24. Mensagens subliminares.

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[Capítulo não revisado]

Lauren Jauregui's point of view.

Brooklyn, Nova York — 11:09AM

Monstro. Ela me achava um monstro.

Quando ouvi aquilo da sua boca, meu peito se contraiu no mesmo segundo, e a única vontade que senti foi de largar aqueles papéis e esquecer toda essa merda de causa. Eu quis voltar pra casa, seja lá onde ela for. Voltar a fazer o meu trabalho, que se baseava em matar pessoas que mereciam morrer –além de outras coisinhas que não vem ao caso agora–. Mas então, senti o leve chute que Alycia me deu por debaixo da mesa, e tomei conta de que, naquela situação, existia duas Lauren, a que Camila queria que eu fosse, e a qual eu realmente era. Existia Lauren Jauregui, quem a ajudava no maior caso de sua carreira e dormia com ela, e existia Lauren Moratti, um dos monstros que ela sequer sabia o nome. Eu tinha que lidar com aquela divisão.

Como será que ela vai reagir quando souber que a pessoa que ela se entrega, dorme agarrada e trabalha ao seu lado é um dos monstros?

O carro parou do outro lado da rua do endereço em que Alycia havia nos passado, e no mesmo silêncio em que viemos, eu retirei meu cinto para abrir a porta logo, porém, senti a mão de Camila segurar meu pulso, fazendo meus movimentos retardarem.
Ela estava com uma arma na mão, e por um segundo que mais se pareceu uma vida, meu coração chegou a errar a batida e os olhos arregalarem levemente. Mas o que caralhos ela estava fazendo?

Mas então, ela manobrou a arma entre os dedos, fazendo o cabo de virar na minha direção e a boca para a dela, como se estivesse me oferecendo.

- Não sabemos o que vamos encontrar lá dentro. – Ela disse, e eu não demorei muito para assentir, me aliviando por dentro enquanto apanhava a G18. A deixei em minha cintura, tampada pela blusa, e então, saltei para fora do carro, observando a rua vazia, com exceção de um grupo de crianças brincando de bola mais à frente. – Vai ficar remoendo o que aconteceu pra sempre?

Arrastei meu olhar a ela com sua pergunta; estava parada do outro lado do carro, guardando a chave do carro no bolso traseiro. Neguei com a cabeça, começando a caminhar em direção à casa.

- Não estou remoendo nada, Camila. – Disse, e enquanto atravessava a rua, levei o olhar até a câmera de segurança que pegou as pessoas que fingiam ser eu e Ashley; era de um poste. – Só respondi o que você perguntou, por mais que tenha sido uma pergunta retórica.

Eles realmente fizeram isso para chamar a atenção do FBI; aquela câmera estava amostra demais, e apenas um criminoso no seu primeiro crime cometeria um erro assim.

- Então você concorda com o que elas fizeram? – Ela perguntou, me seguindo. – Digo, em relação à forma como mataram ele?

Manere nas palavras, Lauren.

- Você mesma disse que os policiais não fizeram nada, seria questão de tempo até que alguém realmente fizesse. – Dei de ombros, como se não fosse relevante pra mim. – Já pensou em quantas vítimas teria surgido caso esse alguém demorasse tempo demais? E você já pensou em como aquelas crianças devem ter se sentindo aliviadas ao perceber que não teriam que passar pela sensação de ter uma mão que não é sua passando pelo seu corpo sem você ter permitido? Ser vítima de abusos não deve ser fácil, Camila.

- Eu sei...

Ela praticamente sussurrou, mas estava perto demais para que eu pudesse ouvir. Se soubesse, não teria me chamado de monstro e não ter dito absolutamente nada sobre o que o padre fez.

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora