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E havia chegado a hora de voltar para casa.

Casa.

Ully tinha definições diferentes para aquela palavra. Sua vida nunca foi do tipo fácil, não tinha uma boa relação com seu pai, havia perdido sua mãe e tudo que tinha de mais importante na sua vida, era sua irmã.

Musa era aquela que sempre esteve ao seu lado, em todos os momentos possíveis. Foi aquela que esteve lá quando ela deu seu primeiro beijo, foi aquela que cuidou de seu primeiro coração partido. Estava lá quando os momentos de felicidade pareciam insanos e quando tudo parecia ir por água baixo. Foi quem dividiu a dor da perda com ela, foi quem sempre fez de tudo pra vê-la bem.

Musa era a sua definição de casa desde que se entendia por gente. Aonde estava com sua irmã ao seu lado, era um lugar que podia se chamar de casa.

E para Ully, conhecer as pessoas que conheceu em Alfea, só fez com que todo o seu conceito de lar aumentasse. Se sentia em casa quando ouvia as piadas ruins de Terra, ou quando ela a fazia de cobaia fazendo penteados estranhos na amiga.

Se sentia em casa quando irritava Stella e via Bloom rir de toda situação. Se sentia em casa quando ouvia os sermões de Aisha, como uma mãe protetora e mandona.

Se sentia em casa quando passava horas na estufa de Harvey, enquanto Sam tentava a todo custo ajudá-la a ser menos estabanada com as plantas ou quando presenciava as falhas tentativas de Riven de ser uma pessoa carinhosa.

Se sentia em casa ouvindo a risada do - agora - namorado, vendo o por do sol ao seu lado ou tendo seus momentos interrompidos com alguma desculpinha esfarrada de Silva.

Se sentia em casa ao deitar na cama de noite e ver Musa a olhando, esperando ela contar como havia sido seu dia nas partes em que ela não presenciou.

Era inevitável negar que, Ully sentia-se pertencente a aquele lugar. Alfea era sua nova casa, e esse sentimento de família, sentimento de pertencer finalmente a algum lugar, fazia tudo valer a pena.

Fazia com que todas as encrecas, maluquices e situações perigosas em que ela havia se envolvido naquele ano, valessem a pena. Ully tinha em sua mente, em seu coração, a idéia de que não importasse o que acontecesse de ali em diante, ela sempre defenderia seus novos amigos. Sua nova casa.

•••

As malas do lado de fora e o carro preto esperando do outro lado do portão de Alfea fazia o coração das amigas murxarem tristes por terem que se separar, mesmo que fosse apenas por alguns dias.

Haviam se acostumado com a companhia uma da outra.

Ully se aproximou das melhores amigas, pronta pra se despedir. Se aproximou de Terra, a abraçando forte, como se a amiga fosse escapar a qualquer momento se diminuísse o aperto.

- Vou sentir saudades, Lily. - Mumurou a de cabelos claros, se afastando do abraço da amiga, que sorriu em sua direção.

- Não vai ter nem tempo de sentir minha falta, Terrinha. - Disse ela, colocando uma mão sobre o ombro da amiga.

Antes que alguma das duas pudessem falar mais alguma coisa, a figura loira as interrompeu, se colocando no meio das duas amigas e se virando para a fada da mente.

- Minha vez, Terra. - Disse Stella, colocando as duas mãos nos ombros de Ully, que arqueou as sobrancelhas. - Como eu sei que você gosta muito de abraços, eu posso te dar um, porque sou muito boazinha com as minhas amigas.

A de cabelos escuros riu, concordando com a cabeça.

- Aham, sim, você vai me abraçar porque eu gosto de abraços e não porque você quer me abraçar. - Respondeu Ully, irônica.

A fada da luz revirou os olhos e ignorando a fala da amiga, a abraçou, ato que logo foi retribuido pela outra.

- Me manda mensagem quando chegar em casa. - Stella disse, se afastando de Ully e sorrindo de lado.

A fada da mente concordou, se despedindo do resto das amigas em seguida. Aisha não disse muita coisa, apenas para ela não se meter em encrencas, já que ela não estaria lá pra tirar a amiga delas. Ully apenas concordou irônica, fazendo as amigas rirem.

Riven não apareceu mais depois de ter se despedido da amiga no quarto e agora faltava apenas Sam e Sky para se despedirem.

Ully então se aproximou do amigo, que estava ocupado demais com Musa e seus beijos. Rindo baixinho, ela cruzou os braços, pigarreando e fazendo o casal a olhar em seguida.

- Podem parar de quase se engolir um pouquinho? - Perguntou bem-humorada. Musa revirou os olhos, se distanciando do namorado e deixando um soco leve no braço da gêmea.

- Se despede logo, bobona. - Disse, lançando um último olhar para Sam, que sorriu como resposta. - Vou te esperar no carro.

A de cabelos escuros assentiu, vendo a irmã se distanciar e logo depois encarando o amigo a sua frente.

- É bom ver você... vivo? - Disse Ully, confusa com o que dizer. Não havia falado com Sam desde o ocorrido maluco em que ele fora atacado por um Queimado.

O garoto riu, arqueando as sobrancelhas.

- É, é bom estar vivo. - Respondeu ele, suspirando e sorrindo de lado. - Obrigado por ter me ajudado.

- Os amigos servem pra isso. - Sorriu a garota, esticando a mão fechada em frente ao corpo, esperando a fada da terra tocar seu punho como um toque, o que foi feito quase que de imediato.

- A gente se vê, cunhada. - Sam se despediu, fazendo a amiga rir.

- A gente se vê, Sam.

E se virando para ir finalmente para o carro aonde o motorista e a irmã a esperavam, viu Sky parado, esperando para se despedir também.

Ully andou até o mais alto, o abraçando e sorrindo curto em sua direção.

- Promete que vai me ligar sempre que puder? - Disse o loiro, passando as mãos na cintura da menor, que logo entrelaçou os braços no pescoço do loiro.

- Prometo, amor. - Respondeu, deixando um selar rápido nos lábios do namorado. - Não faz besteira, beleza? E qualquer coisa me manda mensagem.

- Você quem manda. - Respondeu brincando, colocando uma mecha do cabelo escuro da namorada atrás da orelha. - Eu te amo.

- Eu também, eu também.

- Podem parar de ficar com essa melosidade um pouquinho? - A voz de Musa os interrompeu, fazendo a gêmea revirar os olhos e Sky rir. - Vocês me deixam com diabetes, credo.

Ully logo se distanciou do namorado, deixando apenas um último beijo antes de se direcionar até o carro, sentando-se ao lado da irmã e acenando para os que ficariam ali.

- Pronta pra voltar pro lar, doce lar, irmãzinha? - Musa perguntou irônica, deitando a cabeça no ombro da de cabelos escuros.

- Com você eu estou sempre pronta pra qualquer coisa, Musa. - Respondeu a fada da mente, apoiando a cabeça na da irmã e sorrindo curto.

E lançando um último olhar para os portões de Alfea, Ully sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

O que nenhum dos adolescentes sabia era que tudo que passaram naquele ano que iria embora, não era nem um terço de tudo que ainda passariam no ano que viria a seguir.

••••••

revisado!
(11/06/2022)

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora