03. Vazio e Escuridão.

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Lauren Jauregui's point of view

Vazio. Escuridão. Algumas vozes. Escuridão. Vazio.

Minha cabeça girava, meu estômago estava embrulhando, e a dor que eu sentia em cada canto gélido e pálido do meu corpo era avassaladora.

Por que eu estava em uma delegacia? Por que minha mão está coberta de tatuagens? Quem eram essas pessoas? Quem sou eu?

Cada vez que eu me esforçava para responder alguma dessas perguntas mentalmente, sentia uma fincada na cabeça, como se alguém estivesse cravando uma adaga em meu cérebro.

E o problema – além de todos os outros – era; eu não consiga parar de pensar nisso desde que recuperei meus sentidos, se é que posso chamar assim. Desde cheguei nesta delegacia e passei por todas aquelas análises.

Aquelas malditas análises.

- Qual seu nome? - O homem do outro lado da sala tão branca e iluminada que fazia meus olhos doerem perguntou.

- Eu não sei. - Respondi convicta, mesmo que depositasse meu desespero e agonia interna por não saber sequer meu próprio nome.

Ele checou por longos segundos algo na máquina que, por alguma razão, eu sabia que servia para detectar mentiras.

- Nome da sua mãe ou de algum familiar?

Aquele interrogatório estava sendo ridículo. Será que ele não ouviu quando eu falei que não sabia nem meu próprio nome?!

- Eu não me lembro.

- Qual seu lugar preferido?

Eu não sei, mas tenho certeza que esse lugar não é, pensei.

- Eu.não.sei. - Respondi pausadamente, para que ele e sua estúpida máquina detectasse o quão impaciente eu já estava. Tenho certeza que já estou a horas dentro deste cubículo.

- Qual o nome do atual presidente dos EUA?

Ok, isso realmente só pode ser uma piada.

- Quantas faltam? - Foi minha vez de perguntar, com o tom de voz carregado de frustração.

- Responda apenas com sim ou não. - Me olhou por cima dos óculos, fazendo-me ficar ainda mais irritada com toda aquela situação.

- É sempre a mesma resposta; EU NÃO SEI! – Exclamei com o tom de voz alterado, o fazendo gesticular em um sinal com a destra para a parede espelhada à minha frente. – Depois de passar horas sendo cutucada, analisada e escaneada vocês ainda não entenderam que eu não me lembro de nada?! – Meu coração batia freneticamente sobre o peito, e eu não sabia dizer se era consequência da raiva ou algum outro sentimento que não consegui identificar. – Sinceramente, eu estou começando a achar que quem quer que tenha feito isso comigo, não foi muito inteligente ao me largar em uma cidade com policiais tão idiotas como vocês. Ou seja esse o objetivo dele.

- Senhorita –

- Eu quero falar com o responsável! - O cortei, decidida.

- Eu não acho que –

- EU QUERO FALAR COM O RESPONSÁVEL!

Só depois de alguns bons minutos em que o homem saiu apressadamente com sua estúpida máquina em mãos, a porta que eu percebi ser automática se abriu novamente, revelando, desta vez, uma mulher de traços vivos e bem desenhados em uma pele morena e bem cuidada, destacada pelos seus longos fios escuros. Já era hora.

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora