Por volta das três da madrugada, Karol começa a escutar resmungos, a princípio não deu muita atenção mas eles continuaram, abriu os olhos se inclinou empurrando um pouco o braço de Rugge que estava em sono profundo abraçado a ela e olhou Lorenza no colchão no chão, ela estava se mexendo, encolhida e com os olhos bem apertados, resmungava baixo algo que não se podia entender, mas tinha um certo desespero em sua feição. Karol se desvencilhou de Rugge, desceu da cama com cuidado, se ajoelhou no chão ao lado de Lorenza e lhe fazendo carinho no rosto a chamou:
- Lolo... - insistiu - Lolo... filha!
Lorenza acordou ofegante e tentando entender onde estava, quando viu que era sua mãe que a chamava, levantou bruscamente abraçando Karol imediatamente e dizendo chorando:
- Mamãe!
- Shuuu tudo bem estou aqui, foi só um pesadelo. - disse Karol a embalando.
Ela a soltou um pouco para olhar seu rostinho, enxugou as lagrimas dela com os polegares, a trouxe mais pertinho e a fazendo cafuné, voltou a dizer:
- Ja passou pequenininha.
Lorenza ficou de pé para ficar testa a testa com sua mãe e a olhar nos olhos, soluçava brevemente, depois de se olharem por um tempo Karol a puxou para um abraço bem apertado seguido de carinhos de mãe. Ela conseguiu fazer a filha voltar a se deitar no colchão, a cobriu novamente, ficou olhando pra ela e lhe fazendo cafuné, Lorenza acabou pedido:
- Mamãe...
- Sim princesa.... - atendeu Karol.
- Fica aqui comigo?
Karol sorriu e tocou o nariz de Lolo lhe dizendo:
- Fico... desliza pra lá pra eu deitar com você.
Lorenza deslizou, Karol se deitou, puxou a coberta sobre elas e Lorenza se aninhou no abraço da mãe, a observando até dormir.
Mais tarde Rugge se virou na cama e percebeu que Karol não estava, olha para a porta do quarto para ver se estava aberta, mas estava fechada, olha para o chão a encontrando dormindo com sua filha. Ele se arrastou, desceu da cama, foi até Karol a balançou levemente e disse baixinho:
- Amor vem dormir na cama ta muito frio.
Karol virou o rosto para ele com os olhos semicerrados e falou com a voz rouca:
- Ela teve um pensadelo.
- Eu levo ela pra cama também, vem. - insistiu ele.
Karol soltou Lorenza devagar, se levantou com cuidado, foi direto se deitar no meio da cama, Rugge pegou Lorenza no colo, a colocou junto a Karol que a cobriu, Rugge contornou a cama e se deitou atrás da esposa, outra vez lhe abraçando.
- Está frio mas não tanto. - disse Karol baixinho.
- Esta sim, é que você tava junto da Lolo aí fica mais quentinho, eu tava aqui sozinho, fica mais frio. - sussurrou Rugge.
- Ah entendi tudo - disse Karol contendo a risada.
- Eu estava com saudade, você sabe que eu não consigo dormir direito sem você e tava frio aqui. - explicou ele.
- No fim das contas eu tenho duas crianças - disse Karol ainda contendo o riso olhando pra ele.
- Naaaa é que te amamos e queremos ter você sempre grudadinha com a gente. - disse Rugge lhe dando um selinho silencioso.
Karol fez bico pra ele, mas por fim acabaram voltando a dormir.
Os últimos dias do ano passaram velozes, Lorenza passou os dias grudada a sua tia, somente a noite dava atenção aos seus pais, o que fez Karol começar a oscilar muito de humor, mas também a querer policiar os pensamentos para não nutrir os sentimentos estranhos que a assolavam.
Chegado o último dia do ano a casa estava agitada, muitas coisas para serem feitas para a ceia, afinal os tios e primos da Rugge se agregariam para a festividade. Bruno mais uma vez cuidava das carnes, Karol, sua sogra e prima cuidavam dos acompanhamentos e sobremesas, enquanto Rugge, Léo e Lorenza mudavam os móveis de lugar para receber a todos.
Em um dado momento Karol foi ate a sala, Rugge e Leo mudavam um aparador de mármore de lugar, mas ela chamou:
- Baloo!
- Oi! - respondeu protamente Rugge colocando o móvel no lugar.
- Acabou o leite condensado, precisa buscar mais umas 4 latas. - disse Karol.
- Já terminamos de arrumar aqui - olha para o irmão - vai comigo mano? - disss Rugge.
- Claro, enfrentar o mercado essa hora sozinho vai ser difícil. - respondeu Léo.
- Então estamos indo Moglito... - olha para a filha - Lolo vai com a gente, certo filha? - seguiu Rugge.
- Ah Pai, é chato... - começou Lorenza fazendo mãnha.
- Deixo você escolher uma coisa só pra você. - persuadiu Rugge.
- Ta bom... Eu vou . - disse Lorenza acompanhando o pai.
- Hei? Não vão se despedir? - perguntou Karol.
- Ja vamos voltar Má! - disse Lorenza.
- É pertinho ja voltamos. - disse Rugge a jogando um beijinho e sendo puxado por Lorenza porta a fora.
Karol ficou um pouco ressentida, mas o mercado era pertinho eles realmente voltariam em breve. Ela voltou a cozinha para continuar cortando os condimentos, porém muito calada, o que fez Montse a perguntar:
- Prima tá tudo bem com você? Você quieta não é normal.
- Esta sim. - respondeu Karol objetivamente.
Ao ver a reação de Karol, Antonella olhou pra Bruno e o sussurrou:
- Vamos ter que conversar com ela mais tarde.
Bruno concordou com a cabeça e seguiu temperando as carnes. Rugge, Lolo e Leo voltaram até que rápido do mercado, assim Karol e Montse puderam terminar as sobremesas para estarem bem geladas para a noite.
Com tudo organizando para cozinhar a noite, Antonella começou a preparar uns biscoitos e outros quitutes para um lanche da tarde, Montse foi para a sala descansar um pouco com sua sobrinha nos seus calcanhares, Karol tambem foi pra sala, mas queria ficar um pouco com a sua filha, jogar alguma coisa ou só enche-la de beijinhos, então pediu:
- Filha, vem ficar um pouco com a mamãe.
- Ah eu quero ficar com a tia Montse Má. - disse Lorenza se agarrando a tia.
Para Karol foi muito doloroso ouvir tais palavras e ver a reação de sua filha, ha dias ela estava distante, aquele sentimento estranho cresceu de uma forma que ela apenas saiu da sala e foi se sentar na cama no quarto de Rugge ofegante e contendo o choro, se isolou la até sua sogra chamar pro café da tarde.
Karol chegou na sala de jantar, estavam todos a mesa comendo, Lorenza seguia grudada a Montse, Rugge não a viu chegar, estava entretido trocando ideias com seu irmão, seus sogros falavam entre si, ela se sentou mesmo não sendo notada, serviu um chá em sua xícara, pegou um pãozinho passou manteiga e começou a comer silenciosa, todos seguiram rindo e com suas conversas, ela sentiu como se não existisse, ja estava um pouco abalada, aquela situação ja estava mexendo demais com seu temperamento, Lorenza então pediu:
- Mami pode me cortar um pedaço de bolo?
Karol olhou pra ela enfurecida e lhe respondeu ríspida e grosseiramente:
- Pede pra sua Tia.
Lorenza engoliu seco e seguiu:
- Mas o bolo esta do seu lado.
Karol voltou a olhar pra ela, as conversas paralelas pareciam muito mais altas, bruscamente ela pegou a forma de bolo abriu espaço na mesa batendo nas louças e em alto e bom som e da mesma maneira grosseira disse chamando a atenção de todos:
- Peça para a sua Tia cortar!
Lorenza se assustou se encostou no espaldar da cadeira tentando entender, Rugge se virou pra Karol a chamando a atenção:
- Karol! O que foi isso?
Ficaram todos em silêncio, Karol apenas seguiu olhando para seu prato e comendo o pão como se nada tivesse acontecido. Lorenza tentou se conter, mas acabou chorando se levantando saindo e indo pro corredor do quartos correndo.
- O que está acontecendo com você? - tentou entender Rugge bravo se levantando e indo atrás de Lorenza.
Leo foi atrás do irmão, Antonella olha pra Bruno lhe insinuando que chegou a hora da conversa, depois vira pra Montse e diz:
- Montse vamos até o quarto da bebê tem algumas coisas pra separar.
Montse faz menção de dizer algo mas Antonella coloca a mão sobre o antebraço dela lhe fazendo entender que precisavam deixar Karol e Bruno conversarem, ela ajuda Montse a se levantar e ambas saem a caminho do quarto.
Karol toma um gole do chá, coloca xícara sobre a mesa, estava trêmula, se encosta na cadeira, pousa as mãos sobre as pernas, olha pra baixo, Bruno pode ver uma lagrima escorrer no rosto dela, ele saiu de seu lugar e sentou-se a seu lado e lhe disse:
- Precisamos conversar, quer me contar o que está havendo?
- Ela - soluça - Não quer mais ficar comigo... - começou Karol.
- Não, você sabe que não é verdade. - disse Bruno suave e calmamente.
- Ela só quer ficar com a Montse... nem Ru... - começou ela chorando.
- Você sabe que eles te amam demais, Lolo queria um irmãozinho não foi isso que ela pediu? - Karol confirma com a cabeça - Então é normal ela querer ficar perto de quem esta carregando o bebê, e depois Karol ela não via a Montse e o Leo a muito tempo, assim como Rugge não passa o tempo com o irmão, parece pra você que não faz diferença você estar ou não, mas na realidade faz toda a diferença, com quem Lolo se sente segura pra dormir? - perguntou Bruno com a voz mansa.
- Comigo - responde e soluça Karol.
- Meu filho depois de adulto não consegue dormir sem quem? - seguiu docemente Bruno.
- Sem - soluça - mim... - respondeu Karol.
- Viu só, mas sei que esta tendo um sentimento latente aí dentro, vem oscilando de humor e se isolando por isso... - continuou Bruno.
- Mas ... - quis falar Karol.
- É só ciúme, é passageiro... você não deve se lembrar, mas quando esperava a Lolo toda a atenção era pra você, Léo ficou sentido porque só falavamos de você e da Lolo e certamente foi assim com Montse embora ela tenha te acompanhado boa parte do tempo. Não quero que se sinta assim, sabe que te amamos demais, sobretodo Rugge e mais que ele somente Lorenza te ama incondicionalmente, porque ela sabe que você vai estar sempre ali pra quando ela precisar. E Karol fale com Rugge exponha seus sentimentos você sabe que vocês evoluem melhor juntos. - esclareceu Bruno tranquilamente.
- Não sei o que me deu... - disse ela.
- O que passou, ja passou, agora é só você virar o jogo e deixar a mulher forte e segura que mora aí dentro não se deixar abalar por pensamentos ruins.
Ela balançou a cabeça em acordo, engoliu a saliva, conteu o choro e disse:
- Tem razão... Eu... Eu... preciso tomar um ar.
- Isso, espairecer um pouco vai te ajudar, só não fique muito tempo no frio. Vou chamar todos para voltarem pra comer esta bem? - perguntou Bruno.
- Uhum... - respondeu Karol.
Bruno foi chamar a família e Karol saiu pro jardim para tomar ar fresco.
A brisa do fim de tarde ainda que gelada devido a temperatura baixa e a neve que se acumulava no jardim, oferecia um frescor ao respirar, ela tentava controlar o máximo a respiração, fechava os olhos sentido a luz do sol conferindo um calor breve em contraponto do vento que brincava com seus cabelos, ficou ali administrando seus pensamentos e sentimentos mas sem deixar de dar voz a seu coração, o que ela não havia feito nos ultimos dias.
Bruno foi ate o quarto da bebe ao encontrar Montse e sua esposa as disse:
- Podem voltar para terminarem de tomar o café.
- Conseguiu falar com ela amore mio?
- Sim Nella, está tudo bem, ela está tomando um ar la fora, mas entendeu.
- Me preocupo com ela - disse Montse.
- Vai ficar tudo bem. - disse Bruno gentilmente.
Depois Bruno foi ate o quarto de Rugge, onde estavam seu filho, Léo e Lorenza agarrada ao pai, assim que abriu a porta pediu a Leo que fosse terminar de tomar o café, assim que Léo saiu, Bruno se sentou ao lado de Rugge que lhe disse:
- Não entendo pai, nunca vi a Karol assim.
- Filho, ela estava se sentido, como posso dizer, abandonada, como se ninguém a quisesse por perto. - explicou Bruno.
