01. Assassina do lago.

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Freak– Sub Urban

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Algumas semanas atrás...

Narrador's point of view

O som dos elegantes saltos escuros colidindo com o porcelanato muito bem polido era o único ruído que podia ser ouvido na escura, gélida, e silenciosa sala. As quatro paredes espaçadas pareciam esmagar, os objetos cortantes espalhados organizadamente em suportes apropriados somavam ao ar macabro do cômodo isolado da civilização juntamente à música de fundo abafada que acabara de começar. Oh, sim... aquele lugar era um paraíso para um assassino.

A fumaça emergiu dos lábios vermelhos como um córrego a fluir, relaxando todos os seus músculos nada tensos enquanto o som de murmúrio do homem acorrentado à cadeira elétrica começou a se misturar com o ambiente que, até então, usufruía da calmaria.

- Você está atrapalhando meu silêncio. - O timbre rouco e mórbido ecoou por toda extensão da sala, fazendo o homem murmurar algo incompreensível ainda mais alto, em um claro sinal de desespero. - Tsc... tsc... tsc... não sabe como estou irritada agora.

O homem, que se debatia contra a cadeira, tentando involuntariamente se livrar das correntes que apertavam seus pulsos, pescoço, barriga e tornozelos tentou gritar mais uma vez, porém, com a boca coberta por uma fita, estava difícil. A única luz que iluminava a sala, e o permitia ver quem estava em sua companhia era a da lua, que adentrava pela janela de ponta a ponta, na qual a mulher se encontrava admirando a vista, com um cachimbo entre os dedos.

- Como se sente estando sentado nesta cadeira? Sabendo que seu fim está próximo... - Ela tragou a fumaça mais uma vez, para então, se virar, revelando seu rosto perfeitamente traçados em linhas angelicais. - não me responda, deixe-me adivinhar; - ela caminhou sobre o salto agulha até uma enorme mesa metálica, onde apagou seu cachimbo e apanhou uma faca cutelo. - é uma merda, não é? Se sentir tão fútil...

O homem, ao captar todos aqueles traços capazes de enganar qualquer um, sentiu seu coração se acelerar mais do que já estava. Ele a reconheceu, e a reconhecendo, sabia que beirava a morte. Era ela; a arma mortal deles. Naquele momento ele se perguntava como e quando cometeu o deslize de se deixar ser pego.

- Eu vou tirar isso, porque quero ouvir seus gritos quando começar a te cortar. - Ela se pronunciou ao se posicionar diante ao homem, que já soava frio em meio ao desespero, para então, arrancar sem delicadeza a fita.

- Sua vadia! Eu sabia que vocês iriam -

Suas palavras foram interrompidas pelo grito agudo assim que a lâmina muito bem amolada colidiu sem dó contra seu indicador esquerdo, o arrancando do restante do seu corpo, fazendo o sangue começar a jogar para os cantos.

- É isso que eu quero ouvir, senhor. - Ela ironizou ao chamá-lo de "senhor", forma na qual era tratado em um dia normal, com um sorriso no mínimo perturbador nos lábios. - Agora, me sinto na obrigação de fazer-lhe uma pergunta. Seus dedos, coberto pela luva tocou o queixo do homem, fazendo-o mirar seus olhos brilhantes; - lento, ou rápido?

Ele não conseguia falar, não agora. Seu peito subia e descia com brutalidade, seu corpo tremia e sua veia saltava de raiva. Aquela mulher honrava perfeitamente o posto de um dos seres humanos mais detestáveis do planeta.

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora