Sexta-feira fria, dia 20 de outubro de 2009, auge do outono que anunciava que o inverno que viria prometia ser cruel. Olhei o meu rádio relógio, sim ainda tinha um desses, e vi a hora, 07h15min eu estava incrivelmente atrasada para o trabalho. Não podia perder aquele trabalho, dependia dele para pagar a bolsa parcial da faculdade. Levantei da cama assustada.
Ashley - Porra Ashley, tá atrasada de novo!
Resmunguei sozinha, tomei banho numa velocidade recorde, enquanto fazia isso pensava no tempo que o despertador estava tocando na tentativa de me acordar, meia hora deveria ser tempo suficiente pra alguém acordar, mas não pra mim, Ashley Hudson Cooper. Fiz uma nota mental pra mim mesma, deveria trocar a melodia do despertador. Me vesti, e saí de casa sem nem comer, estava atrasada e estressada demais para pensar em comer. Peguei minhas bolsas e segui para a estação de trem. No meio do caminho ouvi gracinhas de alguns vizinhos, todo dia era a mesma coisa, estava fatigada da situação, só pensava em terminar minha faculdade e me mudar para um lugar melhor, definitivamente o Brooklyn já havia dado tudo que tinha que dar para mim.
Sentia saudade da minha vida em San Diego, Califórnia. Saudade da minha família, amigos, do meu sossego. Caminhava chutando algumas pedras do caminho suspirando pesadamente, definitivamente precisava de descanso. Entrei na estação de trem, comprei os tickets e fui me sentar em um dos bancos para esperar o trem, rezando para que esse não demorasse. Minutos depois de eu chegar, só pensava no meu atraso, agradecia por ter um cúmplice que me dava cobertura quando isso acontecia. Dois atrasos em uma semana, eu estava na corda bamba, a distância do trabalho também não ajudava. A vida estava me cobrava demais, ou talvez eu exigisse mais do que podia dar de mim mesma. Não havia muito que eu pudesse fazer a não ser esperar o maldito trem, então peguei meu MP3 dentro da bolsa, coloquei meus fones de ouvido e comecei cantarolar baixo Right Round do Flo Rida.
Ashley – “You spin my head right round, right round/ When you go down, when you go down down”
Estava tão cansada que não vi que um rapaz havia se sentado ao meu lado, só o notei quando ele me perguntou as horas. Ele usava uma touca vermelha e mantinha a cabeça baixa, ele fumava um cigarro, parecia tão cansado quanto eu, talvez até mais. Quis falar com ele, mas fiquei com medo de ser mal interpretada, talvez estivesse com necessidade de desabafar, e não sei ao certo porque, mas ele me parecia a pessoa exata para isso.
Ashley - São 07h55min.
(POV Bruno) Estava indo para a gravadora ver se tinha surgido algum trabalho pra mim. Estava sendo difícil, meses na tentativa e nada, pensava até em lagar todo e voltar pro meu Havaí. Eu era um cantor, multi-instrumentista, compositor, música era a única coisa que eu sabia fazer, e as pessoas diziam que eu fazia isso bem, então porque raios nunca tinha nenhum trabalho pra mim?! Como eu queria ter reconhecimento em meu trabalho.
Entrei na estação de trem e fui me sentar, estava em um mundo só meu, estava atordoado com minha situação financeira e profissional. Estava tão cansado que não notei que havia alguém ao meu lado. Só notei sua presença quando ela começou a cantar e eu percebi que era uma música minha, eu havia escrito aquela música. Levantei meu olhar discretamente para observar quem cantava, vi uma garota que parecia tão cansada quanto eu. Ela era bem bonita, estava vestida de couro e ouro, usava um nike high top vermelho que contrastava com sua roupa escura. Tentei puxar papo com ela.
-“You spin my head right round, right round/ When you go down, when you go down down”
-Você poderia me informar as horas?
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Somewhere in Brooklyn
RomanceAshley, uma bela moça de 21 anos natural de San Diego/CA e vive em Nova York onde estuda e trabalha em uma rádio. Tem dois amigos inseparáveis, Alex e Sandy que trabalham junto com ela. Ela é descrente no amor, acha que nunca encontrará alguém que a...