Nádia assim como a filha não gostavam de enrolar com conversinhas por esse motivo foi direto ao assunto:
― Quantos anos você tem e quantos irmãos? ― Se ajeitou de forma confortável elegantemente no sofá em frente onde a humana e a filha estavam sentadas, examinando cada detalhe do rosto da humana com o olfato apurado para sentir o cheiro do medo ou da mentira em suas respostas.
― Tenho 18 anos, sou filha única. — Quão rápida foi a pergunta, mais rápida foi a resposta.
― Mora onde? E o que fazia antes do acidente?— as perguntas saíram calmas mascarando a desconfiança que não foi notada pela humana acostumada a responder perguntas no hospital onde costumava ir com o pai para cuidar da saúde.
― Na cidade vizinha à reserva na metrópole. Hoje a turma do ônibus ia fazer um filme sobre a floresta da mata Atlântica. Trinta alunos que ganharam o concurso sobre plantas. E eu ia pintar o que minha memória guardasse. Minha mãe arranjou com uma amiga que é a diretora e dona do colégio também onde faço minhas avaliações bimestral essa excursão seria para que eu conhecesse a reserva E daqui eu deveria viajar para passar dois meses fora conhecendo o mundo era meu presente de aniversário, mas daí aconteceu essa tragédia toda. ― Amkaly não conseguia entender o motivo da mãe querer que ela fizesse a viagem em segredo e só poder se comunicar com o celular que a mãe deu ou com o tablet novo. Sua mãe havia ficado com seu celular velho.
Nádia afastou o vaso decorativo em cima da mesa de centro para que Ermelinda pudesse colocar uma bandeja com sucos de graviola, leite e pães caseiros. Durante todo o interrogatório, essa foi a única vez que Nara Shiva tirou os olhos da garota e da mãe para fixar em outra coisa e, bem antes de a mãe recomeçar o interrogatório, já estava com uma boa porção de pãezinhos na boca.
― Quem são seus pais e o que fazem? ― Nádia continuou com as perguntas, mesmo não gostando nadinha do que estava fazendo.
Sabia que era necessário para a paz do ambiente. Já tinha visto, através das imagens partilhadas do marido e de seu gêmeo, coisas que aconteceram tempos atrás com os lobos e, por nada, iria colocar a vida da sua família em risco. Por isso, continuou com as perguntas e esperou, observando cada detalhe do rosto da jovem em busca de um sinal que indicasse que ela estava mentindo. Não encontrou nada e a garota continuou respondendo:
― Minha mãe, antes de eu nascer, era professora de artes na escola onde estudou.
Na França, onde eu nasci. Daí, ela adoeceu e viemos morar aqui quando eu tinha três anos. Eu também nasci com um problema genético. Por isso, eu não frequento um colégio, estudo em casa e vou na escola só fazer os exames. ―Nádia notou que a cada resposta a garota olhava para os pratos na mesa.
―Qual a sua enfermidade o que leva você a estudar em casa e não em um colégio como todo mundo da sua idade? Ah, desculpe, que falta de educação. Vamos, coma alguma coisa. Nara disse que sua última refeição foi ontem.
Não foi preciso uma segunda oferta. A garota pegou metade dos pãezinhos e meia jarra de suco e ficou silenciosamente comendo, fazendo Nádia ficar com remorsos de não ter oferecido antes. Olhou para a filha, que a olhou recriminando por sua falta de tato.
Ficaram observando a garota comer. Quando terminou, passou um guardanapo na boca e colocou de volta na bandeja ao lado. Passou a mão na roupa, retirando os restos de migalhas que ainda estavam no colo, olhou para Nádia e respondeu com a mesma voz meiga e baixa de antes, como se não tivesse sido interrompido o diálogo:
― Eu tenho uma doença rara, já nasci com ela e meu pai achou que eu ficaria mais segura dentro de casa. Minha casa é toda equipada, igual a um hospital, para mim e minha mãe.
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🏳️🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXAS
FantasySinopse Nara Shiva é uma loba adolescente que vira humana, filha única e herdeira da sua alcatéia , sua linhagem pura mesmo tendo 18 anos sua loba é muito velha, desde o nascimento o filho do beta do seu pai fala para quem quiser ouvir que um...