Capítulo 83

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Morar com Bruno não estava sendo tão "assustador" quanto eu achei que seria, para falar a verdade, estava sendo bem tranquilo. Aos poucos, minha vida estava entrando nos eixos, eu havia me habituado – com a ajuda de meu namorado – facilmente à rotina da casa; em dias alternados, Mandy ia até lá para arrumar, limpar e cozinhar, e nos outros dias eu fazia essas coisas. Todos os dias, nos finais de tarde, eu ia passear com Geronimo e aproveitava pra conhecer melhor o bairro onde eu estava morando, e algumas vezes Bruno acabava indo comigo.

Eu havia aceitado o emprego na MTV e em algumas semanas eu começaria a trabalhar na equipe de um dos programas da emissora. Bruno estava alegre com minha conquista, me apoiava e me encorajava quando preciso.

Em uma tarde de sexta-feira, eu havia decidido ir até a casa dos meus pais, queria passar algumas horas com eles e contar as novidades. Estava me arrumando no banheiro, enquanto Bruno dormia, tranquilamente, na cama, seu corpo estava esparramado com lençóis envoltos em suas pernas, seu respirar era calmo e profundo e seu rosto refletia a tranquilidade de seu sono. Volto ao banheiro, visto um short jeans com algumas franjas e uma bata vinho, penteei os cabelos vagarosamente, me olhando no espelho – eu estava diferente, eu me sentia feliz e pela primeira vez não estava com medo de viver minha felicidade. Voltei ao quarto e me deitei ao lado de Bruno o abraçando carinhosamente, dei alguns beijos em seu rosto até seus olhos se abrirem e encontrarem os meus.

Bruno – Como você consegue ser tão linda? – Perguntou acariciando meu rosto.

Ashley – Do mesmo jeito que você consegue ser. – Beijei a palma de sua mão que deslizava pelo meu rosto. – Vou na casa dos meus pais!

Bruno – Quer que eu vá com você? – Falou ainda sonolento.

Ashley – Não precisa, dorme mais um pouco! – Falei acariciando seus cabelos.

Bruno – Pega a chave do carro no bolso da minha camisa. – Apontou pra camisa na cadeira. – Qualquer coisa me liga!

Ashley – Ok. – Beijei seu rosto e me levantei. – Volto antes do jantar!

Peguei a chave do carro no bolso da camisa que estava nas costas da cadeira, assim como Bruno havia dito, olhei pra trás e vi meu namorado se ajeitar na cama, fechando os olhos em seguida.

Entrei no carro e dirigi em direção a São Francisco, relaxei enquanto dirigia. Escolhi fazer o caminho mais longo para poder passar pela orla da praia, eu revi minha infância e adolescência diante de meus olhos. Respirar o ar vindo diretamente da brisa do mar, estava me deixando mais calma e em paz. Liguei o rádio e coloquei um dos CDs que estavam no porta-luvas, Jason Mraz, as músicas se encaixavam perfeitamente ao local e momento.

Estacionei o carro em frente à casa de meus pai e notei tudo silencioso, olhei pela janela e vi meu pai sentado na sala, lendo alguma revista – sorri bobamente e me encaminhei a porta. Girei a maçaneta, com cautela, e adentrei a casa, fui até o local onde meu pai estava e o abracei afundando meu rosto em seu pescoço – naquele momento, voltei a me sentir como me sentia aos cinco anos de idade, uma menininha desfrutando o abraço de seu pai.

Michael – Filha! – Me olhou surpreso. – O que faz aqui? – Me abraçou apertado e deu um beijo em meu rosto. – Que surpresa!

Ashley – Bateu saudade da minha família e eu vim até aqui! – Sorri largamente.

Michael – Cadê as suas malas?

Ashley – Não trouxe nenhuma. – Sorri. – Tenho uma novidade, mas quero contar pra você, pra mãe e pra Lola, ao mesmo tempo. Cadê elas?

Michael – Lá em cima!

Dei outro beijo no rosto de meu pai e subi as escadas atrapalhadamente. Eu estava eufórica, queria contar tudo que estava acontecendo, queria compartilhar minha felicidade com minha família. Corri pelo corredor, exatamente como eu fazia quando era mais nova, eu estava ansiosa. Encontrei minha mãe no meu quarto, junto com minha irmã, entrei sorrateiramente e cruzei os braços em frente ao peito. Me encostei no batente da porta esperando que me vissem, ambas estavam de costas para a porta, Lola estava sentada em frente à mesa que ficava próximo a janela e minha mãe estava ao seu lado, pareciam planejar algo – vez ou outra minha mãe apontava algo no computador e elas riam juntas, eu havia sentido falta disso, sorri fraco e me aproximei das duas. No momento em que me viram elas sorriram e vieram ao meu encontro, me abraçando apertado. Assim como meu pai, elas também ficaram confusas com minha presença, lhes disse que queria contar uma novidade.

Somewhere in BrooklynOnde histórias criam vida. Descubra agora