Epílogo.

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Capítulos finais 3/3

___&___

Narrador point of view.

Santa Clara, Cuba - 11:45PM | dois anos depois...

As mulheres atravessaram a rua após saírem do esportivo, desfilando em seus saltos. A mais velha portava uma mala preta em mãos, como a cor do sobretudo que duas delas usavam. A outra portava um casaco de pele, para se diferenciar das Irmãs, que não se preocuparam em encapuzar os rostos, apenas cobrir as mãos. A rua estava deserta, pouco iluminada, e seu pessoal estava espalhado por aquele quarteirão, se certificando de que ninguém estaria as vendo se aproximaram de uma casinha mal construída no final da rua.

A latina estava ansiosa, e não como pensou que estaria. Pensou que ficaria receosa, com medo, tremendo por voltar ao seu país de origem depois de tantos anos fora, porém, tudo que sentia era euforia. Não iria fazer absolutamente nada senão aproveitar do que aprendeu a gostar por meio de suas mais novas companheiras de vida. Os gritos, as palavras implorando para parar, o som dos ossos se quebrando, o jogo que elas faziam com a vítima, a revelação do porquê de aquilo estar acontecendo... sua namorada a apresentou esse mundo sem censura, e ela gostou. Gostou tanto que sentava e a escutava narrar como havia sido o trabalho do dia por horas, e só não ia ver com seus próprios olhos porque não tinha permissão do chefe.

- Fica ali no canto, ele não pode te ver já de cara - Lauren instruiu para a namorada, que assentiu, tô a posição. - Sua arma está mostrando, sis.

Ashley ajeitou a arma por trás do sobretudo de couro, ajeitou a mala em seu ombro e esperou por ser atendida, uma vez que Lauren havia acabado de tocar a campainha.
O som dos latidos de um cachorro surgiu, porém distante, como se estivesse nos fundos da casa. Gritos o mandando parar veio em seguida, e Camila sentiu o coração tropeçar em ansiedade. Amava o fato de que não estava sentindo o formigamento, e mesmo que as cenas do abuso estivesse passando pela sua cabeça, elas não a causavam pavor, e sim mais cede de ver ele implorando para parar, como ela pediu, a anos atrás, quando ainda eram uma criança.

- O que foi?! - Ele perguntou ríspido ao abrir o portão.

Lauren correu rapidamente o olhar por ele, notando a barba mal feita, as olheiras enormes, a barriga de chopp e as roupas desgastadas, exatamente como Alycia havia descrito que ele estava após procurarem saber sobre o tal, alguns anos depois da finalização da missão em Beaufort. Não demoraram muito tempo propositadamente, mas com a posse de 'Ndrangheta, fazendo da Cosa Nostra a maior e mais perigosa Organização Mafiosa, ultrapassando até mesmo a Máfia Russa, mais rivais começaram a surgir, os trabalhos aumentaram, assim como os problemas. A agenda se tornou escassa, e pela própria Camila, que disse que poderia esperar, jogaram o trabalho de seu pai para depois, afim de poderem fazer tudo sem pressa. 'Ndrangheta dificultou muito de início, gerando diversas brigas ou confusões no geral, porém, com a medida em que o tempo fora passando, eles se acalmaram e aceitaram seus destinos. O novo chefe deles fora morto, para que não se tornasse mais um problema lá na frente, e hoje, aquela antiga Máfia era como lacaios para La Cosa, ajudando no trabalho pesado, servindo de guarda ou usados como sacrifícios quando precisavam entrar em algum lugar ou algo do tipo. Faziam parte da Máfia, mas não eram da família.

- Boa noite, senhor, como se chama? - Lauren perguntou educadamente, agora analisando os fios brancos de seu cabelo. Sentia nojo dele.

- Alejandro. - Camila, lá atrás, trincou a mandíbula, Lauren continuou com aquele sorriso forçado, e Ashley já calculava cinquenta formas diferentes de o matar com sua própria mão ali mesmo. - O que vocês querem? Não estou interessada em comprar nada.

O nojo por ele aumentou quando Camila, que já tinha se tornado literalmente parte de sua família, apenas pela forma que fazia a irmã sorrir contou detalhadamente o que aconteceu.

- Boa noite, Alejandro. Sou Lauren, e essa é minha irmã Ashley - Apontou para a mulher, que de obrigou a forçar um sorriso. - E não viemos vender nada.

- O que querem, então? - Perguntou, coçando a barba mal feita enquanto analisava as mulheres por completo. - O carro quebrou? Porque eu ficaria feliz em oferecer minha casa para passarem a noite até conseguirem ligar para o seguro.

- Você chama essa espelunca de casa? - Ashley questionou, espionando o local por trás do portão.

As paredes não tinham reboco, deixando os tijolos desnudos, as janelas não se passavam de grades mal feitas, cobertas por retalhos de panos usados como cortinas. A porta quase caía aos pedaços, e a entrada era completamente imunda, lotada de latinhas ou garrafas de cervejas espalhadas.

Alejando a lançou um olhar repreensivo e confuso.

- Se isso é um trote, quero que saiam daqui logo! Não tenho tempo para vadias que nem vocês. - Ele bradou, na intenção de fechar a porta na cara delas, porém, Ashley se pôs na frente.

- Qual significado de vadia para você? - Perguntou, com o tom de voz neutralizado.

- Prostitutas. - Alejandro respondeu, estranhando a reação da mulher.

- Nós parecemos prostitutas pra você? - Lauren foi quem perguntou, fazendo o homem, sem ter o que responder, recuar um pouco. - Pois bem, o que queremos aqui é apenas fazer uma visitinha, me perdoe pelos modos da minha irmã, ela fica um pouco alterada quando encontra com criminosos do seu tipo.

- Como assim? - Ele perguntou, já entrando em alerta.

- Você costuma ouvir, ler ou assistir jornal? - Lauren perguntou, e ele assentiu, desconfiado. - E já ouviu falar nas Irmãs Sicilianas?

Agora, Alejandro precisou engolir em seco. Não sabia o que estava acontecendo, mas tinha a impressão que não era nada bom. Estava sendo assaltado?

- O que tem elas? - Questionou. - Se querem roubar, levem tudo logo!

- O que vamos roubar aqui? - Ashley foi quem perguntou. - Trapos velhos para fazer uma boneca de pano? Suas latinhas pra vender no ferro velho? Grades da janela pra usar de cabo de vassoura ou aquela porcaria que você chama de porta para usar como lenha?

Lauren teve que controlar a vontade de não rir da cara que Alejandro fez para a irmã, que abriu um novo sorriso esnobe pra ele.

- Então... - a de olhos verdes disse, aproximando um passo para alcançar Ashley. - Se já ouviu falar sobre nós, acho que sabe o tipo de criminosos que damos um jeitinho.

- Mas do que você está falando?! - Questionou, começando a se alterar. - Vão embora, agora!

Alejandro tentou fechar a porta mais uma vez, porém, Lauren a voltou com brutalidade, fazendo a lataria pegar até mesmo no braço do homem, que saltou pra trás pelo susto.

- Faz tanto tempo assim desde que abusou da sua filha para não se lembrar? - Questionou, já séria pela forma que ele fingia de sonso.

- Eu não sei do que... -

- Desculpe, mas me deixe te apresentar uma pessoa. - Lauren o interrompeu, se virando para Camila, que se aproximou em passos firmes, até estar no meio das mulheres. - Essa é minha namorada, Camila.

- Oi, pai - a latina ofereceu um sorriso enorme para o homem. Um sorriso prepotente. - Acho que minhas garotas tem algo a resolver com você.

》FIM《

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Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora