Primeira Semana

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Enquanto Santiago terminava a ultima mamada do dia, Rugge levou Lorenza para seu quarto para dormir. Após estar deitada e coberta, eles conversaram um pouquinho:
- Pá eu sinto que já posso deixar o pesadelo com a mamãe prá trás... - exteriorizou Lorenza.
- Acha que está pronta? - perguntou Rugge a fazendo cafuné.
- Sim Pá. Com vocês em casa, o San, eu sinto que aquilo não vai mais acontecer... - respondeu a menina.
- Eu também acredito filha, então deixe no passado o que é dele. - aconselhou Rugge orgulhoso da filha.
- Pá... como você se sente? - indagou a menina.
- Me sinto bem. - respondeu Rugge automaticamente.
- Quero dizer, agora que sou eu e o San... - completou Lorenza.
- Ah... entendi, bom filha... eu tô muito feliz de ter vocês dois, de ver você amadurecendo, de ter um bebezinho novo e ver você curtindo muito isso, é uma honra pra mim como pai.  - contou Rugge.
Lorenza o sorriu, seguido de um bocejo.
- O trem do sono chegou... chu chu - disse Rugge baixinho.
Lorenza riu e disse:
- Te amo Pá!
- Também te amo minha bagunceirinha, dorme bem! - desejou Rugge.
- A gente pode ficar bem grudado amanhã? - pediu Lorenza.
- O dia todo! - respondeu Rugge a dando um beijinho da testa.
- Boa noite... - desejou Lorenza seguida de um suspiro.
Rugge deixou o abajur ligado, apagou a luz principal e deixou a porta entre aberta, seguindo em retorno ao quarto do casal, quando ouviu uma porta abrindo, pensou ser Lorenza, mas era sua mãe:
- Figlio... - chamou Antonella da porta.
- Mamma? - atendeu Rugge.
- Buona Notte! Se precisarem de alguma coisa é só me chamarem... - disse Antonella.
- Buona Notte Mamma! Sì, qualunque cosa ti chiamiamo, dormiamo bene! - desejou Rugge indo pro quarto.
Ele entrou no quarto e fechou a porta com cuidado, quando se virou viu que Karol ainda estava acordada, pois estava dando beijinhos em Santiago, o que fez Rugge perguntar:
- Ele ainda tá acordado?
- To lutando contra o sono papai... - respondeu Karol modulando a voz em tom ameno.
Rugge se sentou ao lado dela na cama e passou a olhar Santiago que estava realmente se esforçando pra se manter acordado.
- Ele esta bem mais relaxadinho, não é... - comentou Karol.
- Ele ta xim, diga, é puque eu tô na minha casa, não tem aquelas luz folte e nem tem gente entrando todo instante. - disse Rugge.
Santiago boceja, mas não se entrega ao sono.
- Pode mimi meu pequeno, você está seguro em casa comigo, com o papai, com a Lolo e a nonna. - diz Karol.
Santiago apenas faz movimentos de bebê recém nascido, mas segue mantendo os olhinhos abertos, ainda que piscando muito.
- Hunf... ele quer você... - percebeu Rugge.
Karol sorriu com ternura e levou Santiago encostado em seu peito, meio virado a Rugge.

Rugge passou a fazer carinhos circulares muito suaves na testinha do bebê, que foi se entregando até o sono ganhar e ele dormir

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Rugge passou a fazer carinhos circulares muito suaves na testinha do bebê, que foi se entregando até o sono ganhar e ele dormir.
- E agora... - faz bico - como que leva ele pro berço? - questiona Karol.
- Huhu, fica com ele mais um pouquinho, quando te der sono eu coloco ele lá.
Karol suspira, pensativa.
- Que? - pergunta Rugge.
- A menos de uma semana ele tava aqui dentro e agora ele tá aqui ... A natureza é muito... profunda... - exteriorizou Karol.
- Hunf... adoro quando você começa essas análises... - disse Rugge.
- Acha que vamos dar conta? - perguntou Karol.
- Eu te diria que não se fossem gêmeos... Nahh amor, a gente sempre dá conta, além disso a bagunceirinha vai ajudar. - respondeu Rugge.
- Tem razão se ela não tivesse ficado conversando com ele até eu terminar o banho ele iria chorar muito. - disse Karol.
- Vai dar tudo certo amor, um dia de cada vez, e ele é um amorzinho. - disse Rugge.
- Ai sim, ele é muito quietinho.- concordou Karol.
- O oposto do que ele era na barriga. - seguiu Rugge.
- Parece - boceja - que faz tanto tempo isso... - disse Karol ficando sonolenta.
Rugge se levantou, pegou Santiago com cuidado e o levou pro berço, o fez um último carinho e fechou o mosqueteiro. Retornou a cama se deitando esticando o braço para Karol se aninhar junto ele.
- Uh... - suspira - finalmente posso dormir com você e na nossa cama. - exteriorizou ele.
- Sim... Baloo - chamou Karol.
- Oi Moglito? - atendeu.
- Te amo... - disse ela fechando os olhos.
- Te amo mais! - deixou claro ele.
Os dois adormeceram em instantes, o sono que queriam ter tido à dias.
Perto das 2h00 da manhã Santiago acordou com resmungos e um chorinho leve, Rugge se soltou de Karol com cuidado e foi por seu filho para a primeira troca da madrugada. As 3h00 foi a vez de Karol para a mamada da madrugada. As 5h00 ele acordou a plenos pulmões, Rugge levantou em um salto, o pegou, Santiago diminuiu o volume, mas não parou de chorar, Rugge o levou direto ao quarto do bebê no trocador, ele colocou o menino sobre a almofada do móvel, começou tirar a roupinha, mas Santiago seguia agitado e chorando.
- Calma filho, papai já está trocando. - disse Rugge baixinho e suave.
Mas Santiago seguia agitado, Rugge em um manobra sutil, dobrou as perninhas do menino e as levou contra a barriguinha, segurou um pouquinho, Santiago foi diminuindo o choro, passou a fazer forcinha até sair o que estava incomodando.
- Ponto, passo... que gases maus né - disse Rugge.
Rugge soltou as perninhas de Santiago, que parou de chorar completamente, mas olhava o pai com atenção.
- E agola eu que vou ter que lidar com o que tem aqui dentro... - disse Rugge criando coragem pra abrir a fralda.
Santiago sorriu, mexendo as perninhas.
- Sapeca... - riu Rugge, dando um beijinho em um dos pesinhos do bebê.
Rugge encarou a fralda e tirou de letra, estava até bem tranquilo, seguiu fazendo a limpeza quando uma mocinha entrou no quarto.
- Oi princesa porque tá acordada?
- Escutei ele chorando... - respondeu Lorenza se aproximando da cômoda e do irmão.
- É só uma troca, eu já estou terminando, mas já que está aqui, quer me ajudar? - perguntou Rugge.
- Sim Pá! - respondeu Lorenza.
- Pega uma fralda naquele pacote ali, papai esqueceu que as que estão aqui são grandes pra ele ainda. - pediu Rugge.
Lorenza alcançou a fralda pro pai, e voltou a ficar do ladinho de seu irmão que a que a olhava, ela não resistiu e falou com ele baixinho:
- Oi irmãozão.
Santiago a sorriu a deixando boba.
- Desde que chegamos ele está mais sorridente. - constatou Rugge.
- É porque ele sabe que está em casa Pá e que tá tudo bem agora. - disse Lorenza.
Rugge concordou com a filha gestualmente, terminou a troca de Santiago e o pegou no colo meio em pé junto a seu peito e se sentou na poltrona, Lorenza acompanhava tudo, ficou olhando o irmão encostada na poltrona, mas se notava o sono sendo contido.
- Senta aqui com papai filha, eu tenho mais um braço. - disse Rugge.
Lorenza riu e se sentou no colo de seu pai, ficou olhando o irmão que estava quase dormindo, quando ele fechou os olhos, ela acabou fechando os dela e os dois dormiram, deixando o papai curtindo o momento feito bobo.
Rugge deu beijinho na cabeça dos dois e disse baixinho:
- Meus bebês...
Era uma sensação inexplicável aquela, ele olhava pra um, depois pro outro, observava os traços, como Lorenza havia puxado mais a Karol e ele não podia negar que Santiago era sua cara, ele relaxou na poltrona encostou a cabeça no espaldar e seguiu aproveitando cada segundo daquele momento, como quem gravava na memória.
Pela sua visão periférica viu alguém entrando no quarto, em segundos a pessoa se pôs em frente a ele, era sua mãe que ao vê-lo disse:
- Colo não falta.
- Não mesmo. Bongiorno Mamma - concordou ele.
Antonella não retornou, ficou olhando pra cena mais alguns minutos e conteve a emoção fazendo seu filho a perguntar:
- Que foi Mamma?
- É que é muito bonito ver você sendo pai figlio, eu estou muito orgulhosa de você... ah se em 2017 tivessem me dito que eu veria essa cena eu não acreditaria.
Rugge a sorriu.
Ela controlou a emoção, enxugou as lágrimas e disse fazendo cafuné em Rugge.
- Eles são seus bebês e você sempre vai ser o meu. Agora vou descer preparar um café da manhã bem gostoso!
- Ti amo Mamma! - retribuiu Rugge.
Antonella o sorriu e foi em direção ao corredor, ainda visivelmente emocionada.
No minuto seguinte Santiago começou a se mexer, o relógio já marcava quase 7h00, a fome deveria estar começando a apertar, por um momento ele ficou pensando em como fazer com os dois pra chamar Karol, mas foi ele pensar, ela entrou no quarto.
- Eu tava te procurando Baloo. - disse Karol baixinho o percebendo com os dois no colo.
- Eu vim trocar ele, a Lolo acordou com ele chorando e eu acabei ficando por aqui. - contou Rugge.
Karol o sorriu com ternura e parecia querer dizer algo com o olhar, da mesma forma ele retornou querendo saber o que estava passando, mas ela não disse nada, só ficou ali vendo seu marido com seus filhos.
Sem demora Santiago começou a acordar, Karol foi por ele o pegando com cuidado do colo de Rugge, que segurou Lorenza no colo, se levantou dando lugar para Karol e foi se sentar em frente na cama, Lorenza o agarrou pelo pescoço se pondo a dormir com a cabeça em seu ombro, ele não tirava os olhos de Karol tentando entender o que ela queria dizer.
Com Santiago mamando tranquilo, Karol passou a olhar pra Rugge novamente que sem demora a perguntou:
- Amor o que você quer me dizer?
- Nada, só estou constatando a realidade de uma frase que li um dia... - respondeu ela.
- Que frase? - seguiu ele.
- "Se você acha que ama seu marido agora, imagina até ver ele se tornando pai" ... Baloo ver você sendo pai é algo que mexe comigo, eu não sei explicar... você os protege, os cuida ... - respondeu Karol.
- Ka quando o Leo nasceu eu ajudei meus pais a cuidarem dele, mas eu só cuidava, ele era mais um parceirinho. Quando te conheci eu tive uma necessidade imensa de te proteger, eu não tinha entendido o porquê até essa mocinha chegar, e agora com o San ... ushii ficou cristalino... - contou ele.
- Conta... - pediu ela.
- Porque você é o meu mundo, sem você não existe nada, não existe vida, é por isso que eu te protejo, porque se você estiver bem eu vou estar bem e nossos filhos também. Eu vou seguir protegendo você até o dia em que eu pare de respirar nesse mundo, mas eu vou te esperar no outro pra seguir te protegendo... - continuou Rugge.
- Sabe que eu sempre achei que a gente se conhece de outros tempos... - expôs Karol.
- Eu sempre achei isso, desde o dia em que você me deu a mão quando a gente se conheceu, não sei se consigo explicar o que senti, mas não foi um "oi prazer em te conhecer foi um - dizem juntos - " Que saudade".
Eles se sorriram, dali o dialeto prevaleceu, até Rugge perceber uns sons fofos surgindo.
- Nossa deve estar bem bom esse leite hein! - constatou Rugge.
- Ele esta com bastante fome ... - disse Karol fazendo carinho em Santiago.
- E tudo certo? Sem machucados? - seguiu Rugge.
- Uhum, ele pegou direitinho logo na primeira vez, então sem machucados, a Lolo tinha mais dificuldade... - respondeu Karol.
- Acho que também é porque era a sua primeira vez, com ele esta mais tranquilo porque você ja sabe o que fazer. - disse Rugge.
- Acho que sim Baloo, mas também sinto que essa vez tem mais leite também... - contou Karol.
- Ah mas isso é por conta da livre demanda, quanto mais ele mama mas leite você produz... - constatou Rugge.
Lorenza se mexeu um pouquinho, mas não saiu da posição em que estava e chamou:
- Papai urso...
Rugge fez bico, fazia muito tempo que ela não o chamava assim.
- Oi princesa... - atendeu ele.
- Eu não quero ir pra escola hoje... - disse a menina sonolenta.
- E nem vai filha, hoje é domingo, a gente vai ficar grudados hoje lembra? - retornou Rugge.
Mas Lorenza voltou a dormir tranquila.
- Conversando dormindo hehe - riu Karol.
- Nossa mas fazia muito tempo que ela não me chamava de papai urso... - disse Rugge
- Fazia tempo mesmo... - concordou Karol.
- Eu adoro que vocês me chamem de Baloo e papai urso... - disse Rugge com feição de ternura.
Mas Karol deu atenção a Santiago que havia terminado de mamar e anunciou em um suspiro seguido de um "ah", dando deixa para o papai dizer:
- Tava muito bom mamãe!
Karol colocou Santiago bem virado de frente a ela e passou a enche-lo de cheirinhos e beijinhos, sendo retribuida com resmungos e sorrisos.
Rugge a observava, ela estava feliz, como fazia uns meses que não a via, tinha um brilho extra nela que encantava.
- Hunf... - chamou a atenção ele.
- O quê? - perguntou Karol seguindo enchendo o bebê de carinhos.
- E pensar que no Natal você ficou super mal ... - começou Rugge.
- Ele veio na hora certa, não é? Porque se você não vem a mamãe ia se perder com a obra e iria acabar perdendo o papai e a Lolo também, mas você veio... - Santiago segue reagindo com resmungos fofos de bebê como se concordasse - ... é eu e o papai transbordamos você meu pequeno. - seguiu Karol.
Rugge apenas seguia guardando cada segundo na memória.
Domingo seguiu cheio de ternuras e muito grude entre os 4, Lorenza ajudava em tudo que podia, além de sempre curtir seu momento quando tinha oportunidade. Seus pais se readaptaram a casa rapidamenre sobre tudo com as comidas gostosas da nona, que consequentemente nutria Santiago a cada mamada.
Segunda chegou com um pouco da a rotina antiga, acordar arruma Lorenza para ir para a escola, ainda que a menina relutasse um pouco, pois queria  ficar o máximo de tempo com seu irmão, mas ela também gostava da escola, ficava um pouco dividida, mas seus pais aproveitaram para ensina-la sobre o valor do tempo, ela se convenceu de que cada coisa tinha sua hora e que ela deveria aproveitar tudo que pudesse.
Karol e Rugge sempre que Santiago dormia, dormiam também para recarregar o sono. Contudo, mais tarde, um pouco antes do almoço, Alvarenga ligou para Rugge, que para não acordar Karol foi até a cozinha para poder falar.  Antonella estava lá preparando a comida e viu que seu filho ficou um pouco chateado ao telefone, quando ele desligou, ela o olhou e percebeu que ele havia ficado um pouco transtornado porque haviam lágrimas em seus olhos.
- Figlio o que aconteceu, porque ficou assim? - perguntou Antonella.
- Alva não conseguiu mudar um dos shows e nem cancelar... - começou ele.
- Hum... e quando é? - interrompeu Antonella.
- Amanhã... - respondeu Rugge.
- Amanhã? Mas figlio... - começou Antonella incrédula.
