04. Homo homini lupus

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Camila Cabello's point of view

Depois de fazermos mais algumas perguntas básicas à mulher do lago, a qual apelidei carinhosamente com as iniciais "L.K", fazendo jus ao nome do seu caso, a levei até minha casa, onde seria sua estadia durante o processo de resolução.

Dinah e Halsey entraram em uma discussão infinita sobre o quão maluca eu estava sendo ao tomar esta decisão, mas o que eu poderia fazer? Seria arriscado demais deixar a mulher em alguma casa que mantemos as pessoas sob custódia; quem quer que tenha feito isso com ela poderia voltar, e eu não posso nem pensar em perder a única pista que temos sobre o assassino.

A mulher também não me assustava ao ponto de chegar a ter medo. Claro, tinha toda a questão do bilhete, dos seus olhos vazios, seus "causadores" e seus instintos que poderiam ser despertados a qualquer momento. Mas eu sei me cuidar, e muito bem.

- Obrigada. – L.K agradeceu ao ter a porta da minha residência aberta para que ela possa passar.

Gesticulei como resposta e olhei mais uma vez para a rua deserta em minha frente antes de adentrar completamente a casa. Oh, Deus, que eu não esteja cavando minha própria cova.

- Fique à vontade. – Comentei enquanto a mulher observava todos os detalhes aparentes da sala. – A casa não é grande, mas será o suficiente para nós duas.

Ela assentiu, dando um lento giro de 360° para finalizar a análise da minha decoração, e então, mirou minha destra girando a chave na fechadura, nos trancando.

- Não tem medo de ficar sozinha comigo? – Não vou dizer que não senti meu corpo se estremecer com a rouquidão que aquele timbre portava. – Aquele bilhete falava que eu era uma assassina, então...

Sua aparência não era uma das mais amigáveis, pelo menos não nesse momento; seus fios escuros casavam-se perfeitamente com os olhos em esmeraldas intensas, que agora estavam fundos pelo cansaço. E claro, as roupas escuras que lhe foram emprestadas no departamento não ajudavam muito.

- Eu sei me defender de pessoas assim. – A respondi em um tom firme, cruzando a sala para alcançar o corredor na extrema direita. – Então... quer comer algo? Deve estar com fome.

Fiz um sinal para que ela me seguisse, e assim o fez até a cozinha, onde minha primeira parada foi a geladeira. Estava cansada demais para fazer um banquete de recepção para uma assassina, então, seria simples e cozinharia um macarrão ao molho branco.

- Uh... eu não sei do que eu gosto. – Ela deu de ombros, se sentando em um dos bancos em frente ao balcão depois de, mais uma vez, observar tudo.

- Vamos descobrir juntas, então.

Resposta: ela amava marração ao molho branco – ou pelo menos o meu –.
Tentei tempera-lo com meus melhores ingredientes, para que agrade seu paladar e eu não precisasse fazer outro prato. E assim que a servi, pedindo para que experimentasse, sua reação foi melhor do que eu esperava.

Comemos em meio a uma conversa banal, onde eu tentava explica-la sobre coisas simples da rotina de um cidadão comum, e pela forma que me olhava, eu deduzi que, a cada palavra que saía da minha boca, ela se perguntava como não se lembrava de algo tão comum como aquilo. Eu ainda não conseguia acreditar que alguém poderia ser invasor ao ponto de destruir a memória de alguém...

- (...) E bom, esse é o quatro de hóspedes, onde você irá ficar. – Me posicionei em frente ao cômodo citado depois de fazer uma rápida apresentação da casa para a mulher, que parecia gravar tudo. – Eu vou deixá-la tomar um banho e descansar agora. Não sei você, mas eu estou quase dormindo em pé.

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora