Desliguei o telefone, enraivecida e frustrada, havia perdido o emprego e o namorado e meu emocional – constantemente instável – estava completamente abalado.
Ao chegar em casa tentei relaxar, pensar menos nos últimos acontecimentos, não obtive sucesso nisso. Eu me perguntava porque estava acontecendo tudo isso comigo. Minha vida havia virado de cabeça pra baixo e eu ainda tentava assimilar os últimos fatos. Eu me aninhava em minha cama abraçada ao meu travesseiro, minha cabeça latejava e meu coração se despedaçava. Meu único desejo era ficar sozinha, quietinha no meu canto e curtir minha solidão. Adormeci em meio ao caos de minha mente, só acordei horas depois com Sandy batendo na porta do meu quarto. Me levantei lentamente e fui atende-la, minha amiga não disse nada ao me ver, apenar me abraçou e isso foi o suficiente para minhas lágrimas rolarem livremente. Chorei abraçada a ela no meio do quarto, sentia seus afagos em minhas costas, seu abraço era confortante. Novamente ela estava sendo meu porto seguro.
Sandy – Está melhor? – Perguntou se sentando na cama e eu imitei seu movimento.
Ashley – Sim. Mas ainda me sinto péssima...
Sandy – Isso é só uma fase e vai passar logo! – Beijou minha testa. – To fazendo jantar pra nós duas e não vem dizer que não ta com fome porque vai comer de qualquer jeito.
Ashley – Eu não quero. Meu querer não importa, não é? – Olhei para minha amiga que concordou com a cabeça. – Ok. – Bufei. – Primeiro vou tomar um banho.
Sandy – Ta bem. Quando tiver pronto eu te chamo e é melhor você ir ou vai se arrepender.
Ashley – Ok. – Revirei os olhos.
Sandy saiu do meu quarto me dando liberdade para que eu me organizasse mentalmente.
Nos dias que se seguiram eu passei a fazer qualquer coisa que me mantivesse com a mente ocupada. Eu arrumava a casa freneticamente, todos os cômodos estavam mais arrumados do que em todos os anos que eu estava morando ali. Eu ficava sozinha no meu mundinho vendo a vida passar, eu não tinha vontade de fazer nada. Sandy tentava me animar a cada dia, mas nem sempre tinha sucesso e ela sabia quando devia me deixar só e eu amava isso nela.
Outra vez a vida estava me mostrando o quão doloroso pode ser o viver. Eu estava mal e isso era visível em meu olhar, eu não tinha coragem pra fazer nada, não saia de casa e principalmente do meu quarto. Tantas coisas, ali, me lembravam o que eu queria esquecer, era como um círculo vicioso onde quanto mais se tenta esquecer mais se lembra. Nesses dias eu me mantive isolada, só falava com Sandy porque morávamos na mesma casa e ainda assim eu só falava o básico e necessário. Eu estava no escuro. Dez dias se passaram arrastando, eu cada vez mais me afundava e não me esforçava pra voltar à superfície. Eu via a dor nos olhos de Sandy, ela não suportava me ver desse jeito e tentava me animar à sua maneira, eu queria poder reagir, mas me faltavam forças.
Aproveitei que estava sozinha em casa e fui pra sala, ainda era cedo, o sol brilhava pintando o céu de laranja. Eu me distraía vendo a aurora quando ouvi batidas na porta, me levantei – de má vontade – e fui ver quem era, e pra minha surpresa era Tiara. Dei passagem e ela entrou, seu olhar era preocupado e amoroso.
Tiara – Droga! – Resmungou pensando que eu não fosse ouvir. – Vim em um mau momento?
Ashley – Não, to sozinha. – Falei me sentando no sofá.
Tiara – Se eu soubesse que você ta nesse estado eu teria vindo antes. – Falou com pesar. – Vou bater no Bruno, aquele idiota
Ashley – Já esqueci ele, ok? – Tentei desviar o assunto.
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Somewhere in Brooklyn
Roman d'amourAshley, uma bela moça de 21 anos natural de San Diego/CA e vive em Nova York onde estuda e trabalha em uma rádio. Tem dois amigos inseparáveis, Alex e Sandy que trabalham junto com ela. Ela é descrente no amor, acha que nunca encontrará alguém que a...