- Sim Mamma amanhã... eu não vou conseguir ir, eu não posso... - seguiu Rugge choroso.
- Figlio não sei o que dizer, apenas que você precisa contar a ela... - disse Antonella.
Ele sabia que não tinha jeito, foi pra sala de tv, olhou Santiago no carrinho, o fez carinho e não conseguiu conter o soluço, Karol que estava meio acordada, se sentou e o chamou:
- Baloo?
Ele não respondeu, seguiu contendo tudo do choro que dava, mas tomou coragem e olhou pra ela que imediatamente o perguntou:
- O que houve?
- Alva me ligou... - começou ele.
- E o que ele disse? - retornou ela.
- Ele não conseguiu cancelar, ou adiar um dos shows, tentou de tudo, mas não teve jeito.
- Quando? - questionou ela se segurando.
- Amanhã... - respondeu ele indo se sentar ao lado dela desolado.
- Onde? - seguiu Karol.
- Em Lima... - respondeu ele a olhando deixando claro com seu olhar e seu corpo que ele não queria ir de jeito nenhum.
- Quando você vai?? - segura o choro ela.
- Alva conseguiu que eu vá de manhã e volte a noite... - respondeu ele.
Karol segurou o que pode mas o choro veio, ela não conseguiu conter, Rugge a segurou no rosto olhando nos olhos, também chorando.
- Eu preciso de você aqui... - disse ela.
- Eu sei muito bem disso e não quero ir de jeito algum... mas não restaram alternativas meu amor. - exteriorizou ele.
Ela o abraçou rápidamente escondendo o rosto em seu peito e passou a chorar deliberadamente.
Doía muito em ambos sobretudo nesse momento, ele sabia que ela precisava dele ali, que ela estava no pourperio o que tornava a situação mais difícil ainda, por dentro ele se imaginava gritando para Alvarenga que não iria, parecia simples a solução, mas não era.
- Ka...é muito difícil isso ... - exteriorizou Rugge baixinho.
Enquanto eles seguiam lidando com a situação nada confortável, Santiago acordou chorando a pleno de fome.
- Deixa eu pego ele amor... - disse Rugge a soltando, se levantando e indo até o carrinho.
Karol tratou de se conter um pouco, enxugou as lágrimas e puxou a almofada meia lua em seu colo, sem demora pois Santiago estava faminto. Rugge o entregou a Karol que se agilizou para amamentar o menino, que na fome passou a mamar sonoramente, entre respiradas e engolidas. Rugge se sentou ao lado dela meio que a abraçando e lhe fazendo carinho, mas devido a exasperação de Santiago disse:
- Hei mocinho vai com calma, quanta fome!
Ele passou a fazer carinho na cabeça do bebê na tentativa de que se acalmasse e mamasse mais tranquilo, a princípio parecia que não iria dar certo, mas aos poucos Santiago foi relaxando e mamando mais devagar.
- Acho que passei minha sensação pra ele, por isso se agitou... - disse Karol.
- Acho que passamos a sensação amor, porque não estou nem um pouco cômodo com isso. - retorquiou Rugge.
- Míos bambinos o almoço esta pronto... - veio dizendo entrando na sala, os nota  - Falou pra ela não foi? - Perguntou Antonella já sabendo a resposta.
Rugge apenas confirmou com a cabeça, Karol se manteve concentrada em Santiago para não ter que pensar sobre aquilo.
- Bom vou trazer o almoço aqui pra vocês... - tratou de mudar de assunto Antonella.
- Não Nella, o San já tá terminando, já vamos almoçar na cozinha.  - disse Karol.
- Tá bom... - disse Antonella observando os dois bem, antes de retornar a cozinha.
Karol olhou para Rugge e o pediu:
- Não quero falar sobre isso até amanhã...
Ele a deu um beijinho na tempora, depois apoiou o queixo na cabeça dela por uns minutos, até Santiago terminar sua mamada e Karol o levar encostado no peito para arrotar. Sem demora o bebê arrotou sonoramente, o que fez o pai constatar:
- Nossa, esse leite da mamãe é muito bom hein.
Santiago apenas bocejou e suspirou suavemente, relaxando em seguida, dando a deixa para ser levado ao carrinho e liberar seus pais para almoçarem.
O almoço foi silencioso, mas Rugge não soltou de Karol por nada, e assim foi por todo o dia, passou cada segundo com ela, ainda que isso jamais evitaria o dia seguinte.
No fim da tarde Lorenza chegou da escola, animada e saltitante, aproveitou para ajudar seu pai que estava trocando seu irmão. Assim que Rugge terminou de trocar o bebê perguntou a filha:
- Quer segurar ele um pouquinho?
- Quero! - respondeu imediatamente a menina.
Lorenza sentou bem acomodada no sofá, puxou a almofada meia lua sobre suas pernas e Rugge colocou Santiago no colo dela com bastante cautela. A menina segurou o irmão e lhe deu um beijinho na cabeça. Ainda que estar com Santiago era muito bom, com seu pai sentando ao seu lado amparando sua mãe, ela percebeu que algo não estava bem, exitou mas acabou perguntando:
- Vocês estão bem?
- Estamos sim filha... - respondeu Rugge tentando se manter fora do assunto.
- Parecem apreenssivos, aconteceu alguma coisa? - perguntou Lorenza preocupada.
- Não filha está tudo bem, é só que eu vou ter que viajar amanhã. - contou Rugge.
- Não é certo Pá... e quando volta? - retorna Lorenza.
- Amanhã mesmo bagunceirinha. - respondeu Rugge tentando lidar com o assunto, sentindo Karol o segurando firme.
- Mas Pá a gente precisa de você aqui... - deixou claro Lorenza.
- Eu sei filha, eu mesmo não quero ir, mas não restaram opções. - explicou Rugge.
Lorenza fez menção de falar algo mais, mas Santiago bocejou e a chamou a atenção, dali em diante ela não conseguiu mais tirar os olhos do irmãozinho, inclusive depois que ele dormiu e relaxou em seu colo.
Acabou que o sono de Santiago chegou em Lorenza, Rugge que não havia soltado Karol por nada, se levantou e com cuidado pegou o menino e o levou pro carrinho, o que fez Lorenza ir direto pro colo de sua mãe a abraçando e ali ficando. Rugge voltou a se sentar ao lado de Karol, a olhava, mas ela seguia inconsolável, ve-lá dessa forma o fazia sentir um aperto no peito e lhe causava dolorida debilidade emocional.
Em meio a tantas coisas acontecendo no âmbito mental, Antonella surge na sala os chamando para o jantar, Karol olha para Rugge ainda com os olhos cheios de lágrimas para escorrer, mas se levanta com Lorenza no colo meio dormindo e vai para cozinha com ele logo atrás. Karol coloca Lorenza sentada em sua cadeira, a acorda para poder comer, depois se senta entre a menina e Rugge, olha para o prato, sua sogra havia caprichado, mas fome era a última coisa que ela tinha, jogou a comida de um lado a outro com o garfo, mas não conseguia comer, soltou o garfo sonoramente sobre a mesa, chamando a atenção de todos, levou a mão tampando a boca para conter o soluço e deixou o choro vir de uma vez, para desespero de Lorenza e desolação de Rugge, que em uma fração de segundo arrastou a cadeira dela juntando a sua e a puxou em seu colo a abraçando, chorando com ela, porque igualmente não estava cômodo com aquela situação.
Lorenza queria dizer algo, mas sua avó a indicou que seguisse comendo e depois subisse por sua higiene, que os deixasse superar o momento sozinhos, a menina respeitou e seguiu a orientação.
Depois de algum tempo, quando se acalmaram Rugge conseguiu faze-la comer pelo menos um pouco, ainda que ela soluçasse eventualmente.
Com a hora passando Santiago acordou no choro ardido e notoriamente de fome, seu pai foi buscá-lo e o levou direto para sua mãe que prontamente passou a alimenta-lo, enquanto seu pai a dava água e instigava a comer mais um pouco, adjunto com muito carinho e cuidado, tudo que ele queria era que ela se sentisse protegida e segura, que parasse por um instante de pensar no amanhã, pra que ele também pudesse se acalmar por dentro.
Lorenza retornou a cozinha já de pijama e perguntou em tom de preocupação:
- Vocês estão mais calmos?
- Estamos bagunceirinha. - respondeu Rugge.
Karol não disse nada apenas confirmou com a cabeça e voltou a olhar para Santiago que mamava sonoramente, o que fez Lorenza se aproximar e exclamar:
- Nossa que fome San!
- Hunf... é o leite da sua mãe que é muito bom...- exteriorizou Rugge se levantando e indo lavar o restante da louça.
Lorenza via que sua mãe estava muito mexida ainda e calada, nunca havia visto sua mãe assim, ja a tinha visto triste, magoada, mas desse jeito não, ela nem conseguia definir em um sentimento o que via em sua mãe.
- Mami você ta bem? - perguntou Lorenza baixinho fazendo carinho no rosto de sua mãe.
Karol balançou a cabeça em sinal de sim, mas contraia os lábios e os inclinava para baixo em uma expressão clara de tristeza, voltou a olhar para Santiago que a retribuiu o olhar em meio a uma respirada seguida se sugada. Santiago pareceu perceber que algo não estava bem com sua mãe, por um segundo parou a sucção e sem tirar a boquinha do peito a sorriu, fazendo a feição dela mudar imediatamente, o que fez o bebê voltar a mamar mas sem desviar do olhar de Karol. A conexão forte com o menino a fez esquecer o que a estava deixando triste por conta da atenção plena que passou a dar para aquele momento.
Com o bebê satisfeito mais ainda acordado, Karol o deixou meio sentadinho sobre a almofada em seu colo virado para si, o dava beijinhos suaves nas bochechinhas e queixo, enquanto batia suavemente nas costinhas para faze-lo arrotar. Depois de arrotar, Karol levou Santiago encostado a seu peito na vertical, pois ele estava começando a ficar sonolento, quando ela olhou pra frente, viu Rugge sentado de frente a ela com Lorenza em seu colo quase dormindo, quando ele ganhou a atenção dela a disse:
- Vamos subir?
- Uhum... - respondeu ela.
Rugge foi na frente e levou Lorenza direto para a cama a deixando aquecida e com seu abajur ligado no mais ameno. Dali foi para seu quarto onde Karol ninava Santiago suavemente para coloca-lo no berço.
Com o bebê dormindo bem, os dois terem feito sua higiene pessoal, se arrumaram na cama, assim que se deitaram, Karol se aninhou em Rugge o segurando firme, Rugge na tentativa de que ela relaxasse a disse seguido de beijinhos suaves:
- Amanhã no fim da tarde estou em casa e daqui não sairei mais até nosso filho ter pelo menos 5 meses e você estiver bem física e emocionalmente.
Por fim os dois acabaram se entregando ao sono. Perto das 2 da manhã Rugge trocou a fralda do bebê, as 3 Karol lhe deu mais uma mamada e as 5 Rugge fez a segunda troca da madrugada. As 6:30 ele acordou tratando de fazer o menos barulho possível, se arrumou, foi por Lorenza a ajudando com o uniforme, os materiais, depois desceu com ela para que pudesse tomar o café e a levou na escola, retornando para casa em seguida. Subiu as escadas, foi até seu quarto, fechou a mochila e percebeu que Karol nem Santiago estavam no quarto, foi logo ao quarto do menino que já estava na primeira mamada do dia.
- Bom dia amor... - desejou Rugge.
- Bom dia Baloo... - retribuiu Karol em tom de tristeza.
- Lolo já está na escola o Carlos vem daqui a pouco, quer que eu traga o café da manhã aqui pra tomarmos juntos? - indagou Rugge.
- Não Baloo ele já está terminando tomamos café na cozinha.
Segundos depois Santiago parou de mamar e no movimenta-lo para fazê-lo arrotar ele o fez. Karol levantou devagar e foi caminhando com o menino no colo bem acomodado, Rugge foi a amparando nas costas enquanto desciam. Karol foi até a sala se TV colocar Santiago no carrinho, mas Rugge o pegou do colo dela para se despedir, a cena mexeu com Karol muito, que em um minuto de distração de Rugge, saiu dali indo rumo ao escritório.
Rugge ficou com Santiago bons minutos, até ouvir uma buzina tocar no portão, nesse momento ele colocou seu filho com cuidado no carrinho garantindo que ele estivesse dormindo, mas o bebê ainda estava meio acordado, foi quando Antonella apareceu na sala e o disse:
- Eu fico com ele figlio, vai se despedir de Karol, ela está no escritório.
Rugge acenou com a cabeça e foi atrás de sua esposa. No escritório ela estava sentada no pequeno sofá olhando pela janela, com lágrimas escorridas até o pescoço, aquilo doía tanto nela quanto nele, era quase como a dor da primeira separação que sofreram, ainda que ele fosse voltar no mesmo dia, os hormônios de Karol ainda estavam muito bagunçados, era a primeira semana em casa, envolvia uma adaptação complexa para todos, ambos tinham sempre em mente que se estivessem juntos tudo ficaria bem, mas mesmo as viagens sendo absolutamente comuns para eles esse não era o momento.
Ele se aproximou dela destruído, sobretudo porque havia jurado a si mesmo que jamais a faria chorar novamente, se sentou ao lado dela, olhando pro chão, ela fechou os olhos derrubando mais lágrimas, ele segurou uma das mãos dela, em uma fração eles se encontraram pelo olhar, chorando ela o pediu:
- Volta pra mim...
- Daqui a pouco estou aqui, mas vou te mandar mensagens o dia todo..., quero que você veja o show, e assim que eu estiver no vôo de volta eu mando mensagem pra avisar que estou voltando pra você.- tentou ser o mais claro e delicado Rugge.
Ela confirmou com a cabeça e em um impulso o abraçou voltando a chorar compulsivamente, ele não conseguiu segurar e os dois passaram a chorar juntos, até Carlos buzinar outra vez. Rugge a soltou devagar, se levantou, a ajudou a se levantar, de mãos dadas foram até a cozinha, ele pegou a mochila, abriu a porta, o portão, esperou Carlos descer o declive e manobrar, sem tirar os olhos dela e sem solta-la, quando Carlos parou sentido a saida, eles se beijaram profundamente, Rugge a soltou devagar, entrou no carro e repetiu:
- Daqui a pouco eu volto, fica bem amor por favor.
- Carlos - soluça - me traz ele de volta... - pediu Karol.
- As 20h00 estaremos aqui, lhe prometo. - disse Carlos partindo com o carro em seguida, fazendo os dois se olharem até perderem-se de vista.
Karol entrou desolada em casa, Rugge foi chorando até o aeroporto, para desconforto de Carlos que estava odiando a função nesse dia.
Karol foi até a sala de Tv, Antonella estava colocando Santiago no carrinho pois o menino havia finalmente dormido, assim que estava livre, Karol a abraçou forte e Antonella a retribuiu.
Depois que Karol se acalmou um pouco,  Antonella falou:
- Ele vai estar em casa daqui a pouco você vai ver, e amanhã nem vai se lembrar que ele não esteve. Ah figlia mia, vocês dois são muito conectados e são capazes de sentir um ao outro mesmo longe, eu sei que agora você o quer bem pertinho, mas estou aqui, você não esta sozinha e depois a Lolo volta da escola, Santiago precisa de você e quando você ver mio bambino já vai estar de volta, então acalma esse coração.
Karol soltou um pouco de Antonella a olhando, e sua sogra seguiu:
- Agora quero que você descanse, vou trazer um leite morno pra você, depois te trago um lanche, vou fazer um almoço bem gostoso e se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me chamar.
- Obrigado Nella ... - disse Karol em um suspiro.
Antonella a deu um beijinho na testa e a conduziu até o sofá, Karol se deitou e Antonella a cobriu e seguiu para cozinha buscar o leite para sua nora. Rugge não estava, Antonella sabia que teria que cuidar dela e mante-la se sentindo protegida e segura.

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