No dia em que eu descobriria o sexo do meu bebê, acordei com um leve mal estar devido ao calor excessivo. Era um sábado calorento, nem o banho frio – que eu acabava de tomar – havia aliviado a sensação térmica. Eu estava apenas de lingerie, me olhava no espelho apreciando o ventre dilatado, eu me sentia gorda e inchada, mas ao mesmo tempo eu me embasbacava por estar carregando um filho ou filha. Estava tão bem, tão em paz, apesar de tudo. Eu amava tanto a criança que eu carregava que eu não compreendia, era o maior amor que eu já havia sentido, entretanto esse amor era por um alguém que eu nunca tinha visto. Amor de mãe é algo tão confuso e belo!
Vesti uma maxi saia azul com estampa floral e uma regata verde-água e sandálias fio-dental com pedraria. Penteei os cabelos e os deixei naturais. Peguei uma bolsa e fui pra sala, onde minha mãe e minha irmã me esperavam inquietas. Passamos na casa da minha avó para busca-la para ir no consultório conosco.Chegamos no consultório médico na hora marcada e esperamos poucos minutos até que eu fosse atendida. Aquela seria a primeira vez que alguém da minha família veria meu bebê. Eu estava deitada na maca enquanto a obstetra, Geisa, espalhava o gel gelado em meu ventre. Conforme ela passava o aparelho em minha barriga, a apreensão aumentava. Minha mãe sorria emocionada, eu podia ver seus olhos marejados, minha avó não tirava os olhos do monitor onde meu bebê era mostrado, e Lola filmava tudo, ela dizia estar preparando um "diário" da minha gestação. Eu estava tão ansiosa, e isso aumentava a cada consulta que eu fazia.
Geisa – Alguém tem algum palpite quanto o sexo do bebê? – A obstetra nos olhou afetuosamente.
Helena É uma menina! – Falou convicta.
Paola – Não faço a menor ideia.
Ashley – Diz logo para acabar com a apreensão! – Disse nervosa.
Geisa – É uma forte, saudável e agitada menina.
Quando, por fim, descobrimos o sexo do meu bebê, fizemos uma festa. Eu sorria e chorava ao mesmo tempo. Minha avó sorria dizia "eu sempre que esse bebê era uma menina. Minha intuição nunca falha!". Eu estava tão feliz, eu carregava uma pequena princesa dentro de mim, e naquele momento, somente coisas boas me vieram a mente, inclusive em relação a Bruno. Queria ter ele ali, queria que ainda fossemos um casal, embora eu soubesse que isso não voltaria acontecer.
Assim que a consulta foi finalizada, liguei para casa e avisei a novidade; Sarah, meu pai e meu irmão comemoravam a notícia com alegria. A empolgação deles me fez sorrir, ainda mais. Aquela começou com o pé direito.
Antes de ir para casa, resolvi dar uma passada na praia, minha irmã foi comigo para fotografar-me, ela estava levando a sério a história de registrar todos os momentos da minha gravidez. Estávamos tão felizes e brincávamos como duas crianças, sorríamos e gargalhávamos sem nenhum motivo aparente. Os raios solares esquentavam minha pele e como se fosse mágica, eu sentia vida dentro de mim. Lola me fotografava com o seu celular, me fotografou de todas formas possíveis e a fotos ficaram incríveis, nem pareciam ter sido tiradas com câmera de telefone. Me sentei na areia e Lola se deitou apoiando a cabeça em meu colo, parecia cansada como eu, porém continuava falante. Ela me contou tudo o que aconteceu desde que eu havia me mudado para o Brasil.
Após entrar no mar e dar um mergulho, voltei a me sentar ao lado de Lola. Estávamos comentando sobre a praia e a comparávamos a Califórnia, haviam muitas diferenças e semelhanças, em San Diego não haviam tantos comércios na orla da praia, nem em Los Angeles. Eu olhava minha irmã com saudosismo, eu não sabia se ela havia mudado ou se eu havia mudado tanto ao ponto de enxergar coisas que eu não conseguia ver antes.
Lois – Quando você volta pra casa? – Deitou sua cabeça em meu ombro.
Ashley – Agora mina casa é aqui, no Brasil. – Sorri sinceramente. – Eu estou tendo uma gravidez tranquila, se eu tivesse na Califórnia isso não estaria acontecendo.
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Somewhere in Brooklyn
RomanceAshley, uma bela moça de 21 anos natural de San Diego/CA e vive em Nova York onde estuda e trabalha em uma rádio. Tem dois amigos inseparáveis, Alex e Sandy que trabalham junto com ela. Ela é descrente no amor, acha que nunca encontrará alguém que a...