🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXAS

CAPÍTULO 10

           Apurei todos os sentidos em poucos segundos e tive uma noção  de onde ele poderia estar. Continuei correndo entre as galerias da gruta tentando surpreender o intruso

. Ia sempre em sentido à corrente de ar que me mostrava  a direção dos passos do homem  que ficavam cada vez mais distantes. 

Fiquei com raiva de mim mesma por ter faltado a semana de aula em que Esther ia ensinar a todos os lobos adolescentes como viajar entre as dimensões ou dar pulos aparecendo e de|desaparecendo no ar viajando por túneis invisíveis, aqui na gruta  um templo sagrado. 

Era exatamente onde elas estavam agora  quase tudo dentro da reserva era sagrado, por ser quase virgem sem o toque do homem. Mas não,  preferi aprender a lutar, a  controlar minha loba. Agora que precisava, não sabia me teletransportar, grande coisa eu fiz.

O som dos passos foi silenciado, somente o ruído da cachoeira dentro da gruta se fazia ouvir. Dei uma paradinha, aguçando a audição , nada, nem mesmo uma respiração dava para ouvir, bebi  um pouco d’água da fonte mesmo e olhei ao redor. 

A minha distância  para onde a garota estava era  bem grande. Me transformei em humana e procurei ao meu redor  em busca de algo para me cobrir,  lembrei que da última vez em que me aventurei na gruta tinha deixado uma muda de roupa. Lembrei onde estava.

Corri como humana mesmo até a segunda cachoeira. Lá dentro se formava um lago de mais ou menos dois metros de extensão por dois de profundidade. Não era muito fundo, mas a beleza da água no tom azul como o céu apagava qualquer medo. Ia levar a humana  ali ela iria gostar de ver aquele lago. Peguei a roupa que encontrei no mesmo buraco onde tinha guardado. Antes de terminar de me vestir, senti novamente o cheiro estranho que antes não estava ali. Farejei  o ar e senti o odor do homem que estava no rio pela manhã, escutei outra vez o som da corrente de ar e tudo que ouviu foi o coração da humana e seus pensamentos. 

Não escutei nenhum outro coração por perto, mas, mesmo assim, não confiava meus instintos diziam que ali tinha um humano macho como ele tinha entrado nas nossas terras íamos descobrir logo logo, eu tinha que tirar a garota daqui.

Fiquei atenta a cada movimento dentro ou fora da gruta. Sabia que ali também não estava segura. Se em casa tinha o pai e seus guardas armados para amedrontar a garota, ali tinha o desconhecido. A melhor coisa a fazer era pegar a garota e dar o fora daquele local o mais rápido possível. Melhor enfrentar o pai zangado do que um louco armado querendo pegar sabe-se lá o quê.

Voltei com cautela, olhando cada buraco na gruta por onde passei, e nada encontrei. De longe, avistei a humana  sentada na entrada da gruta, olhando maravilhada o espelho de água fria que corria. 

De vez em quando, enfiava o braço na água, que saia do outro lado, e ria. O som da sua risada era  lindo parecia com o cantar de qualquer pássaro que eu sempre ouvia ao acordar na janela do meu quarto. Estava encantada com o som. Esquecendo-se do perigo que as rondava, foi andando, hipnotizada pelo som mágico que era a risada da humana.

― Então é isso, você pensa e eu escuto. Você imagina e eu vejo, você cheira o ar e eu sinto a mesma coisa que você está sentindo. É sério mesmo? Ou é só uma maluquice da minha cabeça? ― Amkaly perguntou, colocando os pés para fora da cachoeira, molhando o chão e respingando água no ar.

― É isso mesmo, tudo que penso e vejo, enquanto estiver próxima de mim, você também verá, e, se você passar por um momento de medo extremo, eu também ouvirei eu acho tudo muito estranho por que os humanos não tem esse dom, minha madrinha vai ter a resposta ela sabe tudo. 

― E quando eu for expulsa, digo, quando eu for pra minha casa, também vou poder falar com você? ― perguntou pensativa, esperando uma resposta afirmativa. Seria bom continuar próximo a ela. Em pouco tempo se afeiçoa a sua personalidade tão original e sem frescuras, diferente da maioria das enfermeiras e médicas  que conhecia. Nunca senti vontade de ter amigas, mas com essa era diferente.