🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXAS

CAPÍTULO 54

          Quando a reunião estava começando, as crianças acordaram e foi uma choradeira que não findava. Jana levantou, pedindo a Ananya que começasse sem ela enquanto ia ver qual o problema das meninas.

― Esther andou fazendo umas pesquisas. Fizemos umas perguntas às pessoas certas e temos certeza que o louco está morando bem pertinho, na casa da praia, bem próximo à gente. ― Todos olharam para o corredor quando ouviram as risadas das crianças que pareciam se divertir com algo.

― A Jana tem um jeito todo especial para cuidar dessas meninas. Eu chego a invejar. Enquanto eu coloco a fralda em uma, ela já colocou nas outras quatro. E pra dormir, ela conta histórias. Eu durmo primeiro do que elas e, pela manhã, eu acordo com uma delas enfiando o dedo no meu olho, isso quando não fazem cocô ou xixi, me usando como fralda. Eu não sei como consegui viver 200 anos sem isso, e sinto uma dor de não ter vivido a mesma coisa com você, minha deusa do fogo, ver seu primeiro sorriso, os primeiros passos, a primeira vez que chamou mãe, colocar você para dormir ou dormir comigo na rede. ― Segurou a mão de Amkaly, que ficou encabulada com o carinho. ― E também de não ter vivido isso com os gêmeos. Com esses, ainda dá tempo. São muito novinhos e nunca tiveram o amor de uma mãe. De repente ganhar duas faz toda diferença. Não saem daqui. A todo momento inventam uma desculpa para estar aqui ou na Esther. A Maya já chama nós duas de mãe, mas o Kessa é mais retraído. À medida que os dias passam, ele fica mais distante, só com as irmãs ele sorri ou quando escuta a voz da Esther. Ele sempre a busca com os olhos quando chega. No mais, é um silêncio de dar medo. Estamos dando toda liberdade e já deixei bem claro que, quando ele quiser conversar, estarei aqui para ouvir. Como é pra você, Sandy? Ou melhor, como está sendo para minha irmã de alma? ― perguntou, referindo-se a Esther e seus bebês.

― Pra mim e pra minha bruxinha é mais fácil, os meninos são mais tranquilos. Fui mãe de um menino. Tem hora que a Esther é mais bagunceira do que as crianças, mas não tenho do que reclamar. ― Sandy sorria com os olhos, e Esther a abraçou.

― Como é que vocês fazem para fazer amor? Digo isso porque lá em casa são só três e os rapazes são calmos, dormem a noite toda, mas parece que adivinham. Na hora que a coisa esquenta, parece que colocaram um formigueiro dentro do berço eles já acordam aos gritos, não tem tesão que aguente.

― Como eu tenho um atraso de quase duas décadas, na hora que elas dormem, aviso a Shirley para ficar atenta, pego, minha senhora, e entramos mata adentro. Aqui o que não falta é gruta. Procuro uma pra vocês antes que a população aumente. ― Ouviram um barulho de galhos quebrando na mata e ficaram atentas. Ananya relaxou ao reconhecer o cheiro.

― Olá para todos. Mãe, a Melisandre também viaja no tempo. Acabei de ver ela brincando com a boneca da Morgana lá na casa sede. Quando eu cheguei e falei com ela, pufs... desapareceu de uma hora para outra. Ela está bem? ― Maya parecia cansada, talvez da corrida. Antes de ela responder, Kessa entrou correndo e ficou olhando para todas, deixando Esther preocupada e com uma pontada no peito ao ver o olhar do garoto em sua direção. Aquele olhar de medo vinha acompanhando de outras vidas.

― O que está acontecendo, meninos? Por que esse medo nos seus olhos, Kessa? O que está acontecendo? ― Tentou pegar no garoto, que criou uma barreira invisível, não permitindo o toque.

― Fala comigo, filho, o que está acontecendo? Por que a Melisandre estava na sede? O que ela está vendo? Vocês são meus filhos e eu me preocupo com a segurança de todos. ― As palavras surtiram efeito, pois ele sentou e olhou para todos.

― Ela foi chamar a Maya para vir para cá e depois foi me chamar, achei que todas estavam em perigo por isso corremos o mais rápido que podemos. ― Depois disso, ele sentou e não falou mais nada. De vez em quando, olhava para Esther, que sentia estar sendo observada.