CAPÍTULO 68 JURAMENTO

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Esther e Nara chegaram à casa sede em pouco tempo, encontrando-a vazia. Nem mesmo Ermelinda, que sempre as esperava com uma guloseima para saciar a fome dos lobos quando voltavam de uma corrida, se encontrava. A sala era um espetáculo de brinquedos espalhados, parecia uma loja dessas próprias para crianças, com seus brinquedos em promoção. Em um canto mais escondido da sala, atrás da cortina de seda na cor vinho, dois cestos grandes virados de ponta cabeça falavam muito de seus pequenos usuários. Todos ali tiveram que sair às pressas. Qualquer um diria que todos os brinquedos foram abandonados, mas as duas mulheres conheciam as crianças e, no meio daquela bagunça toda, estavam faltando a Feiticeira Escarlate, boneca da Lilith; a Gamora, boneca verde da Agatha; a Viúva Negra, boneca da Morgana; a Natasha Romanova, outra feiticeira, boneca da Melisandre; e a boneca sereia Ariel da Winnie. E, quanto aos meninos, todos os carrinhos e bonecos estavam lá.

Nara foi à cozinha. O cheiro de comida estava no ar e todas as bocas do fogão foram apagadas há pouco tempo, pois ainda estavam morninhas. Acendeu todas as bocas outra vez para terminar de cozinhar a refeição, afinal, ela tinha uma fome que nunca acabava. Achava que era porque estava em fase de crescimento.

― Esther, já que as bruxas estão sabendo do que vimos e ouvimos, com certeza meu pai também já está sabendo. Avise a Anael para colocar uma equipe na frente das terras do ex-beta e ficarem alertas. De lá, ninguém sai vivo. Isso se o papai já não tiver feito. ― Esther vinha entrando com os óculos de mergulho, o brinquedo preferido de Ameth, nas mãos e com um ar distante e perdido em algum lugar, talvez na família.

― Antes, eu preciso fazer uma coisa. Vamos lá fora, isso tem que ser feito no tempo. ― Com um semblante sério, Esther foi para a frente da casa e Nara, sem outra opção, foi atrás. Uma vez na frente da casa, Esther ficou com um joelho no chão e outro curvado. Com um punhal na mão, ela fez o juramento. ― Eu, Esther Shekar Azir, filha primogênita de Azir e legítima herdeira das bruxas de Lancashire, juro, enquanto meus pés pisarem por este solo terrestre, ser fiel e defender a sua vida e da sua alcateia com a minha vida. E, se um dia eu trair este juramento, que o punhal ou a lâmina mais afiada atravesse meu coração. Entrego a você, minha alfa suprema, minha vida para defender a sua. ― Esther pegou o punhal e abriu um pequeno corte na palma da mão direita, deixando que caíssem 7 gotas no solo.

Nara sempre disse em alto e bom tom que nunca queria ser alfa de nada e de ninguém. Ela nunca quis a responsabilidade de cuidar de tantas vidas e ser responsável pela decisão certa para o bem de sua raça, mas, com as palavras da Esther, algo de muito forte e velho foi se apossando dela, algo que estava dormindo e que nem ela mesma sabia que tinha. Algo que lhe dizia que era certo, que ela tinha nascido para liderar um povo, e, sem que ela percebesse, lá estava ela recitando as palavras mágicas junto a sua beta, oficializando o juramento e assumindo seu lugar de alfa da alcateia das lobas bruxas. Esse seria seu povo, os mágicos, e ela tinha certeza de que não seria tão fácil como outras lideranças, mas era seu destino e ela o aceitou.

― Eu, Nara Shiva Kabir, alfa da alcateia dos seres triplos, como a tríplice aliança na qual eu nasci, destinada a ser o que sou, aceito seu juramento e, a partir de agora, enquanto meus pés caminharem pela terra, eu te aceitarei e te respeitarei como minha primeira e única beta, jurando defender você e sua família até o fim dos tempos. ― Nara pegou o punhal e fez também um pequeno corte na mão esquerda. Quando as 7 gotas repousaram no solo em cima do sangue de sua beta, surgiram dali duas runas no formato de uma estrela de seis pontas emaranhadas e quase totalmente cobertas por fios de sombra negra que se movimentavam lentamente ao mesmo tempo que permaneciam estáticas. Somente uma visão acostumada ao sobrenatural, como a de sua beta e, pelo juramento, agora Nara também recebia esse dom de presente, poderia vê-las.

Uma tatuagem preta surgiu cobrindo todo o dorso da mão branca de dedos longos de Nara e uma outra na mão esquerda de Esther, essa o oposto da de Nara, ela era toda branca na pele negra. Os desenhos tinham o mesmo padrão: estrelas de Davi dentro de hexagramas ladeadas com pequenas rosas e punhais, tudo muito bem intrincado, formando um quadro de arte. As duas trocaram um olhar de cumplicidade, aceitando tudo que o novo normal em suas vidas lhes apresentava. Apertaram as mãos, misturando simbolicamente o sangue que ainda saía dos dois cortes.

🏳️‍🌈NARA SHIVA A LOBA VOL. 01 SÉRIE AS LOBAS BRUXASOnde histórias criam vida. Descubra agora