Na véspera de natal, minha casa amanheceu em festa. Pela manhã, fui à feira com Sarah, compramos frutas, legumes e verduras para a ceia. Minha amiga ficou assustada com a quantidade de feiras ao ar livre que existiam no Rio de Janeiro, lhe contei que isso era corriqueiro em boa parte do Brasil e ela ficou impressionada, pois nos Estados Unidos era difícil encontrar essas feiras.
Lola e Sarah me ajudaram a preparar doces, saladas e diversas coisas que nos levaríamos para a casa da minha avó, mais tarde. Meu apetite, que era digno de um rinoceronte, me fez devorar boa parte do que havia sido preparado e devido a isso tivemos que preparar tudo novamente. Fizemos isso com animação. Acho que Sarah e Lola só perdoaram minha comilança por eu estar grávida, um dos pontos positivos de carregar um bebê dentro de mim.
O natal sempre foi uma data mágica para mim, e esse ano seria ainda mais especial por causa da minha gestação. Minha princesa havia trazido mais sentido a tudo, inclusive à minha própria vida. Agora eu sabia o verdadeiro significado da palavra amor. Esse natal seria o mais especial, porém faltaria algo, pois apesar da felicidade de carregar um bebê, eu estaria longe do meu amor. Eu sabia que deveria esquecer Bruno, e estava me esforçando para isso até estava me permitindo conhecer pessoas nova e me envolvi com Leo. Mas vai convencer o coração de que não se deve amar alguém!
Durante a tarde, conversei com Sandy, eu sentia tanta falta de minha amiga, queria poder passar horas conversando com ela. Os momentos em que podíamos conversar haviam se tornado tão difíceis que a cada vez que nos falávamos, o tempo parecia curto para colocarmos todos os assuntos em dia.
Sandy – O Alex tem falado muito em você. – Pausa. – Ele até comprou seu presente de natal.
Ashley – Presente de natal? – Perguntei sorrindo. – Mas nem sabemos quando iremos nos ver! – Entristeci com a última frase.
Sandy – Eu disse isso, mas ele disse que iria comprar e te enviar depois.
Ashley – Vocês são incríveis! – Forcei um sorriso embora o saudosismo me trouxesse certa tristeza. – Como vai ser o seu natal?
Sandy – Vou passar o natal com a família do Alex. A mãe dele me chamou para ficar com eles! – Seus olhos brilharam e me fizeram ter vontade de atravessar a tela do computador para abraça-la.
Ashley – Eu fico tão feliz em ver vocês juntos!
Sandy – Eu sei que um dia você viverá algo assim.
Ashley – Você sonha demais!
Sandy – Talvez seja você que deva se proibir menos! – Arqueou uma das sobrancelhas.
Sandy sempre foi a amiga que me incentivava a sonhar. A vida havia me tornado desmotivada, mas minha amiga me ajudava a acreditar nas possibilidades. Em todas minhas crises de depressão, ela esteve do meu lado, assim como nos momentos de alegria. A cada vez que eu conversava com Sandy, ela me fazia ver que em tudo, sempre, há dois lados – nós só temos que escolher o lado certo.
Por volta das 17h, eu comecei a me arrumar para ir à casa da minha vó. Havia uma ocasião, apenas, em que eu usava roupas vermelhas por livre e espontânea vontade, essa ocasião era o natal. Peguei um maxi-vestido vermelho, ajustado até a cintura, com recortes laterais na altura das costelas. Deixei os cabelos naturais e fiz uma maquiagem leve. Me arrumei em frente ao espelho, eu olhava o meu reflexo e pensava em tudo que havia mudado em mim e me perguntava se algo ainda iria mudar. Eu esperava que qualquer mudança fosse pra melhor.
Ao chegar na casa da minha avó, fui recebida por minha mãe, que contava alegremente para o irmão que eu seria mãe. Meu tio e sua esposa ficaram surpresos ao ver o tamanho da minha barriga, me felicitaram e perguntaram diversas coisas sobre minha gestação. A cada pessoa que descobria a minha gravidez, os questionamentos se repetiam.
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Somewhere in Brooklyn
Roman d'amourAshley, uma bela moça de 21 anos natural de San Diego/CA e vive em Nova York onde estuda e trabalha em uma rádio. Tem dois amigos inseparáveis, Alex e Sandy que trabalham junto com ela. Ela é descrente no amor, acha que nunca encontrará alguém que a...