066.

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Tudo que Ully pensava no momento, envolvia algum tipo de problema. Sua relação com todos andava conturbada e a fada da mente apenas tentava se lembrar em que momento deixou que as coisas se afundassem dessa forma.

Se isolando o resto do dia, a de cabelos escuros tentou tirar um tempo para organizar sua mente, passando boa parte do lado de fora, respirando o ar puro e com seu livro velho em mãos.

Quando a noite bateu em sua porta, Ully decidiu que seria melhor entrar. Verificando o celular pela milésima vez, a fada notou que Sky não havia mandando mais nenhuma mensagem, desde a hora do almoço.

O especialista estaria de guarda naquela noite e disse que quando pudesse, entraria em contato com a namorada. A garota, por sua vez, tentava não se preocupar, lembrando das palavras do loiro.

Mas, o pingo de angústia em seu coração, deixava as dúvidas rodearem sua cabeça. Desviando o caminho dos corredores, Ully só se deu conta do que fazia, quando ouviu-se tocar a porta do quarto dos garotos, três vezes seguidas.

Riven não demorou ao abri-la, aparecendo com um moletom acinzentado, os cabelos bagunçados e o rosto amassado pelo sono. Ao ver Ully parada em sua frente, com um livro em mãos e a expressão aflita, o especialista tentou se colocar em modo alerta.

- Lily?

- Sinto muito por te acordar - murmurou. - É que... hum, você tem notícias do Sky? Não quero parecer uma namorada paranoica, nem nada. É só que...

- Ele está de guarda hoje, achei que tivesse te avisado - explicou, confuso.

- Sim - concordou a garota. - Quer dizer, ele me avisou, mas... - tentou dizer, se embolando nas palavras. Sua preocupação aumentava a medida que pensava em Sky. Entretanto, balançando a cabeça de forma negativa, Ully sentiu-se uma idiota. - Não é nada, esquece... Boa noite, Riv.

A fada da mente se virou, determinada a voltar para sua suíte. Por mais que tivesse aprendido a sempre confiar nos seus instintos, havia algo dentro dela que agia contra tudo àquilo.

Sky estava em Alfea, afinal. Dentro da barreira e, tecnicamente, isso devia bastar para deixá-lo seguro - tentava se convencer.

- Ei, espera - segurando a amiga pelo braço, Riven fez com que ela parasse mais uma vez, o encarando em seguida. - Você está bem? O que aconteceu?

Ully suspirou.

- Estou sentindo... perigo - respondeu, incerta. - Não sei ao certo, só estou sentindo como se algo estivesse errado. Mas, pode ser apenas uma loucura da minha cabeça, Sky está em casa e estamos seguros aqui.

O acastanhado franziu o cenho.

- Desde quando você dúvida de si mesma? - questionou, rindo nasalado. Ully deu de ombros, desviando o olhar. - O que aconteceu com o batalhão no ano passado, não te ensinou nada?

A de cabelos escuros sentiu um frio percorrer sua espinha. Talvez, apenas não quisesse acreditar que mais uma vez, estivesse certa sobre algo tão grande quanto o que rolou no batalhão, da última vez.

- Vou pegar minhas coisas - anunciou Riven. - Vamos ir ver se Sky está bem e depois você pode ir dormir tranquila, okay?

Ully assentiu, se dando por vencida.

•••

Novamente do lado de fora, a fada da mente andava sob o céu estrelado. Ao seu lado, Riven mantinha os passos firmes, seguindo até onde sabia que Sky estaria de guarda.

Ully, depois de deixar o livro na suíte dos garotos, podia ter um acesso melhor ao se movimentar, atenta à tudo em seu redor.

De longe, os dois amigos podiam avistar o local onde, supostamente, o especialista procurado estaria. Enquando checavam com os olhos espertos, um vento forte chicoteou o ar, fazendo o frio arrepiar suas peles pouco cobertas.

Riven não ligou, continuando seu trajeto normalmente. Ully, apesar de tentar fazer o mesmo, pôde sentir além do vento gelado, uma presença estranha ao longe - no lado oposto do que seguiam.

Discretamente, a fada se apressou ao sussurrar para o amigo:

- Tem alguém aqui.

O especialista diminuiu os passos, passando os olhos esverdeados em ambos os lados. Ully então virou-se para trás, a tempo de ver uma sombra cobrir a luz que a lua emitia, à menos de um metro de distância.

Confusa e entrando em modo alerta, a garota ajeitou a postura, se prontificando em colocar-se à postos. Porém, quando deu um passo para trás, afim de cutucar o amigo com os cotovelos, o vento frio cortou mais uma vez o ar.

Junto com ele, o som de folhas secas se chocando no chão puderam ser ouvidas. Ully não teve muito tempo de raciocinar, antes de sentir uma dor lacinante em sua cabeça.

Algo parecido com as dores que sentira no começo do ano. Que - segundo Beatrix, era Rosalind tentando impedi-la de usar seus poderes em cem por cento -, só que dessa vez, parecia mil vezes pior.

Segurando um grito em sua garganta, a fada sentiu suas vistas ficarem turvas. Levando as mãos em direção ao local onde a dor se espalhava, Ully curvou o corpo, ajoelhando-se no chão.

Riven se virou de imediato ao notar o que ocorria, suas armas em mãos. E, mesmo sabendo que havia algo errado, não conseguia ver nada. Ainda em modo de combate, o especialista tentava achar algo com o que pudesse lutar, ouvindo os lamentos de dor vindos da amiga.

- Que porra é essa? - perguntou, confuso. O ar continuava rodando, mas, nada podia ser visto - nada além da sombra escura que os rodeava.

Abaixando-se para ficar na altura de Ully, o garoto tentou tocá-la - falhando. Com um gesto rápido, a fada da mente tentou desviar-se do amigo, como se seu toque pudesse intensificar a dor que sentia.

- Faz parar - pediu ela. - Faz essa merda parar!

- Eu não sei como! - Riven se desesperou, não sabendo como reagir.

Um som alto se espalhou pelo ambiente. Virando-se como reflexo, Riven sentiu algo forte acertar sua cabeça. Em menos de segundos, o corpo do especialista estava jogado ao lado do da fada, desacordado.

Ully teve o mesmo destino, rendendo-se a dor e a escuridão que lhe tomou.

••••••

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora