52. Devolva a arma e distintivo.

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Sicília, Itália - 13 anos atrás.

Lauren tinha 12 quando fora chamada de sociopata pela primeira vez. Era outono, época que Michael levava as filhas para caçarem coelhos no bosque. O intuito dessa atividade era melhorar a mira delas em algo que se mexia de verdade, e claro, fazê-las se acostumarem a tirar uma vida e dormirem tranquilas a noite, pois, quando Ashley completasse quinze, e Lauren treze, começariam a praticar os tiros em pessoas. Já estava mais que na hora daquele nível de treinamento começar se ele quisesse as fazer útil no mercado de trabalho antes que alguém na rua as diga que era errado. Se colocasse algo na cabeça de uma criança, isso iria se impregnar até a fase adulta.

Hoje, no treimento individual, Lauren tinha matado um veado. Michael não pediu, sequer comentou, ela apenas ergueu a pistola e atirou três tiros nele quando o viu. O homem até pensou que ela iria cair no choro depois, dizendo que não deveria ter feito isso, mas não aconteceu. E não tinha acontecido até agora. Na verdade, a menina estava almoçando como se nada tivesse acontecido enquanto o pai conversava com um mercenário local, amigo do homem.

- Eu estou te falando, foi rápido demais. - Michael voltou a narrar o mesmo acontecido. Estava tão animado com a evolução das filhas, que queria falar sobre isso o dia inteiro. - Quando os tiros surgiram, achei que tinha encontrado outro coelho, mas era um veado.

O homem analisou Lauren do outro lado da mesa, comendo um pedaço de lasanha de salame italiano, como se nem houve mais ninguém no cômodo.

- Quantos anos você disse que ela tem? - Perguntou, dando um gole no whisky que lhe fora servido.

- Completou doze faz três meses. - Michael disse com orgulho, antes que o som do telefone inundasse a sala de jantar. - Preciso atender, volto já.

O homem levantou após conferir quem se tratava, ofereceu um sorriso para Lauren quando passou por ela, e sumiu pelo corredor, deixando o mercenário e a menina a sós. Ela sequer estava prestando atenção na presença dele, pois estava mais focada em terminar seu prato e ir atualizar a irmã e Alycia sobre o que aconteceu, antes que o pai fizesse na sua frente. Mas já o homem, estava interessado e intrigado ao ponto de sair de sua cadeira e se sentar na frente de Lauren, que ergueu o olhar, arqueando uma das sobrancelhas.

- Papà disse que estava voltando. - O lembrou, dando um gole no suco de laranja.

- Então a senhorita matou um veado hoje?

- Por que vocês estão falando disso como se eu tivesse matado o presidente da Rússia, sei lá? - Perguntou com um quê de confusão. Aquilo tinha sido apenas um animal.

O mercenário forçou um sorriso. Odiava o jeito das Irmãs, e sabia que aquilo só iria piorar com os anos. Elas falavam da forma que bem entendiam com os outros, sem um pingo de cautela, porque Michael as ensinavam que deveriam fazer isso mesmo.

"São as pessoas que devem escolher as palavras para falar com vocês", era o que ele dizia.

Era isso, ou você amava as irmãs Moratti, ou você as odiava, não tinha um meio termo.

- Porque a forma que matou foi um bom avanço e um sinal positivo para o que seu pai está planejando. - Teve que buscar a simpatia do fundo de si para falar com ela. Às vezes, sentia que tinha que as tratar como as rainhas da Inglaterra. - Como fez isso e está agindo tranquilamente agora?

Aquela era a pergunta que estava fincando seu cérebro.

- Ah, é só você não matar olhando pra dentro do olho dele. - Aconselhou, como quem dizia para não colocar muita açúcar no café, pois ficaria ruim. - Ash me deu esse conselho quando começamos a matar coelhos. É engraçado, porque quando precisamos fazer isso pela primeira vez, ela foi quem não conseguiu matar. Acho que foi porque ela matou uma pessoa depois disso.

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