43. Triângulo.

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Camila Cabello's point of view.

Beaufort, South Carolina - 07:10AM

Eu iria pra Sicília.

Aquela era uma decisão que eu passei a noite inteira pensando se tomaria ou não. Mas a verdade era que eu já infligi algumas leis por Lauren, sendo uma delas omissão de provas. Eu protegia não só uma assassina, mas A assassina do lago que, por acaso, é uma das Irmãs Sicilianas. E o mais inacreditável; eu gostava daquela assassina. Eu gostava de uma forma que já não fazia mais sentido continuar nessa farsa que eu criei como delegada. Quem eu estava querendo enganar? Trabalhar na Segurança Pública foi meu tapete para esconder meu passado e fingir que ele não existia, enquanto, na verdade, eu desempenhava esse trabalho para tentar proteger as pessoas, porque ninguém me protegeu. E se eu já tenho entendimento sobre tudo isso, e se eu já fiz o que fiz por ela, por que não ir fundo? Por que não me jogar de cabeça?

Não, eu não estava nem um pouco pronta para encarar o chefe da Máfia Siciliana, e tão menos Halsey. Ela era minha companheira de trabalho a cinco anos, e todo esse tempo fora usado apenas para o dia em que Lauren apareceria ao lado de um corpo morto. Mas ao mesmo tempo em que penso nessa "traição", eu fico revendo a cena das duas se abraçando no território de 'Ndrangheta, depois de irem lá por mim. Pareciam que elas eram tudo o que importava uma pra outra, que o mundo poderia estar acabando ao seu redor, mas se elas estivesse juntas, se protegendo, estaria tudo bem. E tudo isso por meio de apenas um abraço.

Para ser sincera, eu nunca enxerguei as Irmãs Sicilianas como algo ligado a sentimentos. Nunca pensei que elas tinham esse vínculo inquebrável de irmãs, essa necessidade de proteger, cuidar, acolher, acobertar e amar. A parceria delas é algo indiscutível, ninguém poderia negar, mas não imaginava que se passava disso.

O que Halsey sentiu quando viu sua irmã ali, jogada nua num lago, com estranhos tirando fotos dela? Como se sentiu quando a viu drogada do outro lado de um quarto de hospital, ouvindo o doutor dizer que ela perdeu toda a memória? Como foi ter certeza de que sua própria irmã não a reconhecia ou se lembrava de tudo que deveriam ter vivido juntas? Como foi ter que fingir não confiar nela? A detestar? Quando foi que Lauren a reconheceu? Quando elas começaram a parecerem mais amigas?

O barulho da campainha interrompeu meus pensamentos, e eu tive que me obrigar a levantar do sofá onde estava tomando coragem para ligar pra Lauren e dizer que iria me encontrar com seu pai para abrir a porta. Era Dinah.

- Você provavelmente não quer falar comigo, mas vai ter falar. - Ela decretou no segundo em que nossos olhares se encontraram, e eu apenas a dei espaço para passar.

Proteger Lauren, é isso que eu preciso fazer. E proteger Halsey -eu não sei o porquê tive ela nos meus pensamentos de cara, mas se Halsey protegia Lauren, eu tinha que proteger Halsey também-.

Você consegue, Camila. Apenas aja como sempre agiu.

- Imagino que tenha vindo falar de Lauren, de novo. - Disse, fechando a porta atrás de mim enquanto Dinah se sentava no sofá.

- Ela já foi para o apartamento de custódia? - Ela perguntou, olhando para os lados.

Dinah deveria ter conferido a resposta pra essa pergunta antes de fazê-la pra mim, não iria cair nessa.

- Não, ela saiu para espairecer depois do que aconteceu na delegacia, e depois iriamos ir para o apartamento arrumar tudo. - Menti tranquilamente, fazendo um sinal para ela me acompanhar até a cozinha. - Já vou adiantando que não quero saber das suas paranoias mais, Dinah, a não ser que tenha vindo com uma prova concreta.

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