Capítulo 94

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(POV Bruno) Os dias se passaram e após algumas semanas sem que eu tivesse notícias de Ash, fiquei com a certeza de que ela não voltaria mais. Eu liguei, porém só dava caixa postal, tentei e-mail, sms, e até tentei contato por meio de redes sociais, mas Ash me ignorava como se eu fosse a escória da humanidade. E talvez eu realmente fosse isso, depois do que eu fiz, eu sabia que não tinha o direito de participar da sua vida e estava aprendendo isso da forma mais difícil. Eu segui minha vida, mas não pensar nela, não desejar saber dela, se uma obsessão.

Fui para a casa da minha mãe para pensar um pouco menos na Ash e tomar decisões importantes sobre o que fazer a partir dali. Em uma tarde chuvosa, atípica no Havaí, me distraí olhando para o tempo, o céu estava cinza, as palmeiras sacudiam fortemente, lembrei do quanto Ash amava a chuva e da beleza que ela sempre via no tempo chuvoso. Me sentei na varanda para fumar, me encostei na parede, a água da chuva gotejava contra meu corpo, o vento era frio e zumbia contra meus ouvidos, mas não me importei, eu não ficaria doente por tão pouco e qualquer dor física não seria maior que a minha dor emocional. Estava perdida em meio a pensamentos, quando Presley chegou perto de mim e puxou assunto.

Presley – O que você tá fazendo aqui? – Se encolheu de frio.

Bruno – Pensando! – Dei o último trago no cigarro e o joguei na grama molhada.

Presley – Pensando nela? – Me abraçou.

Bruno – E tem como não pensar? – A olhei.

Presley – Olha, – Respirou fundo. – Esses dias ela se comunicou com a Tiara.

Bruno – Uhum... – Desdenhei achando que não fosse verdade. – Sem brincadeira!

Presley se levantou do meu lado me chamando com um gesto de mão para que eu a seguisse. Fomos até o quarto dela, ela ligou o computador e abriu o e-mail para que eu visse. Me sentei em frente ao computador e minha irmã saiu do quarto para que tivesse um pouco de privacidade. Comecei a ler o e-mail e me peguei ansioso, com as mãos suando. Li tudo com a atenção que eu jamais tive para computadores e tecnologia. Ao ler que ela estava bem, me senti aliviado, entretanto ao ver que ela queria que todos soubessem dela, menos eu, meu coração se angustiou, como se um punho de aço o tivesse apertado. Eu havia a magoado profundamente e ela deu cabo de nós, agora somente um milagre poderia reverter a situação e trazê-la de volta pra mim. Eu queria acreditar nesse milagre, mesmo sendo difícil, eu esperava tê-la de em meus braços mais uma vez. Só depois de perder a mulher que me fez acreditar no amor, percebi que além da namorada e melhor amiga, eu perdi parte de mim. Li e reli aquele e-mail inúmeras vezes, me sentindo "feliz" por saber que a Ash estava bem, mas perceber que ela havia me excluído de sua vida, doía muito.

Presley – Desculpa não ter te mostrado o e-mail antes. Eu havia prometido não falar nada. – Justificou seu silêncio.

Bruno – Tudo bem. – Sussurrei. – De qualquer jeito, ela não quer saber de mim e nem quer que eu saiba dela. Tenho que me acostumar que já não faço parte de sua vida! – Falei saindo do quarto.

Presley – Eu queria te deixa tranquilo, mas te deixei pior. – Se lamentou achando que eu não ouviria.

Fui para o meu quarto, e sem saber o que eu estava fazendo, comecei a juntar minhas coisas. Ela queria que eu a esquecesse, isso era impossível, era a tarefa mais difícil que eu faria, mas eu tentaria. Ash precisava de um espaço e eu não poderia negar nada a ela, por mais que isso me machucasse, eu a daria todo o espaço que ela precisasse.

Após ler aquele e-mail, me foquei em meu trabalho, me transformei em um workaholic. Eu ia do estúdio pra casa e de casa para o estúdio, minha rotina se resumiu em tocar, compor, produzir, cantar... O que não tivesse a ver com o trabalho, não me interessava. Procurei manter a cabeça cheia para não pensar em Ashley e conseguia fazer isso durante o dia, porém quando a noite chegava trazia consigo todas as lembranças da minha Little Miss Perfect. Às vezes eu enchia o copo para não pensar em minha solidão. O trabalho passou a ser minha válvula de escape para não me deprimir e extravasar meus sentimentos.

Somewhere in BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora