CAPÍTULO 75

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                            CAPITULO 75

                           - O ACERTO

“Maya, segure a vida dele mais um pouco, ele está com a pulsação acelerada.”

Maya caminhou em direção a ele como uma dama. Seu vestido cor de ouro lambendo as pedras de cascalhos fazia uma música que relaxava ao mesmo tempo que acordava os sentidos. Quando ela se aproximou do Mascarenhas, ele a olhava e, por instantes, Nara pôde ver um lampejo de algo que se parecia muito com arrependimento.

Porém, muito rápido, Maya segurou a mão de Mascarenhas com seus dedos longos bem esmaltados, muito parecidos com os de Ananya, e falou carinhosamente, como sempre fazia:

― Eu perdoo o senhor por tudo que causou a mim e ao meu irmão e agradeço por ter me trazido à vida para conhecer minhas mães. — Soltou o braço dele e voltou para o lado das mães. Nesse momento, os batimentos cardíacos dele voltaram ao normal.

Nara se aproximou, prendendo seus cabelos longos no alto da cabeça. Para sua salvação instantânea, ele não olhava para seu corpo humano como homem, ele olhava com admiração, imaginando o que poderia ter feito com um exemplar como ela em suas mãos.

― Seu problema, Mascarenhas, é pensar no lucro e não na ciência. Você, como a maioria dos ditadores, quer segregar e não consegue ver que o bonito são os misturados. A mistura é que torna tudo perfeito. Não existe ninguém melhor que ninguém, existem diferenças e temos por obrigação aprender a conviver e respeitar as diferenças. Olhe só todas elas. — Nara passou a mão aberta, fazendo um círculo para as mulheres presentes. — Comeram o pão que o diabo amassou nas profundezas dos infernos e aqui estão, lindas e felizes, e eu vou atrás do Cedrick e de cada criança que você teve a ousadia de manipular.

— Você é só uma criança. Esse seu discurso de quinta não me diz nada. Assim como não sabe quantas de vocês eu manipulei... — Não deu tempo de ele continuar. Um grito forte saiu de sua garganta. Quando todas olharam, oito lobinhos estavam mordendo as pernas dele. Nara sabia que as mordidas não machucaram muito. Como era a primeira vez que se transformavam, a dentição deles ainda era humana.

— Parem com isso. Mamãe, leve as crianças para outro lugar. Lilith, peça a seus irmãos para pararem.

Eles obedeceram, mas, antes de sair, jogaram pedra, areia, galhos de plantas e o que encontravam no Mascarenhas, que tentava se esquivar. Ermelinda veio correndo junto com Elinaldo, tentando pegar as crianças, que ficavam correndo e fugindo das mãos que tentavam agarrá-las. As crianças faziam piruetas e se abaixavam. Como eram muitas para só quatro mãos, Ananya chamou suas filhas e, no momento em que pararam para ouvir o chamado da mãe, foram pegas, não sem antes espernear muito, querendo voltar. Do outro lado, a mãe de Nara tentava segurar as gêmeas, que lutavam para descer de seus braços e se misturar com os coleguinhas na corrida de pique-esconde.

— Corra. Corra muito e reze para encontrar a saída. Só tem trinta minutos até acharmos você e, para não dizer que não somos honestos, aí está uma bússola.

No alto, a lua surgiu, clareando a noite, e todos correram em direção à mata.

Ananya e Jana pegaram a rota que sobe o rio com saída na zona 5; Esther e Sandy iam pelo Sul, dentro das matas; Nara e Amkaly, na mesma rota que levaria à saída da zona 4. Todas ouviam as batidas do coração de Mascarenhas, que corria, provavelmente já cansado devido à idade avançada combinada com a abstinência do sangue dos lobos, sangue este que o manteve razoavelmente saudável por tanto tempo; um homem humano com mais de oitenta anos com aparência de 50 anos.

Ao longe, Nara pôde ver o Mascarenhas correndo e mostrou para Amkaly, que acelerou as passadas. Suas patas quase não tocavam o chão. Mesmo na velocidade em que ele estava, não foi o suficiente para o ataque surpresa da loba preta, que voou no ar com as garras e presas afiadas. A loba derrubou o homem com o impacto do seu corpo musculoso. O grito horroroso e apavorado saiu de sua boca quando Ananya arrancou parte do seu ombro com a mordida que deu ainda quando pulava em cima dele. Ela foi descendo e mordendo, jogou fora o pedaço de carne lavado em sangue vermelho e, com as duas patas dianteiras em cima do homem, ela uivou alto, sendo respondida por suas companheiras.

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora