fixamente.
- Pronto! - exclamou Rugge baixinho.
- O que? - perguntou Karol
- Mais um apaixonado por você! Eu entendo filho, não tem como mesmo... - respondeu e comentou Rugge.
Ela não resistiu e lhe deu um selinho suave, ficaram se olhando alguns instantes retornando a observar Santiago posteriormente.
Terminada a mamada, Karol ficou mais um pouquinho com Santiago no colo, até Rugge ir pega-lo para colocar de volta a incubadora, mas o menino passou a chorar assim que Rugge o pegou e na mesma velocidade ele devolveu a Karol.
- Tudo bem, fica mais um pouquinho com a mamãe eu sei, shhh eu sei... - disse Rugge.
Karol segurou Santiago e minutos depois olhou para Rugge, que tentou decifrar o que ela queria dizer mas sem exito, o que a fez lhe dizer:
- Senta aqui comigo.
- Na cama? - ela confirmou com o olhar - Ta bom... - entendeu ele se sentando ao lado dela.
Os dois ficaram ali olhando para Santiago mais um pouquinho.
- Você só quer ficar com a mamãe agora não é? Eu sei ela é linda e a energia dela ushii ... - disse Rugge.
O que não esperava era que Santiago sorrisse para ele.
- Olha aí, viu, faz poucos dias que ele veio ao mundo e já sabe que a mãe dele é ... - começou Rugge.
- É o que? - perguntou Karol.
- É tudo...- respondeu Rugge.
A conversa foi interrompida por alguém batendo na porta e entrando.
- Com licença, vim ver como estão? - disse Marta.
Ao chegar mais perto ela continuou.
- Parece que alguém estava mamando pelo jeito...
- Estava sim... - disse Karol.
- Bom eu não quero ser chata, mas preciso leva-lo, o trago mais tarde prometo. - informou Marta.
Karol fez bico, depois deu um beijinho na testa do bebê, Rugge saiu da cama, pegou Santiago que já estava mais sonolento e o colocou na encubadora.
Marta desligou o equipamento, destravou as rodas e levou Santiago, ao passar pela por ela disse:
- Prometo que daqui a pouco trago ele de volta, junto com os resultados dos exames da mamãe.
Karol e Rugge concordaram com a cabeça e Marta saiu por a fora.
Karol olhou para Rugge com ar de preocupação, ele se aproximou dela a deu alguns beijinho e testa a testa a disse:
- Ele vai ficar bem você vai ver!
- Eu sei, mas ... eu fico preocupada... ainda estou digerindo tudo isso Baloo, foi tudo muito rápido e forte...- retornou ela.
- Eu sei, foi assustador pra mim também, mas quanto mais o tempo passa mais tenho certeza de que vocês dois vão ficar bem e vamos pra casa logo. - disse ele a abraçando em seguida.
- Tomara... - exteriorizou Karol baixinho, em seguida fez bico.
- Que foi? - indagou ele.
- Deita aqui comigo... - pediu ela.
Ele subiu na cama e se deitou abraçado a ela.
O cansaço em Karol era tanto que em minutos ela dormiu, porém, Rugge não, ele ficou pensativo, avaliando muitas coisas. Quando sentiu que Karol havia entrado em sono profundo Rugge desceu na cama, estava preocupado, normalmente os exames de Santiago não demoravam tanto, mas dessa vez já havia passado muito tempo, Rugge sentou no sofá e ansiedade repentina o fazia ficar movendo as pernas sem parar, quando pensou em ir ver o que tinha acontecido Marta abriu a porta, ele já foi logo dizendo:
- Eu ja estava preocupado, não demorava tanto assim.
- É que alguém saiu da encubadora... - começou Marta.
Atrás dela vinha Dani com o carinho tradicional de maternidade onde estava Santiago enrolado em um lençol.
- Preciso que você me ajuda a ver uma roupinha pra ele. - continuou Marta.
Rugge foi até as bolsas abrindo e pegando o que seria preciso, mas enquanto entregava a Dra a olhava com um olhar cheio de perguntas e antes que ele pudesse faze-las Marta seguiu enquanto colocava roupinhas no bebê:
- Ele esta ótimo, contudo ainda faltam 115 gramas pra que eu libere vocês pra casa, mas agora ele ja segura a própria temperatura, ja esta com tudo certinho, como uma bebê normal.
- E quando acha que podemos ir pra casa? - perguntou Rugge emocionado.
- Creio que se ele continuar mamando como esta, sábado vocês ja possam ir pra casa. O leite da Karol esta excelente! - respondeu Marta terminando de arrumar Santiago.
- E os exames dela? - continuou Rugge
- Karol esta bem estável, tudo certo. - disse Marta entregando Santiago nos braços de Rugge.
Rugge depois de dias apenas tirando o bebê da encubadora e entregando para Karol segurou seu filho a primeira vez, olhou pra ele perguntando para Marta:
- Agora posso ficar com ele no colo?
- Quanto quiser! - respondeu Marta suavemente.
- Obrigado! - agradeceu Rugge.
- Não agradeça a mim, agradeça aquela mamãe ali por ter produzido um leite muito bom que fez ele ganhar peso rápido. Bom vou indo, amanhã nos falamos.
- Até... - retribuiu Rugge.
Ele caminhou com Santiago nos braços sem tirar os olhos do menino até o sofá, se sentou com cuidado, ficou ali admirando seu filho agora de pertinho, podendo sentir seu cheiro e dar beijinhos, o menino reagia com pequenos sorrisinhos que geravam cosceguinhas no coração de Rugge.
Um tempo depois Santiago começou a se mexer incomodado, não era fome, contudo Karol precisava dormir e Rugge não queria acorda-la, foi nesse momento que ele colocou o bebê na vertical deitado sobre seu peito, fez som baixinho de "shhh" um pouco continuo, pra lembra-lo de quando estava dentro da mãe, aos poucos o pequeno foi se acalmando e voltando a relaxar.
Já passava das 18:00, "Lolo deve ter chego e está fazendo a tarefa antes de jantar" pensou Rugge, morrendo de saudades da filha, como queria que ela pudesse estar ali.
Parece que a telepatia as vezes não era só um dialeto entre ele e Karol, mas com Lorenza também, pois logo em seguida o telefone passou a vibrar e era Antonella solicitando vídeo chamada.

Boomerang - 2 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora