CAPÍTULO 69 REFAZENDO

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Ficaram na divisa entre a zona da agricultura e da zona do comércio. Josué, o ex-beta e os que talvez fossem da polícia. Eles teriam que cruzar essa linha imaginária por ser o único caminho para pessoas que não eram nativas da reserva. Os outros caminhos eram dentro da mata, onde todo bicho ou inseto colocaria a vida dos humanos em perigo.

Nara ficou de um lado e do outro estava Esther, atenta. Quando sentiram o solo tremer sob os seus pés, ainda avistaram os humanos muito distantes, caminhando atentos como se estivessem em uma batalha. O que não deixava de ser verdade. Mascarenhas jamais iria cumprir com a palavra dada ao Josué de não levar soldados até a frente da casa do alfa para afrontá-lo e medir forças. Mesmo sabendo que ali moravam lobos, ele não tinha noção de quantos existiam dentro da reserva, como também não tinha noção do perigo que estava correndo. Ou então achava realmente que as tropas iriam invadir a reserva e conseguir disparar os dardos e sedar todos antes de serem atacados. O grupo passou pelas duas mulheres sem notar suas presenças e nenhum olhou para os lados.

Bem próximo à comitiva, Nara saiu de trás do arbusto e se aproximou suavemente por trás do humano que, mesmo armado com um rifle com ampola de sedativo, caminhava assustado com o som da mata no final do dia e começo de noite. Nesses momentos mágicos, a mata explodia com a vida noturna e seus sons característicos, que o vento carregava, trazendo consigo o coaxar dos sapos nas lagoas. De quando em vez, um gritava mais alto, sendo engolido por uma cobra. Os grilos faziam a serenata junto à cigarra, anunciando uma noite de estrelas perfeita para Nara e apavorante para os humanos, que desprezavam ou nunca tinham tempo para apreciar a vida e suas nuances.

Nara Shiva agarrou pelo pescoço o humano que vinha por último do lado esquerdo e apertou com bastante força. Quando o sentiu gemer, sufocado, e suas pernas bateram descontroladamente na terra, ela sabia que ele estava morto.

Nara foi arrastando o corpo dele por trás da vegetação densa e soltou o defunto ao lado do rifle. Voltou para o seu posto já na forma de lobo e, sem pedir ou falar, sua beta lançou uma cortina de invisibilidade, separando os humanos, com exceção do Mascarenhas, que estava junto do ex-beta, e as duas partiram para a matança. Pularam juntas, cada uma no pescoço de um humano. O que estava com Nara, ela mordeu na lateral do pescoço com seus dentes afiados, destroçando as cartilagens da laringe, perfurando de um lado a outro, e, com mais um puxão, o pescoço quebrou e ela soltou o infeliz no calçamento.

Nara viu um deles apontando a arma para acertar Esther. Esse foi o primeiro erro dele. Com os poderes adquiridos das outras bruxas, Esther ordenou que ele atirasse no que estava olhando para Nara e ele atirou no colega, que o olhou, surpreso, e caiu, já desmaiado. Foi o segundo erro dele, seus colegas dispararam duas vezes e ele também caiu. Isso deu a Nara e Esther tempo de matar os outros mais rápido e sem brincadeira, bastava esmurrar a caixa torácica para quebrar as costelas e arrancar o coração, que saía pulsando, tremendo e quente. As veias abriam e fechavam involuntariamente, como se ainda estivessem dentro do corpo trabalhando para mantê-lo vivo. Nara jogou longe o órgão com uma certa pena. Tinha tanto humano bom que precisava de transplante, mas a merda já estava feita.

“Anael, está me ouvindo?” chamou o tio pela ligação familiar e foi respondida no ato.

“Pode falar.” A voz de Anael chegou cansada como se ele estivesse em corrida.

“Perto da zona do comércio, dentro da mata, tem vinte corpos humanos que morreram agora. Os órgãos servem para doação, mande pegar com a equipe pronta. Avise o pessoal do laboratório de cremação que fiquem em alerta, o dia hoje vai ser puxado.”

“Considere feito, minha sobrinha. Como está por aí? Os lobos que Ziam escolheu para ajudar vocês já chegaram e estão só aguardando a ordem.” Lembrou-se da força extra aguardando.

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora