07. "senti saudades dela".

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Halsey's point of view.

- Hey! – Chamei a atenção de um dos policiais que estava guardando a porta de entrada da ala das celas temporárias após trancar Sra. Carey atrás das grades. – Não tire os olhos dela.

Arremessei a chave para ele, que prontamente pegou e assentiu à minha ordem.
Suspirei pesadamente ao passar pela recepção do departamento, na tentativa de aliviar toda a dor de cabeça que esse caso estava me dando. Não que eu estivesse reclamando, pois, desde que eu trabalho aqui, nunca tivemos algo tão grande e importante para lidarmos, porém, essas dores eram algo que eu não estava esperando. Talvez eu estivesse envolvida demais.

Assim que desci a pequena escadaria da saída, a primeira visão que tive foi da mulher que me acompanhara sentada no meio fio, com os cotovelos apoiados nas coxas e a cabeça afundada nas mãos. Era agoniante vê-la assim, apenas por pensar em como deveria ser a sensação de ir dormir e acordar não se lembrando nem mesmo seu nome. Não se lembrando nem mesmo de sua família...

- Prendemos a mulher. – Me pronunciei ao aproximar, fazendo-a prontamente erguer seu rosto das mãos pelo susto. – Odeio admitir, mas você foi muito inteligente hoje.

Disse de forma simpática, recebendo apenas um leve sorriso da mulher segundos antes de tê-la mirando a paisagem a nossa frente, reflexiva. No que alguém que perdeu a memória poderia pensar tanto?

- Você está bem? – Arrisquei em perguntar, dando mais um passo em sua direção.

- Você não precisa ficar aqui só porque a delegada pediu. – Confessa, sem direcionar seu olhar a mim. – Eu sei que você não gosta de mim. E eu não vou sair correndo ou fazer qualquer outra coisa, pode ficar tranquila. – Chutou com leveza alguma pedrinhas que se encontravam perto do seu pé. – Imagino que não deve ser legal ficar de babá, então pode ir fazer o que você tiver que fazer.

Engoli em seco com aquelas palavras; ela não sabe, mas aquilo estava sendo difícil para nós também.

- Você não está presa, não precisa ficar "acorrentada" aqui. – Pontuei, em um tom um pouco mais amigável. – E eu não desgosto de você ou algo do tipo, só não acho que seja inocente nesse caso todo. São coisas diferentes.

- É... eu também não acho que seja. – Abaixou sua cabeça, mirando o asfalto da rua por alguns segundos, antes de levar seu par de esmeraldas até mim. – Já que não desgosta de mim e eu não estou acorrentada aqui, poderia me mostrar algum lugar que todo mundo não me olhe como se já estivesse provado que eu sou a assassina do lago?

Acabei soltando uma breve gargalhada genuína com sua pergunta, assentindo logo em seguida. Ofereci a mão em forma de apoio para que ela pudesse se levantar, e assim que o fez, vaguei meu olhar pela redondeza, tentando pensar em algum lugar.

- Tem um "bosque" no qual você foi achada aqui perto. Lá não costuma passar muita gente.

L.K gostou da minha sugestão, e durante o caminho que traçamos em meio a conversas banais sobre o clima e vida em Beaufort, percebi que, realmente, as pessoas a olhavam como ela descrevera. Alguns até mesmo seguravam seus filhos com mais firmeza e atravessavam a rua quando passávamos.
A mulher sempre tentava ignorar, desviando o olhar para algum outro ponto, e isso, por mais que eu odiasse admitir, me apertava o coração.

- A quanto tempo você trabalha como uma policial? – Ela perguntou, me arrancando do devaneio.

- Estou junto das meninas já fazem uns 5 anos. – Suspirei. – Me lembro como se fosse hoje o dia em que cheguei e o departamento me recepcionou tão bem. Camila foi a primeira a me dar boas-vindas... – gargalhei involuntariamente, relembrando da cena. – Mas e você? O que te aflinge?

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora