48. Halsey na Ashley.

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Camila Cabello's point of view.

Quando puxei o gatilho, a única coisa que se passava na minha cabeça era o olhar de desespero e os gritos agonizantes de Sandro. Ashley simplesmente saiu depois disso, deixando a família ali, com tiros na cabeça, esparramados sobre o chão, que tinha uma grande poça de sangue.

Ela não tinha nenhum traço de arrependimento, e quando eu saí da casa, completamente atordoada, com a frase "não se importe com isso, seus filhos vão morrer depois" passando na minha cabeça, eu a encontrei escorada no carro, limpando calmamente o sangue dos braços. Como ela conseguia ver tão fria?

- Você não precisava matar as crianças. - Disse assim que me aproximei o suficiente, guardando a arma na minha cintura.

Ashley ergueu seu olhar até mim, e eu só consegui ver uma pessoa completamente diferente da qual eu costumava conviver em Beaufort. Mas elas não era diferentes, Halsey só era uma versão limitada da Ashley.

- Se eu não as matassem, elas cresceriam querendo acabar com quem matou os pais, e não iriam parar até serem um problema pra mim. - Ela disse, se desescorando do carro para guardar o pano. - Eu teria que matá-las lá na frente de qualquer forma, ou elas iriam me matar.

- Meu Deus, como você consegue ser tão fria assim? - Fiz a pergunta, e Ashley afundou as mãos nos bolsos da calça jeans depois de dar de ombros, exatamente como Lauren fazia.

- Se ser fria me deixa realizar meu trabalho e conseguir dormir tranquila a noite, não me importo de ser. Eu preciso ser, caso contrário, já teria me atirado de algum prédio. - Ela se aproximou dois passos. - Não se culpe por isso também, Camila, você fez o que tinha que fazer. É isso que fazemos todos os dias, e se você não aprender a pensar apenas no seu próprio bem, não irá sobreviver. Se você não o matasse, papà teria que acabar com você por ter estado tão próximos de nós. Se eu não os matasse, alguém viria atrás de mim no futuro. Fizemos o que tínhamos que fazer hoje.

Aquele era um pensamento frio, mas realista, se analisar dessa forma. Talvez Ashley tivesse razão.

- E agora? - Perguntei, cruzando meus braços por pura mania, não insistência. - Existem mais testes de lealdade?

- Não... você puxou o gatilho. Seja bem vinda à família, Cabello. - Ashley abriu um sorriso pra mim, aquele que eu costumava ver em Beaufort, e como sempre, meu sorriso surgiu no canto dos lábios. - Espero que ainda esteja afim disso.

- Está brincando? Já cheguei muito longe para desistir. - Disse com convicção, estendendo a destra pra ela. - Parceiras de novo?

- Sempre gostei dessa sua atitude. - Ashley apertou minha mão, com o semblante completamente despido da firmeza. - Parceiras de novo!

- O que eu devo fazer agora? - Perguntei após desfazermos o ato.

- Papà vai te estipular uma função aqui dentro depois que encerramos tudo em Beaufort. Você já sabe, na verdade, mas vai te dar mais detalhes do que precisa ser feito. - Eu assenti. Ainda tinha o som do corpo das crianças colidindo com o chão de madeira na minha cabeça, e não acho que vou conseguir tira-lo tão cedo, mas como Ashley disse, era o que precisava ser feito. E pensando com a cabeça dela, não foi eu quem matei os meninos, afinal. - Mas eu tenho que te perguntar, Camila... quais foram seus reais motivos para querer isso? Digo, mudar de time assim de repente.

- Não foi completamente de repente... - comecei a responder enquanto adentravamos o carro a sugestão dela. - Você sabia que eu não tinha vida praticamente antes de Lauren chegar, vivia em uma rotina insuportável, mas que eu não queria largar. Realmente achava vocês duas, no papel de Irmãs Sicilianas os seres humanos mais detestáveis do mundo, mas isso foi antes de entender que, na verdade, vocês só faziam a justiça que ninguém mais faz. E o que não fizeram por mim, também.

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