Lorenza virou o rosto pra ver o avô, fez bico e feição de choro, Rugge deu um beijinho da testa dela e perguntou:
- Mas porque?
- Porque temos falado só da bebê e Lolo só tem ficado com a Montse filho. - respondeu Bruno complacente.
Lorenza olhou para seu pai e lagrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto.
- Porque ela não falou comigo? - perguntou Rugge.
- Porque achou que conseguiria lidar sozinha com o que estava sentido, você mais do que ninguém sabe como ela é teimosa. Acabou que se isolou e não percebemos. - respondeu Bruno.
Rugge analisou a memória dos ultimos dias, suspirou e retornou:
- Onde ela ta?
- No Jardim tomando um ar e colocando a ideias no lugar.
Lorenza desceu do colo do pai em um salto e chorando foi pelo corredor, passou pela sala de jantar indo abrir a janela, Antonella ao ve-la lhe diz:
- Lolo o que houve?
Mas ela não deu ouvidos a sua vó abriu a janela e saiu correndo, quando viu sua mãe de costas a chamou indo em sua direção:
- Mamãe!
Karol se virou, Lorenza a abraçou na cintura com toda a força que tinha, Karol a soltou, se abaixou a abraçou lhe dizendo:
- Me perdoe minha pequenininha.
Mas Lorenza disse a ela chorando algo que a fez se sentar no chão:
- Eu te amo mamãe, eu te amo muito e não existe nada no universo que mude o que eu sinto por você, nada!
Aquele sentimento ruim foi embora no mesmo instante que as palavras de Lorenza chegaram ao coração de Karol, Lorenza recuou um pouquinho para olhar para sua mãe, que lhe sorriu e foi retribuida, Karol olhou bem para sua filha e a encheu de beijinhos. Rugge as observava encostado no batente da janela, se pois mais calmo ao ver-las juntas e daquela maneira. Ele sentiu um vento mais gelado passar então gritou da janela:
- Hei vocês duas, entrem que esta frio!
As duas se levantaram, Karol deu a mão a Lolo e caminhando ate entrarem não tiraram os olhos uma da outra.
Todos sentaram a mesa novamente para terminar o café da tarde dessa vez com um clima muito diferente.
- Você quer o bolo agora? - perguntou Karol a Lorenza que agora estava sentada ao seu lado.
- Sim Má, mas pega um pedaço bem grandão pra gente dividir! - disse Lorenza.
Karol riu, mas cortou um bom pedaço, comeram ate o último pedacinho sempre pegando cada uma, uma garfada.
Depois do café, Karol se sentou no sofá para ver um pouco de TV, com Lorenza no seu colo, Montse se juntou a elas e disse a Karol:
- Estava preocupada com você.
- Você sabe que eu sempre lido bem com o que eu sinto, mas as vezes eu me perco. - disse Karol.
Montse a sorriu e olhando Lorenza disse:
- Parece que alguém dormiu.
Karol notou que sim que sua filha havia pego no sono, a fez carinho com o mindinho na testa e disse:
- Minha pequenininha...
- Espero que eu seja tão boa mãe como você! - disse Montse.
- Ah prima, poes aha que não vai ser! - brandou Karol.
Montse riu, e Karol a disse:
- Não é pra rir não oh!
- Essa é você! - disse Montse.
Karol a sorriu e lhe mostrou a língua.
Elas foram interropindas por Rugge e Leo que se sentaram a seus lados. Rugge deu um beijo na tempora de Karol a fazendo olhar pra ele que a disse baixinho:
- Depois vamos conversar senhora.
- Eu tô bem - balbuciou ela.
- Eu sei, mas vamos ter que relembrar um dos nossos combinados. - explicou ele.
- Hunf... Ta. - respondeu ela.
- E ela está dormindo, dormindo mesmo. - disse Rugge ao olhar Lorenza.
- Esta com a mãe dela, não existe melhor lugar. - disse Montse - além disso, você sabe bem que esse colo é mágico.
Rugge riu e disse:
- Aham da um soninho.
- Não é? - disse Montse rindo.
- Ah vocês... - disse Karol rindo.
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Boomerang - 2 temporada
FanfictionAlguns anos se passaram, Lorenza cresceu, Karol e Rugge seguindo suas carreiras enquanto cuidam da educação e da filha. Muitas surpresas o destino vai trazer e embora eles vão por seus compromissos sempre voltam um para o outro!