CAPÍTULO 12

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Eu  senti e ouvi os animais correndo e se escondendo, pássaros fugindo numa revoada barulhenta e um coração humano pulsando rápido demais com medo. Abracei a humana que estava muito  assustada pedindo silêncio e ficamos paradas, ouvindo tudo ao redor.
― Vista-se rápido e peque minha roupa também. Vamos sair daqui. Segura bem forte no meu pelo. ― Mal acabou a frase, já estava transformada, andando de um lado para o outro e aguardando Amkaly, que estava atrapalhada em vestir o short. Optou por não o fazer e ficou só de camiseta e calcinha. Juntou minhas roupa  de qualquer jeito, embolou tudo segurou, e pulou em cima do meu lombo, que disparei em alta velocidade na  direção contraria à de quando chegamos.
― “Mamãe, está ouvindo? Estou na pedra furada. Estamos em perigo.” ―gritava pela ligação por minha mãe, que no momento era a ligação mais forte.
― “Estou ouvindo sim meu bebê. Pode falar, que tipo de perigo?”
― “Tem um humano armado fugindo. Ele estava escondido aqui próximo a gruta pelo lado de fira da zona 6 acredito que ele esteja escondido por ali na cidade fora da reserva, ele está entrando e saindo na gruta sem ser visto ou detectado.
― “Saia daí agora. Hoje, depois do acidente, seu pai encontrou uma cerca cortada no lado norte ele e seu tio Anael Raj foram dar uma olhada. Estamos todos indo te encontrar.”
― “Acho que pode ser o mesmo homem, mesmo estando do lado contrário de onde o ônibus bateu na hora do acidente ele pode ter causado a batida soltando a vaca em seguida levando-a de volta por isso que ninguém encontrou o animal.”
― “Seu pai já foi avisado, deve estar chegando aí.” ―sua mãe tentava tranquilizar.
― “Não vou esperar. Estou saindo da gruta, não quero colocar a vida da garota em perigo.
Desfez a ligação com a mãe e continuou correndo com os sentidos em alerta a qualquer movimento.

Estava tão concentrada em nos tirar dali o mais rápido possível que não li os sinais que Amkaly estava enviando. Não fui capaz de sentir nada além da necessidade de deixá-la em segurança, pelo menos até o momento da queda, da leveza em meu dorso, quando por instinto olhei para trás vi o corpo dela rolando. Parei tão rapidamente que deslisei alguns metros à frente, esfregando a bunda no chão. Esse é um dos nossos grandes problemas, se viermos correndo e pararmos abruptamente, sempre, sempre, arrastamos a bunda no chão. É uma parada nada elegante. Voltei nas mesmas pisadas. Amkaly se encontrava desmaiada ou dormindo no chão. O que será que aconteceu?
Já em forma humana e completamente desesperada, aproximei-me e senti seu pulso. Estava muito fraquinho, quase não pulsava. Sua respiração era só um suspiro fraquinho, parecia que seu corpo estava colocando-a para dormir. Talvez meu sangue ou minha saliva em contato com o seu sangue tivesse desencadeado essa reação.
Nara, você é uma jumenta de pai e mãe, que vai logo transando com  à humana sem saber as consequências. E agora? eu pensei. Só tem uma pessoa que podia me explicar as consequências que estavam acontecendo. Era Esther, a bruxa da nossa alcateia e minha madrinha, mas, se eu perguntasse, qualquer lobo poderia ouvir.
Ergui seu corpo com cuidado, pequei tudo que pude e que estava ao meu alcance para fazer uma cama confortável, que forrei com as roupas dela e parte das minhas.
Queria sair para procurar algumas folhas, mas não podia deixá-la só. Como se os animais sentissem minha urgência, alguns escorpiões apareceram das fendas da gruta.
― É com vocês mesmos. ― Eram escorpiões grandes e negros. O líder deles se virou todo para me encarar, erguendo seu rabo e deixando-o reto, pronto para o ataque. Todos os lobos sabem que os amarelo-foscos com alguns traços negros são os mais letais para os humanos. Uma ferroada e adeus em menos de 24 horas caso não seja socorrido e tome o soro. Mesmo arriscando, era o que eu tinha para hoje.
― Meu nome é Nara Shiva, sou filha do alfa e próxima alfa. Preciso que cuidem dessa humana enquanto vou pegar umas plantas medicinais. Se alguém aparecer que não seja morador ou trabalhador dessa reserva, têm minha ordem para matar. Sintam primeiro o cheiro do sangue. Caso não conheçam, podem brincar à vontade.
Não esperei que concordassem ou não, mas, pela minha visão periférica, eu os vi descer e fazer um círculo ao redor da humana que se ela aceitasse poderia vir ser minha parceira. Sorri feito uma boba com a possessividade da palavra, mas era o que ela poderia ser, minha companheira.
” Que a grande  Deusa,  protetora de todos os lobos, velasse o sono da humana, protegendo-a e não permitindo que ela acordasse sozinha cercada de escorpiões, e me desse a velocidade de uma estrela cadente.” Fiz uma oração silenciosa enquanto corria.  Pulei no lago e nadei o mais rápido que pude. Quando saí do outro lado da gruta, rapidamente encontrei o que buscava e algumas roupas espalhadas. Peguei junto um galho inteiro do pé de laranja que crescia na encosta da gruta. Talvez fosse preciso furar a pele da garota para espalha a “alfazema”. Voltei, entrando na pelo lado norte. Durante todo o percurso, continuei me sentindo vigiada. Isto já estava ficando chato e repetitivo, mas, enquanto Amkaly não estivesse em segurança, eu não podia seguir meus instintos.
― “Mamãe, não pude sair da gruta. Amkaly desmaiou. Ainda estou na pedra furada, já próximo a saída do lado norte. Preciso de ajuda.”

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora