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As pessoas costumam dizer, que em algumas situações o nosso cérebro projeta um filme de nossas vidas, em nossas próprias mentes. Quando estamos em perigo ou prestes a morrer, alguns dizem: "vi toda a minha vida passando diante os meus olhos".

- Ah, meu Deus - a voz de Terra soou assustada.

O grupo de amigos se encontravam parados atrás de Bloom e Ully. A morte de Rosalind havia quebrado o feitiço que os impedia de seguir floresta adentro - a morte dela ou o poder que emanou tão forte da fada do fogo, que pôde ser sentido a quilômetros de distância. Não havia uma resposta muito certa.

- Meu Deus - repetiu a fada da Terra.

- Vocês estão bem? - Aisha parecia também nervosa, parando de frente a ruiva que tinha sua visão presa no corpo carbonizado da, agora, falecida diretora Rosalind.

Os olhos de Ully também estavam presos na cena, os minutos atrás parecendo apenas ter sido uma alucinação gigante. Seu corpo estava estático, enquanto sua mente girava e girava.

- Eu... - Bloom soltou o ar preso em seus pulmões cansados. - Estou. Quer dizer... precisava ser feito.

- Ah. Meu. Deus.

- Da pra parar de dizer isso!? - Stella balançou Terra pelos os ombros com uma das mãos, também aflita. - Não está ajudando!

Sky e Musa, percebendo o silêncio de Ully, se aproximaram rapidamente da de cabelos escuros. O especialista se colocou também de frente à namorada, puxando o rosto da mesma com as mãos, fazendo seu olhar vidrado no corpo da mulher se virar para os seus olhos claros e preocupados.

- Lily... - sussurrou. - Está tudo bem - tentou afirmar, mesmo sabendo ser mentira. - Precisamos sair daqui.

- No dia que ela morreu - Ully soltou, confundindo o loiro. - Eu não estava lá. Eu e Musa havíamos brigado, eu me recusei a estar perto dela e... aí, a minha mãe morreu.

- Lily - chamou Musa, não sabendo qual a relevância do desabafo momentâneo.

- Ela costumava dizer que éramos especiais - continuou, ignorando a gêmea e com os olhos perdidos fincados no garoto à frente. - Que seríamos grandes. Que o mundo seria nosso. Ela dizia que éramos boas. Que... seríamos melhores do que ela.

- Vamos embora daqui - Musa tinha os olhos marejados, tentando puxar a irmã do lugar com uma das mãos.

Sky parecia cada vez mais confuso, as fadas ao redor igualmente perdidas. Todos com os corações acelerados, sem saber ao certo como seguir daquela situação em diante.

Rosalind estava morta.

Era tudo o que eles queriam e, no momento se sentiam horríveis por isso. Como alguém poderia desejar a morte de outro alguém?

Como poderiam sentir-se tão aliviados?

- Eu deixei a minha irmã sozinha com a minha mãe morrendo - prosseguiu a fada da mente. - Eu fui egoísta a minha vida toda. Eu ajudei a matar alguém, eu... não sei mais quem eu sou. Não sei mais quem eu sou faz muito tempo, mas eu sei que não sou uma pessoa boa.

Ully via tudo.

Era o seu próprio filme, em sua própria mente.

A perda da mãe. As brigas com Musa. Tudo parecendo perdido. Então, sua entrada em Alfea. Seu novo lar se formando. Seus amigos se tornando parte do seu mundo. Seus amigos se tornando o seu mundo. As coisas parecendo andar pelo o caminho certo e aí: tudo se perdendo de novo.

E de novo.

Ela se perdendo.

Quem ela era, afinal? Essa era a pergunta que se fazia desde o começo daquele ano desastroso. Nem todo silentium do mundo havia a feito se redescobrir.

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora