Capítulo 90

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Voltamos para Los Angeles, dois dias após o ocorrido entre Ash e John. Como o combinado, Alex não contou a ninguém o que havia acontecido na casa de John, aquele era um segredo só nosso - Alex também tinha vontade de espancar aquele desgraçado, porém nunca teve oportunidade, e acabou sendo meu "cumplice". Sandy estava me ajudado a manter a confusão escondida das demais pessoas, não precisávamos de mais pessoas se preocupando e deixando minha garota mais nervosa.

Não havíamos levado Ashley ao pronto socorro, ela havia pedido - quase implorado - isso, mesmo nos custando muito, não a levamos. Tiara levou uma enfermeira até a casa de Sandy, ela a examinou e nos deixou aliviados ao dizer que as feridas que estampavam o corpo de Ash eram superficiais. A enfermeira pediu para que minha garota fizesse refeições mais balanceadas e exercícios físicos, eu me asseguraria de que ela faria o que havia sido recomendado.

Fiquei a semana inteira sem trabalhar, não havia ido para o estúdio para poder cuidar da minha garota. Cuidei de sua alimentação, a fiz comer mais frutas e verduras, proibi refrigerante e qualquer alimento industrializado, durante aqueles dias. Também a ajudei com os exercícios físicos, natação, caminhada e até fizemos musculação. Eu estava fazendo de tudo para ver minha mulher bem, saudável. O emocional ainda estava abalado, mas não era nada preocupante, ela estava bem, muito bem pra quem havia sido agredida a poucos dias. Ela estava mais disposta, e aos poucos se voltava a ser a mulher com quem eu havia decidido dividir minha vida.

No dia do meu aniversário, eu decidi ir para o estúdio, durante a manhã. Como eu havia ficado vários dias em casa, o trabalho estava acumulado e eu pretendia adiantar a maioria das coisas que eu havia deixado de fazer. Eu estava sozinho, não havia dito para os caras que eu estava no estúdio, eu queria ficar sozinho com meus instrumentos. Finalizei alguns arranjos, criei algumas melodias, anotei o que precisava ser ajustado. Adiantei boa parte do que estava atrasado, e fiquei mais alguns minutos aproveitando meu momento com os instrumentos.

Meu telefone tocou, ao olhar pro visor, vi o nome do meu irmão escrito. Atendi prontamente, deixando minha guitarra de lado.

Bruno – Fala bro!

Eric – Bruno, estamos indo pra sua casa! – Anunciou sem fazer cerimônia.

Bruno – Tá bem. - Peguei as chaves do carro. – A Ash tá em casa, devo chegar em uns vinte minutos.

Eric – Você tá onde? - Falou alguma coisa com sua esposa. – As meninas, a mamãe e o papai também estão indo pra lá.

Bruno – Tô no estúdio. Vim espairecer um pouco. – Suspirei. – Os últimos dias foram caóticos, muita coisa aconteceu.

Eric – Eu sei que tem sido difícil, mas estamos com vocês.

Bruno – Eu sei. – Respirei pesadamente. – Sei que posso contar com vocês, mas tem coisas que somente eu posso resolver.

Eric – Mas é sempre bom desabafar. Guardar as coisas só pra você, não vai te fazer bem.

Bruno – Valeu. Enfim... – Tranquei a porta do estúdio e fui para garagem. – Tô indo pra casa. Você provavelmente vai chegar antes de mim. Fica à vontade, só tente não incomodar a Ash, ela tem andado meio sensível desde o que aconteceu.

Eric – Pode deixar. A mamãe disse que vai ficar tomando conta dela enquanto a gente faz a nossa bagunça.

Bruno – Valeu, cara. – Entrei no carro. – Até daqui a pouco.

Eric – Até logo.

Desliguei o telefone e liguei o carro. Dirigi pelo caminho mais longo, e aproveitei a distância para pensar, coisa que eu estava fazendo muito nos últimos dias. Eu estava mais cauteloso com a segurança de Ash, evitava deixa-la sozinha ao máximo - quando eu precisava sair para cumprir compromissos da agenda, eu pedia para Jaime, Ryan ou Lola ficar com ela. Os pais da Ashley não sabiam o que havia acontecido com ela em Nova York, Lola não contou a eles para evitar maiores aborrecimentos e confusões.

Somewhere in BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora