Capítulo 75

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Eu acabava de receber uma proposta de emprego em Los Angeles, era a desculpa perfeita para ir morar com Bruno, porém ao mesmo tempo eu tinha medo de ir pra lá e encarar um mundo novo. Lucy Lancaster, como e onde ela havia conseguido meu e-mail? Será que a proposta era verdadeira? Eu estava confusa, precisava checar as informações que eu havia recebido. Paguei minha conta e comprei mais dois cupcakes pra viagem, saí da cafeteria apressada pra chegar em casa.

Ao chegar em casa verifiquei o identificador de chamadas e vi que Bruno havia me ligado três vezes, na mesma hora retornei a ligação. Em poucos minutos ele atendeu e eu me senti fraca, sua ausência me quebrava pouco a pouco, eu precisava estar ao lado dele – por ele e por mim, mas precisava refletir sobre minhas decisões.

Bruno – Amor! Sinto sua falta! – Falou entristecido.

Ashley – Eu também! – Suspirei me jogando no sofá.

Bruno – Acho que esses dias que passamos juntos me deixou mal acostumado, essa cama é muito grande pra eu dormir sozinho. – Suspirou alto, eu sabia que ele estava inquieto. – Vem logo pra cá e desiste de procurar emprego aí! Seu lugar é do meu lado...

Ashley – Bru... – Fiquei tentada a dizer que eu havia recebido uma proposta de trabalho em Los Angeles, mas eu precisava ter certeza daquilo e principalmente certeza da minha decisão. – Eu também quero estar com você, você não sabe o quanto, – Passei a mão pelo rosto. – mas me deixa errar, preciso tentar pra ter certeza do que quero.

Bruno – Eu sei que to sendo chato insistindo tanto, mas eu preciso de você muito mais do que posso dizer. – Sua respiração se acelerou.

Ashley – Amor eu também preciso de você, – Uma lágrima rolou pela minha face. – Logo tudo se ajeitará, eu confio em você e sei que nosso amor vai nos unir independente do que aconteça!

Bruno – Juntos somos mais fortes. – Pude ouvir sua respiração se normalizando. – Hoje mais cedo participei de uma entrevista pra um programa da MTV e diversas vezes falei de você! – Sorriu fraco. – As pessoas da equipe ficaram curiosos pra te conhecer.

Ashley – Falou o que? Haviam muitas mulheres nessa equipe? – Demonstrei minha curiosidade.

Bruno – Somente duas, Sarah Carter – a entrevistadora –, e Lucy Lancaster – a diretora da equipe.

Ao ouvir o nome da mulher que havia me mandado o e-mail, mais cedo, fiquei alerta, ela conhecia Bruno e provavelmente sabia que eu era a namorada dele. Eu precisava saber como ela havia conseguido o meu e-mail e o porque do interesse em mim.

Bruno – Amor? Ta aí? – Me chamou dissipando meus pensamentos.

Ashley – To sim, só estava ouvindo sua respiração. – Mordi os lábios envergonhada. – Amor, hoje fui procurar emprego e acabei de chegar em casa, preciso de um banho.

Bruno – Mais tarde eu te ligo então. Te amo e se cuida, queria fazer isso, mas de longe não dá!

Ashley – O mesmo serve pra você. Até breve!

Desliguei o telefone apreensiva, não sabia de onde havia surgido a ansiedade súbita que se apoderou de mim. A falta de Bruno e as preocupações do dia a dia estavam me esgotando, abismo em meu peito. Eu nunca imaginaria que seria dependente de um namorado, tanto quanto precisava dele, não sabia que o amor poderia fazer isso comigo. Enquanto a água do chuveiro escorria pelo meu corpo eu pensava nos momentos vividos no Havaí e me sentia amada, ser aceita pela família do Bruno me deixava contente e tranquila.

Me encolhi no sofá da sala envolvendo meu corpo no edredom, estava quase dormindo quando um barulho de alguma motocicleta me acordou. Resmunguei sozinha e liguei a televisão, a cada vez que eu ouvia barulhos de motores me assustava – John tinha uma moto e só de ouvir seu barulho me sentia acuada, lembranças desagradáveis me vinham a cabeça e o tremor se espalhava por meu corpo sem que eu pudesse reprimir. Eu tentava espantar os pensamentos ruins, mas eles vinham como avalanches. Por diversas vezes, principalmente nas vezes em que eu tentei terminar com John, ele apareceu aqui com sua Harley Davidson nigth train, vermelho sangue – eu não podia ver motos iguais a essa que me escondia, eu vivia apavorada e parte desse temor ainda existia dentro de mim.

Somewhere in BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora