CAPÍTULO 39

158 29 147
                                    

             Encaminhou-se para a cozinha, onde as duas mulheres já tinham engatado um diálogo pra lá de interessante, ao verem que ela estava na cozinha sorriam e continuaram conversando.  Nara sabia que iria encontrar tudo que precisava para uma boa refeição. Pela manhã, o funcionário da reserva por ordem do seu pai, tinha passado pelo supermercado e frigorifico comprando tudo de que ela iria precisar para um final de semana. 

             Abriu as portas do armário na parede e foi colocando em cima de uma mesa de vidro panelas, travessas, colheres, tampas e facas. Na geladeira, grande o bastante para abastecer uma família de quatro pessoas, no tamanho de 320 litros, encontrou carnes, leite, ovos e queijos. Colocou uma peça de patinho na tábua em cima da pia e um fardo de cerveja estupidamente gelada, puxou o lacre da tampinha que estourou, derramando um pouco da espuma geladinha. Virou a lata, derramando um pouco no chão.

― Antes que pergunte, eu posso beber sim. Tenho idade e o álcool não me embriaga como acontece com vocês humanos ― falou, olhando para o pouco que caiu quando puxou o lacre. Em seguida, virou a latinha na boca, bebendo tudo de um só gole. Passou a mão na boca e abriu outra. Só então percebeu que as mulheres estavam olhando-a sem piscar. ― Então, vão me ajudar a beber e cozinhar ou ficar só olhando?

As duas não esperaram um segundo convite. Cada uma pegou sua lata, abrindo e sorvendo o líquido.

― Enquanto eu preparo os bifes, você vai contando sua história, Sandy. É esse o seu nome, não? ― Virou as costas para temperar a carne exposta em uma tábua em cima da pia. De vez em quando, virava para acompanhar a explicação da nutricionista.

― Não tem muito o que dizer não. Eu conheci o pai do meu filho num acampamento perto do rio ebiraugaj quando era jovem. Não sei o que aconteceu durante a noite, porque não lembro, mas sei que aconteceu. Sempre senti sua presença por perto, sonhava com ele e o mais interessante é que apareceu uma conta num banco com meu nome e todo mês na mesma data era depositada uma grande quantia. Quando o Alex nasceu, ainda estava na maternidade, foi entregue na minha casa um quarto infantil completo. perto do Alex completar dois anos eu deixei de sentir. Alex dizia que o pai brincava com ele, completou dois anos se transformou. Eu fiquei apavorada. ― Sandy abriu outra lata de cerveja.

― Como foi que fez, sozinha, com uma criança lobo? ― Quem perguntou foi Amkaly, trazendo nas mãos vários legumes e soltando na pia. Pegou uma faca de mesa na gaveta e começou a descascar os legumes.

― No começo, eu fiquei apavorada. Alex olhava pra mim com um olhar me pedindo algo e eu não sabia o quê. Ele emitia um vivinho fino que parecia um choro, então eu me sentei ao seu lado. Fiz carinho, abracei-o e ele ficou calmo. Fiquei conversando, aí, do nada ele voltou, nu e rindo. Aí eu pedi “faz de novo” e ele fez. Foi então que decidi ir embora. Arranjei um homem, mas não deu certo e acabei ficando só. Homem agora só para tirar o atraso, entende?

― Bem, diga a seu filho que ele é bem-vindo à nossa reserva. Alguém vai ficar louco quando souber que vocês estão vivos. Soubemos da existência de vocês semana passada. — Nara levantou a latinha de cerveja, brindando à chegada de mãe e filho na reserva enquanto Sandy a olhava, mesmo que estivesse feliz, com um ar de incredulidade.

― Está brincando? Quer dizer que o homem que me engravidou é um lobo da sua reserva? E por que ele nunca quis a mim ou ao filho dele?

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora