46. Cobras.

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Esse capítulo e o próximo são tudo pra mim, porque é a Ashley quem vai narrar eles e ela é, com certeza, a minha favorita da história inteira por diversas questões, e uma delas vocês irão ver agora. Vão conhecer um pouquinho dos traumas dessa personagem m a r a v i l h o s a, que eu sou tão apaixonada.

Boa leitura :)
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Ashley Moratti's point of view.

Quando deixei Lauren, peguei o primeiro táxi que encontrei na rua, visto que, quanto antes isso começasse, antes terminaria. Não estava nem um pouco afim de interromper meu dia para acompanhar Camila -ou qualquer outra pessoa que seja- em um teste de lealdade, mas como papà disse, esse era o preço que eu pagava por estar no topo da lista de pessoas confiáveis dele, junto com minha irmã. Às vezes eu queria jogar tudo pro alto e voltar com a minha rotina.

Não me interprete mal, eu amo o que eu faço, e não acho que seria feliz fazendo qualquer outra coisa. Mas porra, esse plano em específico já está me dando nos nervos.

- Hey! - Chamei a atenção de um dos funcionários que cruzava o saguão com uma bandeja vazia em mãos assim que adentrei a casa. - Onde meu pai está?

O homem imediatamente parou com o que estava fazendo para vir até mim, com as mãos para trás, segurando a bandeja. Seu uniforme estava um pouco amarrotado.

- Vi ele pela última vez no porão, senhora. - Constatou com convicção. - A delegada Americana já chegou, então imagino que ainda esteja lá.

- Ok, obrigada. - Comecei a avançar meus passos em direção ao corredor da esquerda, buscando meu celular que não estava comigo de novo. - E dê um jeito na sua roupa, visitas podem chegar a qualquer momento.

Ficar em pé esperando papà ter a conversa com Camila, e depois ter de cruzar a cidade inteira para um teste. Oh, Deus, porque não jogou um piano na minha cabeça enquanto ainda era tempo?

Quando alcancei a porta que levava ao porão, e o capanga que guardava a entrada a abriu pra mim, meu corpo travou por um segundo. Eu ainda tinha péssimas lembranças daquele lugar; era ali onde pagávamos por nossos erros, trancadas no escuro, com inúmeras cobras ao nosso redor. A dor das picadas e o pavor que eu sentia na época voltaram a superfície, e eu precisei lutar contra minha própria mente de novo antes de engoli-las garganta a baixo e começar a descer as escadas. Não estava escuro como antigamente, não tinha a falta de circulação de ar, e o mais importante; não tinha nenhum sinal de cobras. Ok, está tudo bem, Ashley.

Haviam dois capangas com capuz nos rostos em cada extremo do porão, e Camila estava ali, sentada em uma cadeira no meio, com a postura ansiosa, olhando para todos os cantos desconfiada. E no momento em que seu olhar bateu no meu, ela se levantou, já avançando alguns passos que foram interrompidos pelos homens. Não que ela estivesse na intenção de me dar um soco ou algo do tipo, porque a forma que me olhava não demonstrava isso, mas não podíamos arriscar.

- Onde está meu pai? - Perguntei, para ignorar o olhar quase que frustrado que ela me jogou de cima abaixo, como se agora sim estivesse me reconhecendo pelo o que eu era.

- Já está chegando. - Um deles respondeu com prontidão, e eu assenti. Quanto tempo teria que ficar aqui?

Lake KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora