050.

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Após o encontro com Riven pelos corredores, os dois amigos seguiram seus caminhos. Agora, Ully se encontrava parada em frente à porta da suíte de Beatrix, criando coragem o suficiente para bater.

Depois de ouvir o que a fada do ar tinha a dizer, não teria mais volta. E, por mais que àquilo fosse justamente o que queria, ainda sim se sentia receosa.

- Okay - disse a si mesma, erguendo a mão em um gesto rápido, batendo duas vezes seguidas.

Demorou um pouco mais de um minuto para a figura de Beatrix aparecer, o olhar confuso pairando sobre a fada da mente parada ali.

- Por essa eu não esperava mesmo - brincou, ainda sem acreditar que Ully estava em sua porta.

A de cabelos escuros suspirou, mais uma vez reunindo forças para fazer o que tinha que fazer. Encarando a outra fada de forma firme, pediu:

- Podemos conversar?

Beatrix revirou os olhos.

Não porque queria ser mal educada, mas porque sabia do que iria se tratar a conversa. Desde que decidiu dar à Ully o livro e mandar uma mensagem para ela, sabia que teria como consequência uma fada da mente curiosa às suas costas.

Mas, pensou que poderia evitá-la, de qualquer forma. Isso até ela aparecer em sua porta.

- Olha, eu não tive um dia muito legal e...

- Bom, então somos uma multidão, já que é muito difícil alguém ter um dia bom em Alfea, ultimamente - retrucou Ully. - Sinceramente, Beatrix, é tão estranho para mim quanto é para você, acredite.

- O que quer que eu diga? - a fada do ar perguntou, a voz abaixando até virar um sussuro. - Tudo que eu podia fazer para te alertar, eu fiz.

- Me alertar de quê!? - também sussurou a de cabelos escuros em resposta.

Beatrix olhou para os lados, segurando no braço da garota à sua frente e a puxando para dentro do quarto, fechando a porta com os pés.

- Quer que eu seja mais específica como? - disse, o tom voltando ao normal depois de se sentir segura. - Ela quer você do lado dela!

- E pra que? Isso não faz o menor sentido, Beatrix! - Ully ainda não entendia o que estava acontecendo.

O que Rosalind poderia querer com ela?

- Você é tão inteligente para quase tudo, fada da mente - respondeu, cruzando os braços e sorrindo de lado. - E ainda sim, não consegue ver o que está rolando bem debaixo do seu nariz?

Ully permaneceu em silêncio, parada em pé e cheia de dúvidas.

- Sei que me odeia por não conseguir me ler - continuou Beatrix. - Que vive se martirizando, se culpando por não ser o suficiente para lidar com seus poderes - andou em passos lentos até a garota, o sorriso ainda em seu rosto. - E se eu te disser que você não tem nada a ver com isso, hum?

- O que...?

- Rosalind está te controlando - revelou. - Desde que eu entrei aqui, ela mexe com sua mente. Ela quem evita que você entre na minha mente ou na mente de quem está perto dela o suficiente para saber de seus planos idiotas.

Ully escutava tudo com atenção, a respiração acelerando a cada palavra.

- Teve sonhos? - perguntou, já sabendo a resposta. - Ela estava lá o tempo todo. Ela está aí o tempo todo, Ully! Tem dores de cabeça, não é? É seu poder lutando contra o dela.

- Não... - negou a fada da mente, balançando a cabeça para os lados.

- É por isso que ela te quer ao lado dela - Beatrix finalmente estava a apenas alguns centímetros da outra garota, que tinha o olhar perdido a essa altura. - Porque seu poder é tão grande que tem forças o suficiente para lutar contra o dela... isso a intimida.

Nada mais parecia importar. Ully passou meses se repreendendo por não conseguir exercer de forma correta seu poder, para no final descobrir que havia alguém tentando literalmente controlar seus dons.

Era extremamente assustador pensar que durante todo esse tempo, ela estava lá. A sensação de alguém segurando-a, impedindo sua mente de trabalhar como devia, não era apenas uma sensação agora.

Rosalind esteve ali o tempo todo.

Ela estava ali agora.

- Preciso ir.

Ully andou depressa até a porta mais uma vez. Beatrix foi atrás da garota, segurando em seu pulso antes que ela pudesse se afastar.

- Sinto muito, Ully.

- Você sempre soube? - a fada da mente encarou-a novamente.

Beatrix acenou positivamente. Era estranho para a fada do ar, mas uma onde de culpa a inundou, fazendo seu coração pesar no peito.

Se desvencilhando do toque da garota, Ully saiu pela porta, sentindo os olhos arderem conforme as lágrimas se formavam.

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𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora