CAPÍTULO 61

135 25 109
                                    


          O sol escaldante do começo da tarde  parecia  me  convidar  para dar um mergulho naquela água azul esverdeada que se estendia até onde a vista alcançava. 

          A praia estava bem pertinho, era só atravessar as duas avenidas e pronto, o mar aberto seria todo meu. O que me prendia ao local era o fato que estava monitorando a casa da Amkaly.

           Meu corpo já estava todo tenso por causa da posição sentada a quase duas horas observando a casa do final da rua.

          Os três seguranças olhavam atentos para os lados que davam acesso a entrada e saída da rua, conversavam e riam. Pena que estavam distantes e contra o vento que não me deixava ouvir o que diziam.              

 .          Estava ali olhando para a antiga residência de Amkaly, e nada de ver o Mascarenhas. A casa era fortemente vigiada, os seguranças trocavam de turno a cada 2 horas. Na frente da residência, sempre havia três homens muito bem armados e com o passar dos minutos nada acontecia de diferente. Foi então que uma lembrança veio com força à minha memória, uma coisa que ouvi. 

          Entrei feito um furacão na casa. Todos na sala levantaram a cabeça, assustados com a minha intromissão no ambiente antes silencioso. Esther, que tomava chá olhando a foto dos filhos no celular, deixou que algumas gotas fossem salpicadas sobre sua blusa ao me ver entrar como uma bala.
― PORRAAA, Nara, derramei o chá em cima de mim. ― Soltou o celular na mesa junto com a xícara de chá, passando a mão no local molhado.

― Mascarenhas não está naquela casa. ―  Apontei para a casa como se todos pudessem vê-la bem próxima.

―Como é? O Menezes está há um mês com sua equipe de olho no filho da puta, então explica isso direito. ― Esther pensou em largar a xícara na pia, desistindo logo em seguida e passando água e esponja com detergente. Em seguida pendurou no porta-pratos.
― A senhora lembra quando Amkaly chegou na reserva? Ela dizia que na casa dela tinha uma passagem secreta por onde ela e a mãe passavam para ir à casa vizinha. Segundo ela, era a casa de Sandy.
― Eu lembro, mas a Sandy nunca morou vizinho ou aqui, ela morou um tempo na casa delas, não vizinho.
― Eu sei. O que eu quero dizer é que a passagem pode realmente existir e ele ter saído por ela, enganando a todos nós. ― Nara Shiva tinha certeza do que dizia, assim como sabia que seu lugar não era ali naquele momento, mas sim perto da família. Seu peito estava apertado com aquela sensação de que algo grande estava para acontecer.
― Você pode estar certa... ― minha madrinha olhava para mim como se quisesse ler minha   mente. Em seguida, virou-se. ― Menezes, vamos dar uma olhada em todos os carros que entraram e saíram desta casa do final da rua. As casas desse lado têm outra saída pelos fundos? ― Nara e Esther sentaram de frente para os monitores apontados por um policial que já estava lá observando em silêncio.
― Todas as casas  não têm saída pela parte de trás devido ao muro altíssimo terminar na mata fechada e uma serra íngreme impede o acesso das pessoas. Diferente dessa em particular que por ser a última  e ficar uma parte fora da visão de quem está entrando na avenida essa dá para fugir dá  indo pela praia. — Meneses veio segurando alguns papéis e olhando detalhadamente, começando a explicar as plantas dos imóveis. 

― O que vamos observar aqui? ―  Perguntei já em frente ao monitor e arrastando a cadeira com rodinhas nos pés, fazendo um barulhinho bom.

― Vamos focar nas casas do número 31 e 35 do lado direito e lado esquerdo. Como podem ver, as residências que têm números ímpares cada uma tem na garagem dois carros as de números pares vagas para três carros.―O detetive explicava com o dedo no monitor chamando a atenção para o local a ser observado.

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora