CAPÍTULO 57

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            Na casa sede, Nara e o tio se transformaram em lobos e saíram às pressas pela mata, que havia amanhecido linda, multicolorida, sonora e com todos os cheiros imagináveis

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            Na casa sede, Nara e o tio se transformaram em lobos e saíram às pressas pela mata, que havia amanhecido linda, multicolorida, sonora e com todos os cheiros imagináveis. Anael aproveitou e já foi passando ordens para os seguranças, conseguindo ganhar tempo para quando chegassem o estrago não ser muito grande.

              As notícias que chegaram aos dois eram que alguns soldados, junto com  homens civis, tentavam invadir a zona 2 (zona da agricultura) e a zona 1 (zona da gastronomia), ambas vizinhas da sede, mas também completamente protegidas pela floresta que as circundava. 

            Os invasores que estavam na zona 2 tentavam atear fogo, mas a camada de magia os repelia. 

          O maior receio da Nara era de que uma rajada de vento mudasse a chama dando início a um incêndio, que com certeza se alastrava, matando ou expulsando os animais nativos e aumentando a densidade do solo na camada superficial, dificultando a infiltração da água e a penetração das raízes, afetando a umidade e a vida dos micro-organismos do solo e, por tabela, os animais da reserva.

          Nara seguindo o tio, pulava os galhos com  os sentidos aguçados, evitando ao máximo pisar em qualquer coisa que respirasse, sempre atenta para o caminhar de animais pequenos. 

          Os pássaros passaram voando em bandos e fazendo algazarra, vários animais passaram pela dupla, fugindo, talvez do perigo que pressentir vir de alguma parte.  

          Com um campo de visão de 180 graus durante a noite fazendo a diferença de quando usavam a forma humana, eles  podiam enxergar um animal minúsculo a 3 metros de distância e, se o animal fosse de porte grande, a 30 metros. Já com a audição aguçada, podiam ouvir o cair de uma folha ou o uivo de outro lobo a 1 quilômetro. 

          Nara e o tio usavam  o olfato, que chegava a ser 100 vezes mais apurado do que o dos humanos. Dessa forma, eles corriam na mata escura.

          Os galhos das plantas balançavam, tornando a noite de uma frescura gostosa. No céu, uma lua tímida escondia metade de sua face prateada por trás das nuvens para não ser apreciada pelos amantes noturnos. Mas, como toda boa amante, a noite afastou as nuvens, seu manto negro deixando que a lua mostrasse sua luz prateada para todos que a amavam, porém deixando as nuvens ao lado, ameaçando encobri-la a qualquer momento. 

          O casal de lobos que corria sob a luz da lua uivou, chamando outros lobos para o perímetro da reserva.

          Sempre subindo a correnteza do rio em direção ao noroeste, Nara e Anael buscavam cortar caminho para ganhar tempo e, assim, evitar ao máximo as chances de os invasores fazerem um estrago maior na reserva. Sentiram a terra tremer sob suas patas. Isso queria dizer que os invasores, mais uma vez, tentaram usar a entrada e foram expulsos. 

          Anael e a sobrinha trocaram olhares e aceleraram os passos. Nara sentiu seus músculos esticados ao limite. 

          Por entre as árvores, os animais se esquivam, dando passagem aos dois, que ouviam seus murmúrios pedindo para serem mais rápidos. Uma coruja voou rente à copa das árvores e girou o pescoço, avisando a Nara o local onde o fogo poderia se alastrar. Recebeu como agradecimento apenas um balançar de cabeça acompanhado de um sorriso. Em seguida, enquanto a loba corria, a coruja ganhou altura, voltando ao seu ninho, onde dois filhotes a aguardavam. 

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora