Somewhere in Brooklyn

Capítulo 102

O show no Rio de Janeiro havia sido incrível, o público foi caloroso e cantou as músicas do começo ao fim do show. Embora eu não estivesse mais com Bruno, mesmo com o nosso relacionamento tendo fracassado, ver seu sucesso profissional me deixava feliz. Cantei e dancei junto com os hooligans, eu estava no canto do palco trabalhando e me divertindo ao mesmo tempo. Fazia tempo que eu não me divertia assim durante o trabalho, foi muito bom poder rever os caras no palco e ver o quanto eles haviam amadurecido profissionalmente – porém continuavam sendo os mesmos garotos brincalhões de sempre.

Quando o show terminou, os caras foram direto para o hotel, e depois iriam procurar alguma boate para se divertir –com exceção de Bruno, Eric e Ryan que ficaram comigo, Lola e Sarah. Eles iriam para a minha casa, diziam ter uma surpresa pra mim, mas eu desconfiava que a surpresa fosse pra Kayla.

Sarah e eu terminamos nosso trabalho, juntamos nossas coisas e fomos para casa. Já era madrugada, porém o transito era intenso, acho que isso era devido ao festival. Estávamos na van da equipe indo para a minha casa, eu estava encolhida em meu canto, com a cabeça encostada na janela –, eu cochilava enquanto todos conversavam a minha volta. Dormi boa parte do trajeto, só acordei quando estávamos a uma quadra de distância do prédio onde eu morava. Senti um cheiro familiar e só então me dei conta que eu estava com a cabeça no ombro de Bruno, ao perceber isso, me afastei rapidamente antes que alguém visse aquela cena.

Ao entrar em casa, me deparei com minha avó arrumando a mesa de jantas que ficava na sala de estar. Vovó colocava alguns pratos, talheres e copos sobre a mesa, ela cantarolava alegremente e parecia não se importar com todos que viam a cena.

Ashley – Leninha! – Abracei minha avó e beijei seu rosto. – Gente essa é minha avó, a dona Helena.

Helena – Sem essa de dona! – Fez charme e colocou as mãos na cintura. – Ainda sou um broto legal pra me chamarem de dona.

Lois – Vovó, menos. – Cochichou em seu ouvido. – Tem gente vendo!

Helena – É bom que vejam o quanto estou em forma!

Todos riram das gracinhas de minha avó que sorriu e abraçou cada um, como se os conhecesse há anos. O jeitão descontraído da minha avó, sempre nos redeu bons momentos, e agora parecia ser um deles.

Os meninos logo se acomodaram na sala, antes mesmo de eu pudesse dizer para eles ficarem à vontade. Intimidade é uma bosta! Bruno e Ryan falavam sobre o show, e Eric falava ao telefone com sua mulher enquanto Lola ajudava a vovó a colocar nosso lanche sobre a mesa.

Aproveitei que todos estavam distraídos com alguma coisa e fui tomar banho, foi um banho rápido, apenas para tirar o suor do corpo e poder colocar uma roupa mais confortável. Enquanto a água corria em meu corpo, eu lembrava da noite anterior – lembrava do toque delicado dos dedos de Bruno sobre meu ventre e refazia o mesmo caminho com os meus próprios dedos. A noite anterior foi surpreendente, eu esperava a discussão com Bruno, porém não esperava que após o nosso desentendimento, ele seria tão carinhoso. Eu queria odiá-lo, mas eu o amava e a noite anterior me fez perceber que o Peter era o melhor pai que minha filha poderia ter.

Quando eu estava no quarto, me vestindo, Lola entrou no cômodo e me contou que vovó havia perguntado sobre os "três rapazes bonitos" que estavam na sala, e ela respondeu que Ryan era seu namorado, os outros dois rapazes trabalhavam junto com ele e eram nossos amigos. Vovó sempre fora curiosa, gostava de saber o que acontecia a sua volta, sabia que ela perguntaria sobre os três. Lola ficou mais alguns minutos no quarto e depois saiu. Aproveitei que estava sozinha e me vesti rapidamente, coloquei uma blusa de flanela cinza, com duas cruzes pretas na frente, e vesti um short de moletom da mesma cor. O short ficou curto, pois meus quadris estavam muito largos por conta da gestação. Eu estava sem roupas que coubessem em mim, isso era frustrante, mas, pela minha filha, isso valia a pena.